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03/09/2017 às 05h52min - Atualizada em 03/09/2017 às 05h52min

Dinis visita cidades de olho em 2018

Ex-deputado não admite pré-candidatura, mas age e fala como potencial nome na disputa

WALACE TORRES | EDITOR
“Eu não busco cargo, busco tarefa, busco missão, e isso independe de cargo” / Foto: Divulgação

 

A corrida pelo governo de Minas passa, necessariamente, por Uberlândia, o segundo maior colégio eleitoral do Estado. E a temporada de potenciais candidatos foi aberta na última semana com a visita do ex-deputado estadual Dinis Pinheiro. Na eleição de 2014, Dinis deixou o PSDB e ingressou no PP para ser candidato a vice-governador na chapa do tucano Pimenta da Veiga, que perdeu as eleições para Fernando Pimentel (PT). Para 2018, o ex-deputado está de olho na principal vaga. Apesar de não admitir que é pré-candidato, muito em função da cautela com a legislação eleitoral, Dinis Pinheiro fala e age como um nome que estará no páreo.

Desde o início do ano já percorreu quase 70 municípios mineiros, se reunindo com lideranças comunitárias, empresariais e especialmente políticas em busca de apoios e projetos que sustentem seus planos. Em Uberlândia, se reuniu com o prefeito Odelmo Leão, deputados, vereadores, almoçou com empresários e lideranças ruralistas e ainda recebeu a maior honraria do Município, a Comenda Augusto César. Na prática, repetiu um roteiro seguido à risca por boa parte dos candidatos ao governo mineiro que passaram por aqui em outros pleitos. Em entrevista ao Diário do Comércio, não poupou críticas ao governo do Estado, destacou sua atuação na presidência da Assembleia Legislativa e ressaltou a liderança regional do prefeito Odelmo Leão, que é do mesmo partido e também costuma ser lembrado como potencial nome para compor a chapa à sucessão estadual.

 

Diário - O senhor tem viajado bastante para o interior do Estado. O que em encontrado e como estão as articulações políticas?

Dinis Pinheiro - É especial e gratificante ser recebido com carinho, com ternura. O que a gente tem procurado nesse momento é semear esperança na boa política, pois esse é o momento mais difícil de Minas. Temos um governo ausente, sem horizonte, que não se preocupa com o futuro das pessoas. Então eu tenho observado um sentimento de indignação, de tristeza. Você pega a saúde, abandono geral, não tem o mínimo, não tem o básico. Estava olhando os números da saúde de Uberlândia, o Governo do Estado deve R$ 31 milhões só para a Prefeitura de Uberlândia. No total, para a saúde na cidade são R$ 50 milhões. Em Uberaba são R$ 21 milhões; Araguari o governo estadual está devendo R$ 5 milhões; em Ituiutaba, R$ 5 milhões. É um governo ausente que já perdeu o futuro.

 

Mas a situação está difícil no país todo, não só em Minas. O governo federal também não está cumprindo com os repasses para o Estado.

