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20/10/2017 às 05h14min - Atualizada em 20/10/2017 às 05h14min

Polêmicas e nacionalismo marcam vinda de Bolsonaro

Pré-candidato a presidente veio a Uberlândia a convite de entidades de classe

WALACE TORRES | EDITOR
Multidão calorosa esperava para recepcionar Jair Bolsonaro na CDL / Foto: Mauro Marques

 

Primeiro potencial presidenciável em 2018 a visitar Uberlândia nessa condição, o deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro (PSC) manteve o discurso nacionalista e não deixou de comentar os assuntos que tanto explora em seus discursos e postagens em redes sociais ao participar, ontem à tarde, de um debate promovido pelo G-7, o grupo que reúne as principais entidades de classe de Uberlândia – CDL, Aciub, Sindicato Rural, OAB, Fiemg, Conselho de Veneráveis e Sociedade Médica. 

No encontro realizado em auditório lotado da CDL Uberlândia, Bolsonaro disse o que pensa sobre assuntos polêmicos, como o fim do estatuto do desarmamento e maior rigor na política de imigração, além de defender uma de suas principais conquistas em seus sete mandatos como deputado federal: a impressão do voto, que depende apenas de um entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para poder valer no pleito do próximo ano.

Segundo o deputado, que admite a desconfiança em relação ao sistema eletrônico brasileiro, a impressão do voto é o único mecanismo para garantir que o processo eleitoral não seja submetido ao atual ‘sistema’. “Se não tiver [impressão do voto], podem ter certeza que eu não estarei no segundo turno, será um candidato do PT contra um do PSDB, ou do PMDB”, disse.

Antes de responder perguntas de cada representante do G-7 e também da plateia, o deputado pediu a palavra e ressaltou outra desconfiança, desta vez com a “nova era comunista” encabeçada pela China. “Os chineses estão dominando o mundo”, disse mostrando uma notícia de jornal que estampava os planos do presidente Xi Jinping durante o congresso do partido comunista chinês, que deverá renovar o seu mandato por mais cinco anos. Jair Bolsonaro criticou a forma com que o país tem aberto as portas para empresas estrangeiras, especialmente chinesas, para exploração de riquezas naturais, principalmente nióbio e o grafeno. Também não poupou críticas à atual política de imigração que, conforme citou durante entrevista coletiva, já tem prejudicado as populações de Roraima e do Acre com a vinda de venezuelanos e haitianos para essas regiões. “No que depender de mim, quem for de outro país e quiser vir morar aqui vai ter que se submeter a critérios rigorosos (...) Não posso prejudicar o meu povo, o brasileiro, para que outros sejam atendidos.”

Perguntado se, em caso de eleito, adotaria medidas semelhantes às do presidente americano Donaldo Trump, Bolsonaro disse que “em grande parte sim”. “Eu estou sendo claro porque não vou falar que você é bonito para ganhar o seu voto, que eu vou ser Jairzinho paz e amor. Eu quero mostrar para vocês o que é o Brasil e que ele tem solução. Dessa forma que estou propondo. Se acharem que eu estou errado, então tem aí um montão de outros candidatos”, declarou.

Bolsonaro disse que em um eventual mandato reduziria os ministérios a aproximadamente 15, indicaria uma equipe meramente técnica e garantiu que não faria negociações com o Congresso em troca de apoios. “Não tenho obsessão por aquela cadeira, mas se eu chegar lá, vai ser tudo diferente”, disse. 

Ainda na conversa com a imprensa, o pré-candidato disse que nega a ideologia de gênero por ocasião do Plano Nacional de Educação. “Não tem que botar na cabeça de um moleque de seis anos de idade ou de uma menina de sete que ela vai definir o sexo lá na frente. É uma covardia chegar para um menino que acha que o ‘piu piu’ dele é uma torneirinha, e você falar que aquilo pode ser uma ‘pepeca’ no futuro. É um crime que tu faz”, disse. “A partir do momento que você estimula o sexo homo e hétero de forma precoce, você está escancarando as portas para a pedofilia. Isso eu tenho falado desde 2010.”

Sobre a questão do estatuto do desarmamento, Bolsonaro arrancou aplausos de parte da plateia e até do G-7 ao defender a posse de arma para qualquer cidadão e o direito ao policial de disparar contra um infrator. “Quero sim carta branca para o policial matar”, disse, citando em seguida que hoje “vocês não têm direito nem à legítima defesa. Direitos humanos o cacete.”

 

RECEPÇÃO

Visita contou com esquema de segurança e gafe 

Apesar de rumores e chamados nas redes sociais sobre possíveis manifestações contra a presença do deputado Jair Bolsonaro em Uberlândia, não houve nenhum contratempo durante sua visita. A Polícia Militar montou um grande esquema de segurança que contou com pelo menos 100 policiais do batalhão de choque presente nas ruas e em pontos estratégicos. No aeroporto, uma multidão aguardava pela manhã o pré-candidato, que acabou improvisando um discurso em cima de um carro de som para agradar aos simpatizantes, que o receberam com o grito de “mito, mito”. A recepção calorosa, no entanto, não evitou que o deputado soltasse uma gafe. Ao cumprimentar o público, ele confundiu Uberlândia com o interior de São Paulo ao dizer que “também sou paulista, esse estado maravilhoso que é a locomotiva da nossa economia”.

Ainda pela manhã, Jair Bolsonaro visitou o prefeito Odelmo Leão e almoçou com empresários e lideranças partidárias.

A exemplo de eleições anteriores, as sete entidades de classe que integram o G-7 pretendem convidar outros presidenciáveis que visitarem Uberlândia a participar de debates. “A ideia é receber candidatos com chances e que não estejam enrolados com a Justiça”, disse o presidente da CDL, Cícero Heraldo Novaes.

Em relação ao resultado do debate com Bolsonaro, o empresário disse que o povo brasileiro merece uma mudança. “Ele é um dos que levantam essa bandeira, porém temos que analisar os demais candidatos”.


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