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23/04/2018 às 16h24min - Atualizada em 23/04/2018 às 16h24min

Ipê Cultural desenvolverá projeto na rede estadual

ONG será homenageada na Câmara de Vereadores por sua contribuição no desenvolvimento sustentável de Uberlândia

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA

O Instituto Ipê Cultural começa sua segunda década em Uberlândia com foco cada vez mais forte no desenvolvimento social em ligação direta com sustentabilidade. Inaugurado em setembro de 2007, a ONG recebe nesta terça-feira (24), às 9h, na Câmara Municipal de Uberlândia uma homenagem por sua contribuição para o desenvolvimento sustentável da cidade.

Para um dos fundadores do Ipê Cultural, Antônio Pedro Costa Neto, mais do que celebrar os dez anos de contribuição é importante pensar e trabalhar pelos próximos que estão por vir. “Iniciamos nossa segunda década com orgulho do que já foi alcançado e a certeza que há muito mais a se fazer”, afirmou em entrevista ao jornal Diário de Uberlândia.

Ainda nesta terça, a homenagem na câmara marca o lançamento de uma parceria articulada pelo vereador Roger Dantas entre a ONG e o Ministério Público do Meio Ambiente que vai levar o projeto piloto “Ipê nas Escolas” para a rede estadual de Uberlândia.  As escolas estaduais selecionadas são a Frei Egídio Parisi (Santa Mônica), Mário Porto (Jardim Canaã), Jardim das Palmeiras, Ignácio Paes Lemes (Martins) e João Resende (Custódio Pereira).

As atividades serão realizadas entre maio e agosto desse ano por meio de uma gincana sustentável realizada entre as escolas escolhidas para a iniciativa, com participação de jovens na faixa etária de 15 a 17 anos, que estão no último período da educação básica. “Esses jovens passam por um processo de conscientização e empoderamento de ferramentas para o exercício de uma cidadania ativa e integrada às práticas de ecologia, de inclusão social, de dinamismo cultural, de empreendedorismo econômico e responsabilidade fiscal”, diz a nota sobre a ação.

O Instituto estima que os 100 jovens formados pelo projeto vão gerar impacto em um público indireto de 10 mil pessoas, incluindo suas respectivas escolas e bairros. Além disso, espera-se que sejam destinados corretamente cerca de 20 toneladas de resíduos sólidos recicláveis e a arrecadação de mais de 10 toneladas de alimentados para comunidades carentes.

Outro projeto do Ipê Cultural, o “Recicla Cerrado”,  beneficia mais de 11 mil famílias. “Elas cuidam do material reciclado e trazem para a ONG algo em torno de 6 ou 7 toneladas de recicláveis por mês. Esse número já chegou a 11 toneladas. O dinheiro que arrecadamos, que antes era literalmente jogado fora, é usado para a educação, rende de cinco a seis bolsas de estudo para faculdades”, disse.

A diminuição desse volume ele credita à conscientização das próprias famílias que aprendem a consumir melhor.

O projeto “Ipê nas escolas” conta ­com os parceiros da área contábil e apoiadores do Instituto Ipê: Rec Transportes, Guaraná Mineiro, SEAP, Maqnelson, Contra-Mestre e Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

EXEMPLO

Antônio Pedro Costa Neto, do Ipê Cultural, afirma que ao tirar cerca de 100 adolescentes de uma situação de vulnerabilidade social e devolvê-los à sociedade capacitados para melhorar o ambiente em que vivem é o principal mérito da ONG. “Nossa sede já recebeu visitas de adolescentes de mais de 18 países, tem uma área na qual trabalhamos a bioconstrução, a energia limpa e é uma ONG sem dono, tudo aqui foi construído sem ajuda do poder público”, disse.

Aos 29 anos o uberlandense Paulo Botelho realiza o sonho de cursar Arquitetura e Urbanismo, curso com o qual se identifica desde criança. Hoje ele é gerente de design da ONG Ipê Cultural, onde entrou em 2009, então com 20 anos. “Comecei como oficineiro dentro do projeto e fui crescendo. Sempre gostei de criar, inovar, transformar em algo útil e bonito coisas nas quais ninguém mais conseguia ver beleza”, disse ele ao jornal Diário de Uberlândia.

“A continuidade do projeto rende esses frutos. Tiramos esses jovens de uma situação vulnerável e os devolvemos como cidadãos formados e conscientes. Estamos falando de 100 pessoas num universo de 100 mil, porém, cinco dos nossos universitários são os primeiros da geração de suas famílias a chegarem à faculdade, isso é transformação social”, comentou Antônio Pedro.

A princípio, a oportunidade de trabalhar com arte possibilitou a Paulo Botelho vislumbrar um futuro mais promissor. “No início o foco não era o que trabalhamos hoje, era apenas artesanato feito com embalagens e fitas de garrafa pet. Mesmo assim me identifiquei. Infelizmente, por falta de verba, 13 das 14 pessoas que integravam o projeto tiveram que sair depois de seis meses”, contou ele, morador do bairro Santa Mônica.

Porém, em 2011 ele retornou, começou a coordenar o artesanato e em 2012 viu a oportunidade de ir além. “Foi quando comecei a trabalhar com madeira proveniente de pallets reaproveitados. A ideia veio de uma necessidade de construir a acessibilidade do espaço verde da ONG. Comecei com prego, martelo e serrote, aprendi a fazer tudo que eu sei sozinho, estudando, pesquisando, até chegar no nível em que estamos, ainda falta muito pra melhorar, mas estamos chegando lá”, disse Botelho.

Ele afirma ter crescido como pessoa e profissional na ONG. “Aprendemos a trabalhar e a valorizar o planeta. Se não fosse pelo Ipê talvez não iria ter a oportunidade de fazer uma faculdade, algo que sempre quis. Desde o início eu queria mostrar para as pessoas que é possível mobiliar a casa com móveis e peças ecológicas e dar outro significado pro que era apenas lixo para muitos”, contou ele que sonha com um sociedade menos consumista e mais sustentável.
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