Pelo que me consta - não sou defensor do governo federal, mas da transparência, da verdade – o governo federal, na área da saúde, não deve um centavo para o governo de Minas Gerais. Agora, crise é para ser enfrentada. E como se enfrenta? Com criatividade. E o que tenho observado é que esse governo do PT parece que tem alergia à austeridade, à probidade, à correção. Meu caso já é diferente. Eu tenho uma vida modesta, tenho muita alergia à pompa. Diante das adversidades você tem que ter talento, criatividade, cercado de pessoas boas, tem que economizar centavo por centavo. O governo de Minas parece que não percorreu esse caminho, está num caminho equivocado, por isso a saúde está abandonada, é por isso que a educação está passando por um retrocesso, por isso que a atividade industrial retrocedeu quase 17%, é por isso que Minas Gerais tem 1,2 milhão de desempregados. Se olhar o Estado do Paraná, está com as finanças equilibradas. O Estado de Pernambuco também está com economia saudável mesmo diante de dificuldades. Claro que têm dificuldades, mas não estão desonrando compromissos. Aqui o compromisso não é honrado em momento algum. O cidadão quer que o seu dinheiro tenha valor, que o dinheiro público seja usado para melhorar a vida das pessoas, a saúde, a educação, infraestrutura, saneamento básico e gerar emprego para nossa juventude. Minas está na contramão do desenvolvimento, com uma administração pública que aumenta os gastos públicos, aumenta a carga tributária e impõe mais sacrifícios, mais impostos nos ombros dos mineiros. Temos um governo tributarista, ineficiente e burocrático. Minas tinha que relembrar aquele tempo saudoso de JK, que tinha compromisso com o futuro, que apostou no progresso e que colocou Minas e o Brasil na rota do desenvolvimento. E não tem bandeira melhor que o desenvolvimento, que te leva à justiça social e a paz entre as pessoas. Essa é a boa política que transforma, que renova, e não essa que tá aí.

 

Como provável pré-candidato, o que o senhor está propondo de novo para o próximo ano?

Não sou candidato não, longe disso. Está muito longe. Eu não busco cargo, busco tarefa, busco missão, e isso independe de cargo. Acho que o mineiro está ansioso por um projeto audacioso, dinâmico, de modo que ele possa reencontrar com a esperança e com o sonho. Não se pode brincar com a administração pública. Então acho que Minas está precisando de lideranças corajosas, decididas para fazer o que é certo e ao mesmo tempo, um governo revolucionário, reformista, visionário que se preocupe não com as próximas eleições, mas que propõe metas de desenvolvimento pensando nas gerações do futuro. Minas está muito ansiosa por uma prática administrativa diferente de governar.

 

O senhor foi candidato a vice-governador nas últimas eleições na chapa liderada por Pimenta da Veiga, foi cogitado para disputar a Prefeitura de BH e não disputou, e agora está percorrendo Minas. Seu nome já foi citado entre os partidos aliados, e também já recebeu convites para se filiar em alguns deles, como DEM e o PTB. Como estão essas conversas? Pensa em sair do PP?

Vejo com naturalidade, essa é a boa gratificação da vida. Eu sempre exerci a vida pública de forma muito singela, com convicções firmes, com ideal no coração e procurando ser um bom empregado dos mineiros, nada mais. Não tem segredo nenhum, meu pai já falava que o trabalho opera milagres. É verdade. Foi assim que cheguei à Assembleia de Minas, fui o deputado mais jovem de Minas Gerais, depois fui o deputado mais votado do partido. Nas duas últimas que disputei fui o deputado mais votado da história de Minas Gerias, tive 130 mil votos numa e na outra tive 160 mil votos. Fui presidente da Assembleia, fui candidato a vice-governador. À frente da presidência da Assembleia fizemos as transformações mais significativas da sua história, foi uma função conjunta, demonstrando respeito à coisa pública, porque quem exerce a vida pública tem que ter respeito, consciência moral. Hoje grande parte da classe política se distanciou das pessoas e se divorciou da honra e perdeu essa consciência moral. Mas eu quero atribuir todo esse carinho e palavras entusiastas à generosidade dos amigos que enxergam na gente um mineiro que pode ser útil, que possa melhorar a vida das pessoas, que possa preparar Minas para o futuro.

 

Mas o senhor pensa em deixar o partido nessa janela de filiação?

Eu estou muito bem acolhido, numa relação de muita fraternidade. Eu vejo com muita naturalidade e sou muito grato, eu tenho uma relação de muito apreço com essas instituições partidárias e sou muito bem recepcionado em todo canto. Estou muito bem no Partido Progressista, não quero debater isso agora, é prematuro. Estou preocupado é com a saúde das pessoas, que o governo de Minas colocou a saúde dos mineiros na UTI. Estou preocupado aqui, a estrada que liga Uberlândia a Campo Florido está paralisada até hoje, isso que me preocupa.

