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21/06/2018 às 09h18min - Atualizada em 21/06/2018 às 09h18min

PM registra 19 furtos e roubos de celular por dia em Uberlândia

Procon afirma que seguro para aparelhos é uma "cilada"

NÚBIA MOTA | REPÓRTER
Ter um celular roubado ou furtado é sinônimo de dor de cabeça. Além do prejuízo financeiro, as vítimas perdem dados importantes, têm que registrar a ocorrência e ligar na operadora para solicitar o bloqueio do aparelho. Segundo dados da Polícia Militar (PM), até abril deste ano, foram registrados 19 roubos e furtos por dia em Uberlândia, 26% a menos do que o mesmo período do ano passado. Por outro lado, o número de aparelhos recuperados e devolvidos ao dono caiu 23%. 
Segundo o major Rodrigo Brasil, assessor de imprensa da Polícia Militar em Uberlândia, a queda destas ocorrências se deve à intensificação das ações da corporação, como a ampliação do patrulhamento. Ainda de acordo com o policial, houve redução do efetivo administrativo, com parte dos homens deslocados para as ruas.  
Mas apesar do trabalho da PM, o major Rodrigo disse que é preciso que o cidadão também tenha mais atenção para se resguardar dos criminosos, que veem nos celulares uma moeda fácil de troca, principalmente para a compra de drogas. “[O cidadão] Deve evitar ficar com celular à mostra, sair com o aparelho na mão, porque chama a atenção daquele infrator que já sai de casa com a intenção de praticar este tipo de crime”, afirmou o policial. 
“Eu bobeei”, disse a estudante Anna Paula Lemos, que foi assaltada, na última sexta-feira (15), e teve o celular levado enquanto saía da faculdade, no bairro Jardim Karaíba, na zona sul da cidade. Sozinha na rua, à noite, a estudante foi um alvo fácil para dois assaltantes, que chegaram a agredi-la fisicamente quando ela se negou a entregar o aparelho que estava no bolso de trás da calça. “Eu tentei enrolar para ver se alguém aparecia para me ajudar, porque estava bem movimentado na hora, mas um deles cravou a unha na minha mão, puxou meu cabelo e começou a me xingar. Ele não estava armado, mas eu tive que entregar”, disse ela. 
Anna Paula não chegou a registrar Boletim de Ocorrência (BO) porque no site da Delegacia Virtual do Estado de Minas Gerais constou que o objeto já tinha sido registrado em outro crime. O que demonstra que, além dos crimes informados pela PM, há outros casos que sequer são denunciados. Ainda de acordo com a estudante, as características de um dos assaltantes batem com a do homem que roubou uma colega dela dentro da biblioteca da faculdade. “Ele pediu uma caneta e, quando ela se virou, ele pegou o celular que estava carregando e correu. Acho que ele fica por ali, cometendo o mesmo tipo de crime”, afirmou.

BLOQUEIO  

Segundos dados da Algar Telecom, 2.971 aparelhos foram bloqueados em 2017 por perda ou roubo depois da solicitação dos clientes da operadora, enquanto em 2016 foram 3.607 bloqueios, o que representa uma redução de 17%. No primeiro trimestre deste ano, foram 560 bloqueios.
A empresa de telefonia, em nota, disse que é importante que o cliente anote e guarde em local seguro o número do Imei (código de identificação) do aparelho, que deve ser informado para solicitação de bloqueio. Para descobrir essa numeração, basta digitar no teclado do aparelho *#06# e aparecerá um número na tela.
Com a solicitação de bloqueio, a operadora faz o registro do aparelho perdido ou roubado no Cadastro de Estações Móveis Impedidas (Cemi), bloqueando o acesso do celular às redes das prestadoras móveis, um procedimento padrão para todas as operadoras. 
Ao ser registrado no Cemi, o celular não fará mais ligações e não permitirá nenhuma comunicação utilizando o pacote de dados móveis dessas redes do Brasil e de mais 57 prestadoras em 19 países, com os quais as prestadoras brasileiras têm acordo de integração. 

SEGURO

Os seguros de furto e roubo para celulares são, na verdade, uma cilada, segundo o Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). De acordo com o órgão, os furtos de celular em ambientes com aglomerações, como festas, shows e eventos esportivos, ou mesmo na rua, por exemplo, em que a vítima não sofre ameaça e sequer percebe o crime, são classificados como furtos simples e não estão cobertos.
O consumidor também perde o direito à indenização se demonstrar “negligência em usar de todos os meios comprovadamente ao seu alcance para evitar os prejuízos cobertos, durante ou após a ocorrência de qualquer sinistro”. Em outras palavras: a seguradora pode negar qualquer cobertura alegando “negligência” do cliente. “Diante de tais restrições, fica a pergunta: por que fazer um seguro de celular se o consumidor dificilmente será ressarcido, caso precise? Ao comprar um aparelho na loja, os clientes frequentemente são incentivados a adquirir o seguro, com argumentos muitas vezes falsos e cheios de omissões”, disse o coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa.
A ausência de informações objetivas é motivo para questionamentos nos Procons e na Justiça, com base no Código de Defesa do Consumidor. “Se o consumidor não é alertado sobre todos os riscos, restrições e exclusões previstos pelo contrato de seguro, a venda desse serviço é desonesta, com evidente má-fé, e pode ser contestada judicialmente”, informou Marcelo Barbosa. O consumidor que se sentir lesado deve procurar o Procon do município e, se necessário, ingressar com uma ação na Justiça.

Quantidade de aparelhos celulares roubados em Uberlândia*
 
  Janeiro Fevereiro Março Abril Total
2017 504 464 527 420 1.915
2018 328 261 312 252 1.153
 
Quantidade de aparelhos celulares furtados em Uberlândia
 
  Janeiro Fevereiro Março Abril Total
2017 370 267 316 306 1.259
2018 304 241 303 206 1.108
 
Quantidade de aparelhos recuperados em Uberlândia
 
  Janeiro Fevereiro Março Abril Total
2017 14 10 16 32 72
2018 10 14 12 19 55
 
*Dados da Polícia Militar de Uberlândia
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