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02/09/2017 às 05h32min - Atualizada em 02/09/2017 às 05h32min

O centenário do Palácio dos Leões

Inaugurado em 1917, um dos principais cartões-postais da cidade foi sede da prefeitura, da Câmara Municipal e abriga hoje o Museu Municipal

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
O Palácio dos Leões é o protagonista da Praça Clarimundo Carneiro / Foto: Adreana Oliveira

 

A qualquer hora, em qualquer dia da semana, principalmente ao alvorecer e ao entardecer, é difícil resistir a ele. Um dos principais cartões-postais de Uberlândia, o Palácio dos Leões comemora, em 2017, seu centenário. Basta alguns minutos ali pela praça Clarimundo Carneiro para se certificar de que o prédio ainda chama a atenção de quem passa com pressa, mas não resiste em dar uma olhada, ou mesmo fotografar, a construção imponente no centro histórico da cidade.

Atual sede do Museu Municipal, o prédio foi projetado pelo arquiteto paulista Cipriano Del Fávero e construído em 1916 juntamente com o Paço Municipal, em um terreno que, entre 1881 e 1915, abrigou um cemitério. Foi o primeiro prédio de dois andares da cidade e, em seus primeiros anos, serviu como sede dos poderes Legislativo e Executivo de Uberlândia e, segundo registros do município, abrigou ainda a Coletoria Estadual, o Centro Agropecuário e a Biblioteca Pública Municipal.

O Palácio dos Leões e o Coreto da Praça Clarimundo Carneiro são tombados como patrimônio histórico da cidade desde 1985. Entre 1994 e 1995, passaram pela restauração mais significativa, em projeto dos arquitetos Rodrigo Otávio de Marco Meniconi e Alessandro Rende, e, em agosto de 2000, foi inaugurado, no prédio, o Museu Municipal de Uberlândia.

Em vídeo dos arquivos da produtora Close Comunicação, encontramos um depoimento interessante de Carlos Ávila ao idealizador do programa Uberlândia de Ontem e Sempre, Celso Machado: no vídeo, gravado há mais de dez anos, Carlos Ávila conta que o então prefeito de Uberlândia, João Rodrigues da Cunha, mandou vir de São Paulo um arquiteto para o projeto da primeira prefeitura da cidade. “Cipriano Del Fávero era famoso em São Paulo. Chegou a Uberlândia e ouviu do prefeito em seu gabinete que queria uma prefeitura com minaretes orientais semelhante àqueles das ‘Mil e Uma Noites’ na parte alta e, nas laterais, queria colunas gregas com aquelas filigranas todas da Grécia antiga”, contou o entrevistado.

Segundo ele, Cipriano ficou surpreso. João Rodrigues ainda pediu um coreto em estilo de pagode chinês. E essas misturas de oriente e ocidente inspiraram o arquiteto, que apresentou o projeto aprovado na hora pelo prefeito. O governante também pediu esculturas de leões, que deveriam estar na parte alta, na frente e no fundo do prédio, que teria a frente igual, assim como as laterais iguais. Joanico ficou tão satisfeito, que deu a uma avenida da cidade o nome do arquiteto, que, ainda segundo Carlos Ávila, “pegou sua mala, foi embora e nunca mais voltou aqui”.

 

OTIMIZAÇÃO

Praça Clarimundo Carneiro e Museu são destaques em eventos

Palco Museu do Fundinho Festival destacou a beleza do Palácio dos Leões / Foto: Valter de Paula/Secom/PMU

Normalmente o Museu Municipal de Uberlândia, no Palácio dos Leões, é aberto para visitação de segunda a sexta-feira, exceto aos feriados, das 8h às 17h30. Porém, de forma ainda tímida, mas promissora, o espaço, que, em suas exposições, conta a história da cidade, tem-se aberto a novas iniciativas. No início deste mês, a Praça Clarimundo Carneiro foi palco para o Fundinho Festival, que levou 10 mil pessoas ao local para prestigiarem shows de jazz e blues em dois palcos que valorizavam o Museu e o Coreto. A população apoiou o projeto e elogiou a organização com poucas ressalvas.

Segundo os organizadores, a proposta do festival é levar ao Fundinho, centro cultural da cidade, “um festival para chamar de seu”, com boa música e um ambiente propício para as pessoas interagirem com o espaço, sempre com o cuidado de preservar o patrimônio histórico e destacá-lo.

Em maio, o artista plástico Alexandre França fez a abertura de sua exposição “Museu em Mim” no espaço interno do Museu Municipal, em evento que contou ainda com lançamento de uma revista de arquitetura, show ao vivo na praça, food trucks e participação de ciclistas. E a visitação a todas as áreas do museu estava liberada. Na ocasião, o artista disse ao jornal Diário do Comércio que otimizar o espaço daquela forma em um dia de semana era algo bonito de se ver. A reportagem concorda.

As duas iniciativas tiveram o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, que está sob o comando de Mônica Debs.


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