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03/12/2017 às 05h31min - Atualizada em 03/12/2017 às 05h31min

Prefeitos fazem contas para definir se haverá Carnaval

Municípios da região ainda não garantem a tradicional Festa de Momo

WALACE TORRES | EDITOR
CarnaPrata, que foi mantido este ano, é considerado a maior festa popular da cidade / Foto: Prefeitura de Prata/Divulgação

 

A menos de um mês para o fechamento das contas do ano e a 17 dias do prazo para o pagamento da última parcela do 13º salário dos servidores municipais, muitas prefeituras ainda não têm a garantia de que o carnaval do próximo ano – daqui a pouco mais de dois meses - será realizado. E quem já decidiu pela realização, ainda não sabe qual será o tamanho da festa. Uma coisa é consenso entre os gestores: será uma folia com menos pompa do que aquelas que arrastaram multidões em edições anteriores.

Com dificuldades para quitar as contas, seja em função de dívidas deixadas pela gestão anterior ou pelos atrasos nos repasses de verbas estaduais, o primeiro ano dos atuais prefeitos foi de pé no freio. O carnaval foi o primeiro grande evento a ser afetado logo no início de 2017 e, a depender da crise que ainda acomete as prefeituras, não será em 2018 que os foliões irão contar com grandes estruturas e nomes famosos do cenário musical.

Nos municípios do Triângulo Mineiro onde o carnaval tradicionalmente arrastou multidões às ruas, a festa de Momo ainda é planejada com cautela diante do arrocho financeiro das prefeituras.

Considerado um dos carnavais mais animados da região durante décadas, Ituiutaba não tem uma grande festa de rua há pelo menos cinco anos. O município foi um dos primeiros a introduzir o sertanejo universitário na folia. Nomes como Fernando e Sorocaba, Jorge e Mateus dividiram o palco com Parangolé e outros nomes conhecidos do axé nacional. Para 2018, ainda não haverá a presença de bandas do mesmo calibre, mas a prefeitura quer resgatar aos poucos a trajetória que fez da maior cidade do Pontal referência do carnaval. Só não sabe ainda se irá conseguir retomar essa trajetória já em 2018. “Existe a possibilidade de fazer alguma coisa. Só não sabemos ainda a proporção”, disse a secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Darlene Moura.

O radialista e apresentador Wanderson Rodrigues lembra que as casas próximas ao Parque de Exposição, onde acontecia o carnaval de Ituiutaba, eram praticamente todas alugadas por visitantes. “Era um meio de geração de renda durante o carnaval. Os moradores saíam das casas e alugavam para turmas e famílias”, diz. Parte dos visitantes, diz ele, preferia montar barracas dentro do Parque de Exposição. “Recebíamos caravanas de cidades vizinhas e até de outros estados. Teve uma época que teve até estrangeiros no carnaval”, lembra.

Em Uberlândia, até o momento não há qualquer sinal de que a folia irá voltar à avenida. Este ano, pela primeira vez em décadas, não houve o tradicional desfile das escolas de samba e blocos carnavalescos, comprometido diante das dificuldades orçamentárias enfrentadas pelo Município. Para 2018, a Assosamba, responsável por organizar as agremiações, ainda não teve nenhuma sinalização de que haverá algum aporte para custear o desfile. Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Uberlândia não se manifestou.

 

BALNEÁRIO

Nova Ponte retorna carnaval para a beira da represa

Este ano, o carnaval de Nova Ponte retornou ao balneário depois de oito anos sendo realizado na praça central. A média de 8,6 mil pessoas por dia foi inferior a de épocas gloriosas na beira da represa. Para 2018, a prefeitura tem planos de repetir a festa, mas ainda aguarda o fechamento das contas para bater o martelo. “Há uma previsão de fazer uma festa bonita, mas nada confirmado ainda. A prioridade é folha de pagamento, saúde e educação”, diz o secretário de Cultura, Esporte e Turismo, Eduardo Pereira Fernandes. Segundo informou, somente depois de 20 de dezembro é que a administração irá tratar o assunto com mais atenção.

O balneário da cidade conta com estrutura de camping, quiosques e bares e tem capacidade para receber 20 mil pessoas, o que comportaria toda a população de Nova Ponte (14,9 mil habitantes) e mais 5 mil visitantes. “O carnaval gera um bom movimento também para os hotéis, mercearias e o comércio da cidade. A população quase dobra”, cita Eduardo, destacando que haverá um esforço para que a festa aconteça no próximo ano.

Em Monte Alegre de Minas, o assunto carnaval ainda não entrou em pauta. “A prioridade é pagar as contas e o 13º salário dos servidores”, disse o chefe de gabinete Elpídio Cavalcante, reforçando que a decisão será “de última hora”. Este ano não teve carnaval na cidade bancado pelo poder público.

