Cerca de 60 trabalhadores dos Correios em Uberlândia fizeram uma manifestação em frente ao Centro de Distribuição no bairro Martins, região central, durante a manhã desta segunda-feira (25). O movimento está ligado à greve nacional deflagrada no fim da última semana e que pede condições de trabalho, reposição de pessoal e reajuste salarial. Ao todo, no município, 70 trabalhadores estão mobilizados, segundo o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Uberaba e Região (Sindect – URA).
Com faixas e carro de som, os trabalhadores chamaram a atenção para as reivindicações e convidavam colegas de trabalho para adesão à greve. Uma nova manifestação está prevista para a manhã dessa terça-feira (26) na unidade dos Correios na avenida Getúlio Vargas, também na região central.
De acordo com o presidente do sindicato, Wolney Capolli Dias, em Uberlândia existe um déficit de 150 trabalhadores em várias áreas da empresa. “Temos pouco mais de 300 funcionários e precisamos atender à demanda das áreas de expansão. Existem muitos bairros novos que não são atendidos como deveriam”, disse. Em todo o país, 17 mil trabalhadores teriam se aposentado ou demitidos voluntariamente desde 2011, segundo a entidade. O Sindect – URA ainda afirma que no Brasil há 108 mil trabalhadores nos Correios, mas o número ideal seria de 130 mil.
O movimento grevista ainda reivindica um aumento salarial linear de R$ 300 e 10% nos benefícios, além da manutenção do calendário de férias e outros pontos apresentados à estatal. A greve ainda serve para chamar a atenção para pontos de reclamação como fechamento de agências, pressão para adesão ao plano de demissão voluntária, falta de segurança e ameaças de privatização.
SERVIÇOS AFETADOS
Apesar da adesão ser de pouco mais de 20% do efetivo de trabalhadores, Wolney Dias disse que entregas poderão atrasar nos próximos dias e já houve um movimento da empresa de remanejamento de pessoal para manter o atendimento e trabalhos em algumas unidades. O representante dos trabalhadores da região de Uberlândia ainda afirmou que espera maior adesão nos próximos dias. “Se a empresa não voltar a negociar, a tendência é aumentar a adesão, porque mostra imposição contra o trabalhador”, afirmou.
ACORDO
Em todo o país, os Correios reconhecem menos de 10% do efetivo em greve e nessa terça espera que parte dos servidores vote uma proposta de reajuste de salários na ordem de 3%, a partir de janeiro, negociados na última sexta-feira (22) como acordo coletivo para o biênio 2017/18. A proposta foi levantada junto à Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), que vai levar às assembleias hoje. A entidade representa servidores dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e Maranhão.
Contudo, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), que aglutina os sindicatos dos demais Estados, incluindo Minas Gerais, não concorda com a proposta e por isso iniciou o movimento grevista. Eles esperam outras propostas para fechamento de acordo.
Em nota, os Correios afirmou que a Fentect iniciou a paralisação nas bases de seus sindicatos filiados antes do fim das negociações. O texto diz que a “atitude coloca em risco não apenas a qualidade dos serviços prestados pelos Correios aos clientes e à população brasileira, mas também prejudica o esforço de todos os empregados que, ao longo deste ano, trabalharam para reverter a situação financeira da empresa”.