 

Isso vem desde a época do então governador Aécio Neves.

A gente tem que olhar pra frente. Lá trás nada espera a gente, o que espera a gente é lá na frente. Eu acho que quem está à frente dos desafios tem que ter coragem, atitude e resolver os problemas, porque o povo está cansado de tapiação, de enganação, esse blá, blá, blá. Só pra se ter uma ideia, quando estava à frente da Assembleia Legislativa, demonstrando esse respeito pelas pessoas, eu acabei com o 14º e 15º salários dos deputados, acabei com o pagamento das sessões extraordinárias dos deputados, nós extinguimos o pagamento do auxílio moradia dos deputados, acabamos com o voto secreto e instituímos o voto aberto, fizemos aquela memorável campanha por mais recursos para a saúde. Coletamos aqui em Minas um milhão de assinaturas para apresentar um projeto de iniciativa popular para obrigar o governo federal a investir 10% da receita bruta na saúde. Enfim, quem exerce a vida pública tem que cultivar esses valores, tem que ter decência, hombridade, ética, esses valores estão tão ausentes da vida política estadual e nacional.

Mais cedo [antes da entrevista], fui tomar um café com o prefeito Odelmo, que é uma pessoa diferente, autêntica. Ele está fazendo uma grandiosa obra que será lembrada lá na frente, ele está reconstruindo Uberlândia, com muito suor, muito sacrifício e talento, porque aqui ficou uma lambança fiscal. O Brasil virou uma lambança, Minas Gerais está indo pelo mesmo caminho e aqui em Uberlândia também. A segunda maior economia de Minas Gerais, uma cidade empreendedora, vocacionada a crescer e gerar renda foi dilacerada pela ganância do PT, pela falta de capacidade administrativa do PT. E o Odelmo, com a ajuda dos vereadores, dos deputados, está num esforço gigantesco pela reconstrução de Uberlândia. O que ele tá fazendo aqui, nós vamos ter que fazer em Minas e no Brasil.

 

Sempre quando surgem eleições, o nome do prefeito Odelmo é lembrado para compor a chapa ao governo do Estado. Ele é do mesmo partido seu, há espaço?

O Odelmo é líder pra ser governador, senador, vice-governador. Ele tem todos os atributos que estão ausentes por aí. O Odelmo dignifica a vida pública, ele está preparado não é pra compor, é para ser governador, senador, vice-governador.

 

E como dividir esse espaço?

Eu não sou candidato a nada, o que eu quero é abraçar Minas, eu quero é entregar o meu suor, meu sacrifício, meu amor a Minas Gerais, independente de cargo. Eu estou aqui para somar. Agora, o Odelmo é referência de inteligência, de dignidade administrativa, resumindo, tem vergonha na cara. O povo tá precisando disso.

 

Mas o senhor também não descarta a possiblidade de no próximo ano disputar as eleições.

Em relação a Minas estou muito bem, andando para todo canto e ouvindo, conversando, aprendendo. O mineiro é muito especial, sou muito grato a Minas Gerais. Minas me deu muita coisa boa, é minha origem, meu berço. Sou simples, mas de bons valores, deputado mais jovem, campanha franciscana, acho que deixei uma boa marca por aí. Pra todo canto que vou, sou muito bem recebido, não tem nada mais gostoso e honroso do que ser recebido com essa satisfação. E aqui, em Uberlândia, mais uma vez, a Casa Legislativa, a casa do povo, me homenageando [com a Comenda Augusto César], através do vereador Juliano [Modesto]. Quero agradecer por receber a maior honraria de Uberlândia, uma cidade progressista, modelo para todos nós, e essa homenagem me dá muito mais força pra continuar sonhando com uma Minas diferente, uma Minas justa. Esse é meu sonho.


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