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22/01/2018 às 19h59min - Atualizada em 22/01/2018 às 19h59min

Alimentação segura inflação em 2017

Grupo contém itens com maiores pesos e contrabalanceou alta de combustíveis em cálculo inflacionário

VINÍCIUS LEMOS | REPÓRTER
Alimentação registrou índice negativo de 1,87% durante o acumulado do ano, apontou IPCA / Foto: Vinícius Lemos

A alimentação mais barata no acumulado de todo 2017 é o elo entre o que seria uma contradição: a inflação mais baixa nos últimos 10 anos, mesmo com itens como gasolina e gás de cozinha com preços em disparada nos últimos meses do ano passado. A resposta para o aparente paradoxo está no fato de que o peso do grupo alimentação no orçamento doméstico é tão grande, que acaba por contrabalancear a alta nos demais itens dos levantamentos de preços. Para 2018, a projeção é de uma inflação que não ultrapasse os 4,3%, de acordo com o Banco Central.

A inflação em 2017, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 2,95%. Resultado 3,34 pontos percentuais abaixo dos 6,29% de 2016. É o menor número desde a taxa de 1998, que ficou em 1,65%. O acumulado entre janeiro e dezembro do último ano também esteve abaixo da meta fixada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que era de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. O índice foi surpresa para a população em geral, uma vez que, no final do período, o litro da gasolina já tinha passado a casa dos R$ 4 e o botijão de gás de 13kg chegou perto dos R$ 80.

Ao mesmo tempo, o IPCA apontou que a alimentação esteve em queda e o acumulado do grupo foi negativo, ficando em -1,87% em todo o ano passado. Se tomarmos apenas o subitem alimentação em domicílio, o índice ficou em -4,5% em 12 meses.

O que justifica o índice de 2,95% em 2017 é que o peso da alimentação no cálculo da inflação beira os 25% de todo o gasto médio do brasileiro. “A pessoa que ganha cerca de R$ 1 mil gasta a maior parte do salário para comer. Quem ganha uns R$ 3 mil tem um percentual menor para alimentação. Mas a inflação é calculada para todo mundo. Se a alimentação puxa para baixo, e o consumo de produtos duráveis não cresce e empurra os preços, tudo leva a uma inflação mais baixa”, disse o economista Leonardo Baldez.

UBERLÂNDIA

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em Uberlândia ficou em 2,82% em todo o ano de 2017. Com peso 24,86% na composição da inflação local, a alimentação também segurou o índice geral do Município e terminou o ano com variação negativa, na ordem de -1,57%.

RELATIVO

Todavia, cada pessoa precisa olhar para o próprio gasto e descobrir onde aperta mais no orçamento, uma vez que, particularmente, um item como transporte pode ser ainda mais pesado que a própria alimentação. Baldez explicou que, na realidade, a inflação particular não é a mesma do índice geral para o País. “A passagem do ônibus, que aumentou R$ 0,20 neste fim de semana em Uberlândia, pode pesar mais que a gasolina”, afirmou.

É o caso da cabeleireira Vânia Sodré, que depende do transporte coletivo para se deslocar e, por conta de cursos, vai ao centro da cidade até três vezes por semana. “Parece pouco (R$ 0,20 de aumento), mas pesa para a gente que depende, mesmo que pegue poucos ônibus”, disse.

Mais sorte teve a aposentada Eunice Naves, cujo maior gasto é com a alimentação fora de casa. “Almoço fora todos os dias e a gente percebe um aumento aqui e ali, mas no geral é possível manter”, disse.

REAJUSTE MENOR

Com alta de 1,81%, salário mínimo fica defasado

Tendo como conceito básico da inflação o aumento dos preços ao longo do tempo, o reajuste salarial só poderia ser justo se recompusesse o índice inflacionário. Entretanto, a inflação mais baixa em uma década, registrada em 2017, ficou acima do aumento salarial autorizado para 2018: a inflação cresceu 2,95% e o salário mínimo cresceu 1,81%, que assim passou de R$ 937 para R$ 954. Esse reajuste foi o pior em 24 anos.

Segundo o economista Leonardo Baldez, mesmo com preços relativamente estáveis em alimentação, o consumidor acaba perdendo. “Você compra o mesmo saco de arroz, mas não anda tanto como antes no seu carro. O aumento do seu salário, você perde quando olha no posto”.

Em janeiro, o litro da gasolina em Uberlândia subiu entre R$ 0,30 e 0,40, quando chegou a R$ 4,69.
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