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29/10/2017 às 05h59min - Atualizada em 29/10/2017 às 05h59min

Moradores se unem para evitar roubos e furtos a residências

Número de ocorrências cresceu neste ano; já são quase 2 mil casos

VINÍCIUS ROMARIO | REPÓRTER
O comerciante Antônio Alfredo fazem parte do grupo de vizinhança solidária no bairro Umuarama / Foto: Vinícius Romario

 

Em uma manhã de um domingo em junho deste ano, criminosos aproveitaram que a bancária Cláudia Deodoro dos Santos havia saído de casa, no bairro Santa Mônica, zona leste de Uberlândia, entraram na residência dela e furtaram R$ 12 mil em roupas, eletrônicos e outros objetos.

De acordo com a Polícia Militar (PM), entre janeiro e julho deste ano, casos como esse aumentaram 9,8% na cidade, passando de 1.639 em 2016 para 1.801 em 2017. Ao longo de todo o ano passado foram 2.801 casos.

Já o registro de roubos a residência, que é quando a vítima presencia a ação dos criminosos, teve aumento significativo de 77%, passando de 88 nos seis primeiros meses de 2016 para 156 no mesmo período deste ano. No total, foram 181 roubos em 2016. Porém, em relação a esses dados, a capitã da PM Patrícia Vieira afirma que, na prática, esse aumento não é real.

“O que houve foi a mudança na forma que passamos a classificar esses crimes. No ano passado, muitos casos não eram especificados e alguns roubos entravam em outra categoria. Agora, com a entrada do novo comando neste ano, essa especificação é feita. Não aumentaram os casos de roubo, mas, sim, de registros”, afirmou a capitã, acrescentando que no próximo ano será possível ter uma amostra de mais fiel, comparando dados classificados de maneira igual.

Vítima presenta nas estatísticas, a bancária Cláudia dos Santos afirma que reforçou a segurança de casa, instalando câmeras e reforçando ainda mais as portas e janelas de casa, mas, que, apesar disso, o sentimento de insegurança ainda é grande. “Não recuperamos nada. Hoje em dia é assim, a gente fica trancado dentro de casa e os criminosos soltos na rua”, disse.

 

COMÉRCIOS

Os furtos e roubos também assustam comerciantes. Na contramão do que se vê no Estado, Uberlândia teve aumento de casos neste ano. De acordo com dados divulgados nesta semana pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), nos oito primeiros meses de 2017 houve um aumento de 43% nos registros de roubo a estabelecimentos comerciais na cidade, enquanto em Minas Gerais houve redução de 27,5%. Ainda conforme a Sesp, em todo o Estado houve, de janeiro a agosto, 9.780 registros contra 13.506 no mesmo período de 2016.

 

AÇÕES

De acordo com a capitã da PM Patrícia Vieira, foram feitas mudanças nas formas de prevenção e repressão aos crimes na cidade, o que deve contribuir para que os casos de furtos e roubos a residências diminuam. Uma delas foi o aumento de efetivo nas ruas. Antes, além da parte operacional, setores administrativos também funcionavam nos batalhões da cidade.

Com a chegada do novo comandante à 9ª Região de Polícia Militar, o coronel Cláudio Vítor, todo o setor administrativo das unidades foi centralizado em um único espaço, deixando os batalhões voltados à parte de estratégia, inteligência e operação. “Dessa maneira, conseguimos colocar mais policiais nas ruas, o que inibe mais ações criminosas. Os resultados já começaram a aparecer e o retorno da população também”, disse a capitã.

 

COOPERAÇÃO

Vizinhos se organizam para prevenir crimes

Ouvindo muitos relatos de insegurança em ruas próximas, há cerca de um ano os moradores na rua Catuana, no bairro Jardim Karaíba, na zona sul de Uberlândia, se uniram e instalaram dez câmeras de vigilância na rua como forma de prevenção. Um dos moradores do local, o engenheiro eletrônico Daniel Henrique Koppe conta que a decisão da vizinhança foi unânime em instalar as câmeras quando surgiu o projeto.

“Moradores de ruas próximas começaram com esse movimento e resolvemos aderir. É muito importante em tempos de tanta insegurança ter dispositivos como esses, para tranquilizar mais a vida da gente”, afirma Koppe.

Ainda de acordo com ele, a facilidade em acessar as imagens é mais um benefício do sistema de vigilância. “Podemos ver pelo tablet ou celular. Então, quando vamos sair de casa à noite, uma olhadinha rápida para saber se existe alguma movimentação suspeita na rua nos garante mais segurança.”

Ele diz também que, além de inibir crimes nas residências da rua, serve também como um auxílio ao trabalho da PM. “Como nossa rua fica em frente ao uma área de preservação permanente, tempos atrás estavam colocando fogo intencionalmente. Pelas câmeras, conseguimos imagens dos autores e cedemos às autoridades de segurança para as providências”, ressaltou Koppe.

A união entre vizinhos também embasa outra forma de prevenção aos casos de furtos e roubos a residências em Uberlândia. Em parceria com a Polícia Militar, moradores de alguns bairros contam com o projeto Vizinhança Solidária. Nele, os moradores de determinada região se reúnem periodicamente para discutir formas de segurança, sempre com a presença de um militar.

Além disso, são feitas placas para serem colocadas nos muros das residências indicando que o local é monitorado pela PM. “São criados grupos de Whatsapp onde estão os moradores e um policial. É um ótimo sistema de vigilância, simples e com bons resultados”, afirma a capitã Patrícia Vieira.

Ela ressalta que onde há pouca comunicação entre os vizinhos se facilita a ação de criminosos. “Temos exemplos de criminosos que param um caminhão em frente uma casa, levaram tudo da residência e os vizinhos não desconfiaram, pensando que se tratava de uma mudança.”

De acordo com a capitã, com a Vizinhança Solidária, ações como essa não acontecem. “Todos se unem e sabem da rotina dos vizinhos, então, se há uma movimentação suspeita naquele local, eles próprios colocam no grupo e facilitam a ação a ação da PM”, disse a capitã.

O comerciante Antônio Alfredo de Castro Mendes da Silva é um dos moradores que fazem parte do grupo de vizinhança solidária no bairro Umuarama, na zona leste. De acordo com ele, as reuniões começaram há um ano e o sistema foi implementado de forma definitiva com a criação do grupo de Whatsapp e instalação de câmeras há pouco tempo. “Hoje nossa comunidade é outra. Antes era todo muito afasto, hoje há muita integração, além da questão de segurança, já que sentíamos que o bairro estava muito violento”, afirmou Silva.


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