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28/02/2018 às 21h18min - Atualizada em 28/02/2018 às 21h18min

Três servidores do Dmae são presos por fraude em obra

Segunda fase da operação deteve David Thomaz e Epaminondas Mendes, ex-diretor geral da autarquia

VINÍCIUS LEMOS | REPÓRTER
Ex-vereador David Thomaz foi denunciado por articulação de desvios de mais de R$ 8,1 mi | Foto: Walace Torres

O atual diretor geral adjunto do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), o ex-vereador David Thomaz Neto, foi preso na tarde de hoje na segunda fase da Operação Poseidon, do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Também foram detidos o ex-diretor geral do Dmae, Epaminondas Honorato Mendes, e o atual diretor técnico, Carlos Henrique Lamounier. Eles foram denunciados por articularem desvios de mais de R$ 8,1 milhões dos cofres da autarquia em favor da empresa Araguaia Engenharia.

Todos os suspeitos foram detidos por meio de mandados de prisão preventiva, durante as ações desta quarta, que ainda incluíram o cumprimento de três mandados de busca e apreensão. Com isso, seis pessoas estão presas na operação. Os demais envolvidos tiveram suas prisões convertidas de temporárias para preventivas. Manoel Calhau Neto, ex-diretor técnico do Dmae, o empresário Daniel Vasconcelos Teodoro e o engenheiro João Paulo Voss foram detidos no dia 19 de fevereiro. Os crimes investigados são os de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e peculato, os quais envolvem desvios de bem público por parte de servidores públicos.

De acordo com a denúncia dos promotores, os desvios estavam ligados a três contratos do Dmae com a Araguaia Engenharia, firmados nos anos de 2009 e 2010, com valor total de R$ 97,5 milhões, e que tinham o objetivo de ampliar a reservação de água, finalizar obras da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Uberabinha e do interceptor do Esgoto denominado Interceptor do Córrego do Óleo, além de ampliação da capacidade de tratamento de água da Estação de Tratamento de Água Renato de Freitas Sucupira.

Problemas financeiros da construtora, no entanto, a impediriam de honrar com os compromissos. As investigações mostraram, inclusive, que a empresa tinha maquiado sua contabilidade para participar das três licitações de obras do Dmae. De acordo com a denúncia do Gaeco, com as dificuldades, “os denunciados, então, se ajustaram e se associaram em quadrilha, com o objetivo de cometer crimes em prejuízo do Dmae e em favor da empresa Araguaia Engenharia Ltda."

Assim, independentemente da realização das obras Araguaia Engenharia Ltda, eram apresentadas medições como se tivessem sido cumpridos os termos contratuais por ordem de Daniel Vasconcelos e de seu funcionário e procurador João Voss. Do lado do departamento de água, os diretores Epaminondas Mendes e David Thomaz determinavam que Manoel Calhau e, posteriormente, Carlos Lamounier aprovassem as medições sem qualquer questionamento. Desta forma, informações falsas eram constadas em documentos oficiais do Município.

Os mais de R$ 8 milhões desviados, segundo o Gaeco, “se destinavam, a princípio, unicamente aos cofres da empresa Araguaia Engenhari, a qual utilizou os recursos provenientes dos crimes de peculato em sua atividade econômica.”

Procurado, o Dmae informou que não vai se posicionar, uma vez que não teve acesso aos autos da operação que levaram às últimas ações do Gaeco.

Os três presos nesta quarta foram levados para Delegacia de Plantão da Polícia Civil e depois para o presídio Jacy de Assis. Os demais continuam recolhidos na mesma unidade prisional.

POSEIDON

A Operação Poseidon partiu de uma representação protocolada no Ministério Público Estadual (MPE) pelo vereador Thiago Fernandes (PRP), em outubro do ano passado, apontando indícios de crimes praticados na execução dos contratos entre a autarquia e a empreiteira.

A representação foi protocolada depois que um vídeo mostrando o vazamento no reservatório central chegou ao conhecimento do vereador. As imagens teriam sido gravadas por um funcionário do Dmae. Os promotores do Gaeco fizeram uma inspeção no reservatório da rua Cruzeiro dos Peixotos e constataram uma perda de pelo menos 160 mil litros de água tratada por dia.

À época o próprio diretor adjunto do Dmae, David Thomaz, reconheceu que havia um problema de impermeabilização do reservatório.
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