Em Monte Carmelo também não teve carnaval este ano bancado com dinheiro público. E para 2018 a situação pode se repetir. “Não podemos sonhar com algo que não temos. Houve uma queda assustadora de arrecadação e fizemos contingenciamento do orçamento”, diz o prefeito Saulo Faleiros. Segundo avalia, a definição sobre ter o ou não carnaval dependerá essencialmente do fechamento do exercício fiscal. “Tem que priorizar em saúde, educação, geração de emprego e segurança. Atendendo esses quesitos, vamos buscar o carnaval que também é importante para a população”, disse.

Araguari é outra cidade que pode passar o segundo ano consecutivo sem folia de rua. Segundo o chefe de gabinete do prefeito, Marco Antônio, a orientação no momento é de não fazer o carnaval devido às dificuldades financeiras enfrentadas ao longo do ano, principalmente com relação ao pagamento de dívidas deixadas pela gestão anterior.

Em Tupaciguara, a situação não é diferente. Conhecida por ter um dos carnavais de rua mais animados da região, a cidade não recebeu festa este ano e pode não ter novamente em 2018. Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, a prioridade do momento é quitar o que foi herdado da gestão passada e pagar os salários de fim de ano. Somente depois do fechamento do ano é que será feita uma avaliação para definir se de fato haverá folia ou não.

 

VAI TER CARNAVAL

Indianópolis, Prata e Campina Verde se mobilizam

Enquanto alguns municípios ainda fazem as contas para definir sobre a festa de Momo, em outras localidades a folia já está garantida no calendário de eventos do próximo ano. Em Indianópolis a prefeitura já iniciou a cotação de preços de bandas e estrutura para os quatro dias de carnaval. A data é a segunda maior comemoração da cidade, só perdendo para a tradicional Festa de Maio como é mais conhecida a festança religiosa em homenagem à Virgem Maria e Santa Rita.

Em 2017, a prefeitura contratou bandas para as quatro noites e ainda realizou matinê para a criançada. Foram investidos R$ 72,8 mil, com expectativa de ter movimentado valor semelhante no comércio local. Para 2018, há planos de fortalecer a festa. “Há possibilidade de incrementar um pouco mais”, diz o prefeito Lindomar Amaro Borges, se referindo à contratação de novos músicos dentro da realidade orçamentária. “Estamos trabalhando com rédea curta para manter a estrutura funcionando e não deixar os funcionários em dificuldades. Não consegui realizar obras, mas mantivemos os salários em dia”, conta o prefeito.

Durante o carnaval, as chácaras às margens da represa de Miranda ficam lotadas de turistas e pessoas naturais de Indianópolis que moram em outras localidades e aproveitam o feriado para curtir a família e o movimento local.

O município de Prata é outro que já iniciou os preparativos para o período carnavalesco. “Será um carnaval mais enxuto, não terá grandes atrações nacionais como nas outras edições”, adianta o assessor de imprensa da prefeitura, Talles Augusto Arantes Silva. No entanto, ele conta que haverá dois palcos do tipo geospace (em formato de concha), o que evita o intervalo entre uma apresentação e outra. Outra iniciativa que está mantida é a mistura do sertanejo universitário com o axé na segunda-feira de carnaval. “Isso já é tradição do CarnaPrata nas gestões do atual prefeito”, diz Talles, frisando que o carnaval é considerado o maior evento festivo público da cidade.

 

CAMPINA VERDE

A Prefeitura de Campina Verde também já confirmou a realização da festa no próximo ano, seguindo o modelo semelhante ao adotado este ano, com um número maior de artistas. Foram 14 bandas, com destaque para o SPC. Por noite foram pelo menos duas apresentações mais o matinê durante o dia. No fim de semana que antecede o carnaval, a festa se concentrou no distrito de Honorópolis e, na semana seguinte, na avenida central da cidade. “Está tudo encaminhado para acontecer novamente assim como foi em 2017. Buscamos trazer bandas boas mas não tão caras”, conta a secretária de Cultura, Mariana Rezende.

Ela disse que a preparação ainda irá acontecer a partir do dia 15 de dezembro, mas só a notícia da confirmação já está movimentando a cidade. “Já tem muita procura de casas para alugar para o próximo ano”, diz. A média de público no carnaval de Campina Verde foi de 20 mil pessoas por dia na avenida este ano. Para repetir a dose em 2018, foi preciso definir prioridades. “Foi um ano muito apertado, tanto que não haverá final de ano para deixar tudo em dia”, conta a secretária.


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