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23/11/2017 às 05h05min - Atualizada em 23/11/2017 às 05h05min

Famílias são despejadas de área pública no Lagoinha

Terreno é da Prefeitura e estava ocupado irregularmente havia 20 anos

VINÍCIUS LEMOS | REPÓRTER
Caminhões e outros veículos foram disponibilizados para levar pertences de famílias afetadas por reintegração / Foto: Vinícius Lemos

 

Pelo menos doze famílias foram despejadas na manhã de ontem durante o cumprimento de uma reintegração de posse de uma área pertencente ao Município no bairro Lagoinha, na zona sul. Ao menos quatro imóveis foram afetados, dos quais três tinham moradores. Segundo ação movida pela Prefeitura há 20 anos, os imóveis estavam no traçado da rua Berthoaldo Thomaz de Aquino e teriam sido construídos de maneira irregular.

A remoção começou pouco depois das 8h, com servidores da Prefeitura acompanhados da Polícia Militar (PM), que fechou o perímetro onde seria cumprida a ordem judicial. Caminhões de uma empresa que presta serviços para o Município também foram deslocados para recolhimento de entulhos no lugar.

Máquinas fizeram a derrubada dos imóveis irregulares e outros veículos foram colocados à disposição de moradores que quisessem ajuda para o transporte de mobília e pertences.

De acordo com informações levantadas junto aos oficiais, Prefeitura e moradores, a ação de reintegração de posse teve início em 1997 e o processo transitou em julgado em 2011. Uma ordem de saída havia sido dada em novembro de 2015, mas o ultimato aconteceu no dia 23 de outubro deste ano, quando o prazo estabelecido foi de 10 dias. A reintegração, porém, só veio a acontecer ontem, na véspera de completar um mês da última notificação.

Antes da derrubada dos imóveis, moradores ainda faziam mudanças e retiravam mobília das casas. A maior parte não tinha lugar determinado para ir. No caso da dona de casa Isolda André Ribeiro, que morava com três netos, suas coisas seriam levadas para a residência de um dos filhos, mas de forma improvisada. “Vamos entulhar as minhas coisas e as dele em uma casa. Não tenho outro lugar pra ficar”, disse.

Um homem que retirava telhas caiu de uma altura de aproximadamente três metros e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros.

Segundo o advogado de alguns moradores, Igino Marcos, não há mais o que se fazer neste caso do Lagoinha. Ele afirma, no entanto, que existiriam pelo menos outras seis reintegrações próximas de acontecer em Uberlândia. “O nosso intuito é evitar casos em áreas ainda maiores. É possível resolver a questão por regularização, como aconteceu no Glória”, disse.

Além de um posicionamento sobre a reintegração cumprida nesta quarta, a reportagem do Diário do Comércio procurou a Prefeitura para confirmar se haveria outros locais prestes a serem reintegrados. Contudo, a resposta, enviada por meio de nota, informou apenas que a Prefeitura de Uberlândia realizou o trabalho de ontem “em cumprimento a uma ordem judicial”.

 

CHÁCARA

O projeto original da rua Berthoaldo Thomaz de Aquino, que começa na Alameda Arnolde de Castro, no bairro Lagoinha, incluía duas quadras que, até a manhã desta quarta, estavam ocupadas por residências, nos cruzamentos com a ruas São Thomaz de Aquino e Antônio Teodoro, dando acesso à direita para rua Platão.

Moradores e advogados, no entanto, questionam o motivo de uma chácara não ser afetada pela reintegração, uma vez que ela também está no traçado do logradouro.


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