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08/03/2018 às 05h29min - Atualizada em 08/03/2018 às 05h29min

Partidos disputam nomes para eleição

Temporada de filiação visando candidaturas vai até 7 de abril; trocas de legenda já começaram

WALACE TORRES | EDITOR
Reunião organizada pela Aciub teve a presença da maioria dos partidos com representação na cidade | Foto: Divulgação

Está aberta a temporada de caça a potenciais nomes que pretendem disputar as eleições deste ano por um partido diferente do qual está filiado, especialmente no caso de deputados que terão 30 dias contados a partir de hoje para trocar de legenda sem o risco de punição. A chamada janela partidária – ou “janela da infidelidade” como alguns apelidaram - começa neste 8 de março e vai até 7 de abril. Esse prazo vale também para todos os interessados em disputar o pleito deste ano e que atualmente não têm mandato eletivo – desde a reforma eleitoral de 2015, o prazo mínimo para filiação foi reduzido de um ano para seis meses.

Em Uberlândia, a expectativa é que a eleição deste ano tenha um número crescente de concorrentes, uma vez que será o último pleito em que será permitida a coligação para a disputa proporcional. “Os partidos (direção nacional) estão exigindo que lancem candidatos em todos os municípios com mais de 200 mil eleitores, visando fortalecer as legendas”, diz o presidente do PMN em Uberlândia, José Manoel Pacheco. O próprio PMN deve lançar dois candidatos da cidade. Para federal, o mais cotado é o ex-secretário de Trânsito e Transportes Alexandre Andrade, que estava no PSB, mesmo partido pelo qual o deputado federal Tenente Lúcio deverá tentar a reeleição. Além de Andrade, o PMN tenta confirmar a filiação do vereador Wender Marques, que também está de malas prontas para deixar o PSB, para a disputa a deputado estadual.

O caso de Marques não se enquadra na janela partidária. Nesse período, os deputados que tentarão a reeleição podem trocar de partido sem sofrer nenhum processo interno de perda do mandato por infidelidade, uma vez que a nova legislação (feita por eles) prevê essa mudança sem risco de perda de mandato. Já no caso de vereadores que tentarão a eleição para deputado estadual ou federal, a substituição de partido esbarra nas regras da fidelidade partidária, ou seja, sujeitos a um processo de perda de mandato por infidelidade.

Wender Marques afirma que tem conversado com a direção para uma saída amigável e que não há risco de sofrer alguma punição. “Não tenho receio nenhum, até porque vamos fazer as coisas de maneira muito coerente”, disse o vereador. “A gente entende que eles (o PSB) têm outros projetos e eu tento encontrar neste momento outro projeto que caiba na minha envergadura política”, completa.

Ainda nos bastidores é forte a aposta na pré-candidatura à Câmara dos Deputados da secretária municipal de Governo e primeira dama, Ana Paula Procópio Junqueira. A provável candidatura de Ana Paula tem agitado as articulações no grupo de partidos aliados do prefeito Odelmo Leão. O presidente da Câmara Municipal, vereador Alexandre Nogueira (PSD), vinha trabalhando para uma candidatura a deputado federal, mas segundo fontes, recuou e até poderá abrir mão caso o nome da secretária seja confirmado. A mesma situação serviria ao vereador Roger Dantas (PEN), que também ensaiava uma candidatura a deputado federal.

Dentro do grupo do prefeito Odelmo ainda é dada como certa a candidatura de Felipe Attiê (PTB), que quer trocar a Assembleia Legislativa de Minas Gerais pelo Congresso Nacional. Ainda na base aliada do prefeito, o deputado estadual Arnaldo Silva pode deixar o PR e se filiar ao PP de Odelmo para disputar a reeleição, fazendo a dobradinha com Ana Paula, que é presidente do PP municipal.

Outro deputado estadual que poderá trocar de partido é Elismar Prado, hoje no PDT. A tendência é que ele se filie ao PROS, fazendo a tradicional parceria com o irmão e deputado federal Weliton Prado, que já se encontra nessa legenda desde o ano passado.

QUATRO NOMES

Na outra vertente política, o PT é o que tem mais pretendentes no momento em Uberlândia. São quatro nomes que colocaram a intenção de disputar as eleições de outubro, dos quais três querem a cadeira de deputado estadual: Neivaldo Lima (ex-vereador e ex-secretário de Estado de Agropecuária), o vereador Silésio Miranda e o advogado Igino Marcos. Para deputado federal o diretório local já fechou entendimento com o ex-prefeito Gilmar Machado.

A confirmação das candidaturas só virá na convenção estadual, em junho, mas o partido tenta amenizar o clima de divisão que se instalou diante de três nomes para a Assembleia Legislativa. “A gente trabalha com tranquilidade e tenta a conciliação, mas temos que pensar numa estratégia de não pulverizar os votos”, diz o presidente municipal do PT, Jakes Paulo.

O PDT também trabalha para lançar quatro nomes do Triângulo e Alto Paranaíba que sejam competitivos, sendo dois para o Legislativo Estadual e dois para o Congresso Nacional. Dois pré-candidatos já estão praticamente definidos: Juliana Vilela, que é pró-reitora de relações internacionais do IFTM, para deputada federal, e o advogado Margonari Marcos para deputado estadual. O partido em nível local está passando por mudanças para se alinhar ao projeto nacional de dar visibilidade e sustentação à pré-candidatura a presidente da República de Ciro Gomes. “O PDT em Uberlândia vai passar por uma profunda reestruturação”, disse o presidente da executiva municipal, José de Magalhães Campos Ambrósio.

REUNIÃO

Aciub cobra qualificação dos nomes que serão escolhidos

A preocupação com as eleições deste ano, que traz como ingredientes uma crise econômica e a continuidade das investigações da operação Lava Jato em âmbito nacional, extrapola o meio político e tem despertado atenção de outros setores. Pela primeira vez a Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub) organizou uma reunião em que foram convidados todos os partidos políticos com atuação na cidade para debater sobre candidaturas e propostas que contribuam para reduzir a burocracia da máquina pública nos processos dos setores produtivos.

Segundo informações da própria assessoria da Aciub, a maioria dos partidos esteve representada na reunião, que aconteceu no dia 26 de fevereiro.

Um dos pontos destacados pela diretoria executiva da associação foi a necessidade de qualificação dos nomes que serão indicados pelos partidos. A entidade também levantou a preocupação com a quantidade de candidaturas que deverão ser lançadas.

Historicamente, o eleitorado de Uberlândia tem dado boa parte dos votos a candidatos de outras regiões. Segundo cálculos de um partido, quase 15% dos votos válidos para deputado federal na cidade, tradicionalmente tem sido levados por candidatos com domicílio fora de Uberlândia. Para deputado estadual essa margem gira em torno de 13%.

Na eleição de 2014, um total de 491 candidatos a deputado federal receberam votos em Uberlândia. Para deputado estadual a disputa foi ainda mais ferrenha: 692 candidatos votados na cidade.

“Este encontro foi um momento histórico destes 85 anos da Aciub. E já adianto que foi a primeira reunião de muitas que ainda vão acontecer, pois queremos que as pessoas que vão disputar uma vaga para nos representar junto aos poderes Legislativo e Executivo, conheçam o que pensamos e as demandas que interferem diretamente no crescimento econômico e geração de empregos e oportunidades para toda a sociedade”, disse o presidente da Aciub, Fábio Pergher. “Não temos dúvida de que é necessário pensar estratégias e agir em conjunto para aumentar a representatividade da região com pessoas preparadas para exercer os cargos que irão disputar”.
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