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07/05/2018 às 07h59min - Atualizada em 07/05/2018 às 07h59min

Abertura de empresas melhorou, mas cenário não inspira euforia

Até março 703 novas empresas foram registradas pela Jucemg em Uberlândia, enquanto 509 fecharam

VINÍCIUS LEMOS | REPÓRTER
Maurício Alvarenga investiu neste ano em uma loja de calçados no bairro Shopping Park | Foto: Vinícius Lemos
 
O saldo de abertura de empresas no primeiro trimestre de 2018 em Uberlândia mostrou um incremento sensível se comparado a igual período de 2017, quando a diferença de constituições e fechamentos foi de estagnação quase que completa. Entre janeiro e março deste ano, houve 194 empresas abertas a mais que as fechadas, de acordo com dados da Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg). Nos três primeiros meses de 2017, esse número não passou quatro constituições a mais que extinções de negócios no Município. O momento, entretanto, não pode ser considerado de euforia, mas de retomada econômica com precaução, segundo especialistas consultados pelo Diário de Uberlândia.

Neste ano 703 novas empresas foram registradas pela Jucemg em Uberlândia até março, enquanto 509 deram baixa no órgão. O resultado é o melhor em cinco anos para o período, principalmente se comparado ao primeiro trimestre de 2017, quando 469 empresas foram abertas e 465 se fecharam. O Município foi o segundo melhor no período no Estado, perdendo apenas para a capital, Belo Horizonte, onde quase aproximadamente 2,5 mil empresas se constituíram formalmente em três meses.

Os motivos variam do otimismo em relação à política econômica do País em si à solidez de novos negócios recentes. Segundo o economista Benito Salomão, em 2017 havia início de governo Temer e ainda a desconfiança sobre o que seria feito em relação à crise pela qual o País passava desde 2014. Para ele, melhor sinal do que a constituição de novos negócios formais é a redução proporcional do fechamento de empresas e ele pondera em relação ao cenário que virá com eleições. “O mercado mostra aquecimento nas contratações, há um avanço, mas sobre ser propício à abertura de novas empresas ainda há muitas dúvidas sobre as eleições para presidência em outubro. A constituições de novas aberturas em si não significam muita coisa, pois muitas delas que apresentavam problemas financeiros, encerram o CNPJ e abrem um novo”, explicou.

Salomão ainda salientou que estruturalmente, Uberlândia não mostrou grandes mudanças e que comércio e serviços continuam à frente nas contratações e abertura de empresas. Na visão do economista, abertura de supermercados e serviços de subsistência, exceto no que diz respeito a tecnologia da informação (TI) e serviços hospitalares, são os principais novos negócios na cidade. Para ele falta um grande investimento recente e há capacidade ociosa, seja em shoppings ou mesmo em pontos de concentração comercial, como no Centro da cidade.

SOLIDEZ

O consultor do Sebrae, Marcílio Ribeiro, também vê com bons olhos os números de aberturas de empresas na cidade, mas diz que a procura por ajuda na instituição é de empreendedores mais conscientes e com pé no chão. “O que temos são projetos que estavam na gaveta sendo retomados. Muita gente estava com medo e agora está mais otimista. Há empreendedores por necessidade, mas ele chega mais realista”, disse.

Ele afirmou que nesse momento a solidez depende de haver capital até que a empresas atinja o ponto de equilíbrio entre gastos e ganhos e de sua estrutura de custos. O conselho é evitar negócios que dependam puramente de uma sazonalidade ou que mostrem possibilidade de continuar após determinado período. Começar, então, com uma estrutura enxuta e não focar em gastos que poderão ser feitos depois é o primeiro passo sólido a ser dado, de acordo com os conselhos de Marcílio Ribeiro.

PREFEITURA

Seguido do resultado de abertura de empresas em Uberlândia, desde o último mês, a Prefeitura destaca suas ações na desburocratização para que esse processo seja facilitado. Ações de marketing mostram recordes de abertura de empresas nos últimos cinco anos e como a cidade foi a que mais contratou no Estado e a oitava no País em 2017, segundo números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

À reportagem do Diário, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Dilson Dalpiaz, destacou redução do ISS e incentivo a setor cervejeiro, como medidas de incentivo de negócios. A pasta apontou que em março deste ano, a cidade melhorou o prazo médio para abertura de empresas na cidade, chegando a seis dias em média. Isso sendo que quase 60% destas constituições ocorreu em três dias e o recorde de abertura para uma empreendimento foi de 4h27, neste mês. “Estes prazos dependeram de planejamento, desburocratização, digitalização de processos, e maior integração de com outras entidades, como Jucemg, Corpo de Bombeiros, Anvisa ou Vigilância Sanitária”, explicou Dalpiaz.

Empresas de tecnologia a serem instaladas em Uberlândia terão alíquota reduzida para 2% no Imposto Sobre Serviço de Qualquer natureza por 10 anos, de acordo com projeto apresentado em 2017 e sancionado posteriormente pelo Executivo. “Criamos também a lei específica de incentivo às cervejarias artesanais. A lei era a mesma para uma grande empresa do ramo e hoje é escalonado, começando como MEI, ou facilitando com relação à restrição urbanística (para montagem de fábricas e brewpubs)”, afirmou o secretário.

EMPREENDIMENTO

Empresário há cerca de 10 anos na cidade de Uberlândia, Maurício Alvarenga de Mattos, que já tinha negócios no Centro de Uberlândia, resolveu montar uma nova loja no bairro Shopping Park, na zona sul da cidade. Dessa vez ele resolveu apostar no ramo de calçados e no crescimento daquela região. Em fevereiro deste ano, então, a loja abriu as portas aproveitando a localização de um centro comercial na entrada do bairro. Os resultados, por enquanto, são satisfatórios. “Buscamos empreendimento novo, público diferente do que tem no centro da cidade e principalmente perspectiva de negócio futuros, com o crescimento do bairro e região”, disse.

Vindo de resultados modestos durante a crise, a perspectiva para 2018 passa pela política do País e no que poderá haver de novidade na política econômica para o próximo ano. “Em 2017 conseguimos sobreviver, sem crescimento, mas deu para perceber que em 2018 com perspectiva de crescimento e ampliação para 2019. Mas tudo depende da política, não tem jeito. Muitos dos nossos produtos são importados e depende da politica externa, do câmbio, além da recente da reforma trabalhista e outras questões, como as fiscais”, afirmou Maurício de Mattos.

Abertura e fechamento

2018 – Janeiro a Março
703 novas empresas registradas
509 deram baixa no órgão
Saldo positivo: 194 empresas abertas

2017 - Janeiro a Março
469 novas empresas registradas
465 deram baixa no órgão
Saldo positivo: 4 empresas

Dados: Jucemg
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