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23/03/2018 às 18h09min - Atualizada em 23/03/2018 às 22h09min

UFU adere à Ebserh para gestão do Hospital de Clínicas

Reunião aconteceu nesta sexta-feira, na Reitoria, e durou quase sete horas

VINÍCIUS LEMOS | REPÓRTER

Por meio de votação no Conselho Universitá- rio (Consun), ontem, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) decidiu que o Hospital de Clínicas (HC-UFU) fará a adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Ainda não há prazo para que a transferência de gestão aconteça, mas nos próximos dias haverá a discussão do contrato, que inclui tratativas sobre o passivo trabalhista com servidores contratados via atual administradora, a Fundação de Assistência, Estudo e Pesquisa de Uberlândia (Faepu), e dívidas com fornecedores. Somados estes itens, o montante a ser negociado supera os R$ 110 milhões. Também entram em discussão os meios de absorver cerca de 1,3 mil trabalhadores.

A adesão foi confirmada com 78 votos favoráveis e 42 contrários, além de 10 abstenções, durante a reunião do Consun, que durou cerca de seis horas, na Reitoria da UFU. O ponto de partida foi o relatório de uma comissão que recomendou que o HC-UFU fizesse parte da rede da Ebserh. Após uma série de discussões, o mérito foi apreciado e a decisão seguiu a pré-adesão votada e aprovada ainda em 2014. A reunião de ontem era para convalidação da discussão que começou ainda em 2012. Representantes do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia (Sintet) e da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Uberlândia (Adufu) foram contrários à adesão.

O objetivo é resolver os problemas financeiros do hospital escola, que gera entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões de déficit mensal em seu custeio. Além disso, a expectativa é também resolver questões de maquinário, que devido a sucateamento, custaria até R$ 5 milhões para a recuperação total com a soma de valores de manutenção. A negociação com a empresa de serviços hospitalares ainda terá como pauta a adequação do número de servidores no HC-UFU, hoje considerado insuficiente. O quadro de 3,5 mil trabalhadores precisaria ser 40% maior, chegando a 4,9 mil servidores.

“Com a Ebserh, em um ano é possível alcançar o equilíbrio [da situação financeira do hospital]”, disse o diretor geral do HC-UFU, Eduardo Crosara Gustin. As compras em grande quantidade dentro da rede da empresa, que garante valores mais baixos, pode ser uma saída.

A transição que vai ser proposta é de 36 meses, de acordo com o relatório apresentado na reunião de conselho. O reitor Valder Steffen Júnior espera a entrega de um diagnóstico do HC feito por representantes da Ebserh que estiveram em Uberlândia. A partir daí, as negociações acontecem de fato.

A UFU era uma das três únicas universidades com hospitais escola fora da rede da empresa de serviços hospitalares, ao lado das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e de São Paulo (Unifesp).

Em nota, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares explicou que as conversas continuam com a UFU e que o relatório de avaliação do HC estará pronto ainda em abril.

A Ebserh é vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e foi criada em 2011. Ela é responsável pela gestão do Rehuf e atua a partir de contrato firmado com as universidades. A UFU é a 40ª universidade a optar pela adesão.

PASSIVO TRABALHISTA

Valder Steffen ainda garantiu que não vai haver demissão em massa dos funcionários da Faepu e que é possível manter a fundação mesmo com a gestão do HC-UFU transferida. 

“Queremos preserva-la e poderá ser aproveitada com a prestação de serviços que a Ebserh não agrega, como a bioengenharia, por exemplo, que cuida para que equipamentos como os de UTI continuem funcionando. Exames clínicos a Ebserh tipicamente não realiza e a Faepu poderia receber por isso”, disse.

Sobre o passivo trabalhista, que chega a quase R$ 70 milhões, o reitor da UFU explicou que ele não será pago com venda de parte do patrimônio da Faepu. Para isso, tanto a Reitoria quanto a direção do HC-UFU esperam ser possível negociação de repasses mais robustos do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf). No ano passado, o programa federal destinou R$ 34 milhões ao hospital escola da UFU, enquanto em 2018 o valor será de R$ 41 milhões, com a previsão de chegar a R$ 60 milhões em 2019.

De acordo com determinação que partiu de ação do Tribunal de Contas da União, hospitais universitários não podem manter em seu quadro servidores que não forem concursados e por isso os trabalhadores contratados via Faepu precisariam ser dispensados, mesmo que sejam reabsorvidos depois via concurso.

SAMU

A adesão à Ebserh não muda a negociação sobre o Samu na região do Triângulo Norte, que, segundo a direção do HC-UFU, segue à espera da finalização das obras de ampliação da unidade.

A abertura de 249 novos leitos na construção que hoje está parada é considerada essencial para que o serviço de transporte de emergência funcione na região.
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