Com o propósito de empreender usando a biotecnologia, além da preocupação com o futuro da produção mundial de alimentos, três egressos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) criaram a startup Intech Brasil. Atualmente incubada pelo Centro de Incubação de Atividades Empreendedoras (Ciaem), a empresa faz a criação e o processamento de insetos que se tornam ração para alimentação de aves e peixes.
Os biotecnólogos Raphael Henrique Silva e Maurício Medeiros e o médico veterinário Regis Kamimura são formados pela UFU e se juntaram para fundar a Intech Brasil. Silva explica que existem diversos estudos, como o da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que mostram que a população mundial deve superar 9 bilhões em 2050. Para suprir essa demanda será necessário aumentar em 60% a produção mundial de alimentos. Por isso, eles resolveram usar a biotecnologia para ajudar nessa questão.
Eles criam a espécie de besouro Tenebrio molitor em ótimas condições de umidade, temperatura e controle de pragas e doenças. “A gente processa, desidrata ou faz a farinha, que é um outro produto. Depois comercializamos isso com a alimentação animal”, explica Silva. Ainda segundo ele, esses insetos são ricos em proteínas e outros nutrientes, além de ser um elemento natural e abundante, por isso podem contribuir para a segurança alimentar mundial.
Atualmente, os clientes da Intech Brasil são fábricas de ração e criadores de pássaros e peixes. Porém, a perspectiva é atuar em todas as cadeias de alimentação animal, exceto ruminantes, que não podem se alimentar com insetos, de acordo com Silva. Além disso, também pretendem, futuramente, comercializar o produto para alimentação humana.
CIAEM
Ainda na graduação, Silva e Medeiros conheceram o Ciaem quando estavam cursando a disciplina de Empreendedorismo do curso de Biotecnologia da UFU. Quando terminaram o curso, já tinham a ideia de trabalhar com insetos. Resolveram se candidatar ao edital do Ciaem e foram um dos selecionados na época.
“De junho de 2016 até maio de 2017, a gente estava na modalidade de pré-incubado. Ou seja, ainda não era empresa, apenas um projeto. Mas essa fase foi boa porque tivemos muitas mentorias oferecidas pelo Ciaem, pudemos conhecer o mercado, montar o plano de negócios e financeiro”, conta Silva.
A coordenadora de gestão do Ciaem, Manuela Botrel, explica que a pré-incubação é voltada para desenvolver o plano de negócios das empresas, já que, nesta fase, elas ainda são projetos. Segundo ela, esse processo pode levar de seis a 12 meses.
Depois de conhecer vários conceitos sobre comércio, marketing e estratégia de mercado, eles concluíram que iriam investir naquele projeto e criaram, de fato, a startup Intech Brasil. “Agora a gente já está na mobilidade de incubação, já temos CNPJ e produto, e vamos começar a realmente ir para o mercado até o final deste ano. O Ciaem nos dá todo suporte técnico na parte de gestão para isso”, afirma Silva.
Segundo Botrel, a incubação é uma etapa em que a empresa já está formalizada e em fase de operação. “Esse período pode levar de 24 a 36 meses, até que a empresa consiga se inserir no mercado e consolidar seu produto”. Atualmente, quatro empresas estão incubadas e dois projetos pré-incubados.