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30/07/2017 às 05h01min - Atualizada em 30/07/2017 às 05h01min

Famílias são base de 36% dos pequenos negócios no Brasil

Participação de parentes em empresas foi medida em pesquisa do Sebrae

VINÍCIUS ROMARIO | REPÓRTER
Maria Aparecida é dona de um restaurante que tem 6 familiares na equipe / Foto: Vinícius Romario

 

Mais de um terço dos pequenos negócios em Minas Gerais tem familiares como sócios ou empregados. Isso é o que mostra uma pesquisa realizada pelo Sebrae em nível nacional, entre outubro e novembro de 2016.  Segundo o estudo, 36% dos pequenos negócios brasileiros podem ser consideradas familiares.

As empresas de pequeno porte (EPP) são as que concentram a maior proporção (59%) de parentes em seus quadros funcionais. Entre as microempresas (ME), 52% são familiares, e os microempreendedores individuais (MEI) reúnem 25% de empreendimentos com essas características.

As irmãs Eliana e Raquel Mendes fazem parte dessas estatísticas. Há 29 anos, elas resolveram investir no comércio de roupas. Atualmente, são cerca de 30 funcionários na loja, que fica no bairro Santa Maria, na zona sul de Uberlândia. Dois funcionários são filhos de Raquel. “Entraram e cada um deu sua contribuição especial. O meu filho está com a gente há dez anos e investiu na parte masculina da loja, já a minha filha está há oito anos e, além do financeiro, ajuda no marketing e mídias sociais”, afirmou Raquel Mendes.

A sócia e irmã Eliana Medes diz que o comércio está no sangue, já que os pais também estão no ramo há cerca de 50 anos. “Nunca tivemos que lidar com a hierarquia entre a gente, cada um sabe o espaço, o que fazer, e todos fazem tudo muito bem”, disse Eliana Mendes.

A filha de Raquel, Raisa Mendes, ressalta que inicialmente não tinha a intenção de trabalhar com a família, mas, quando surgiu a oportunidade, a aproveitou e hoje afirma que fez a escolha certa. “Temos muito o que contribuir um com o outro aqui e acho que isso tem feito a diferença em um negócio que dura há tanto tempo”, disse.

 

PEQUENOS NEGÓCIOS

No Brasil, de acordo com Sebrae, as micro e pequenas Empresas (MPE) representam 99% dos negócios formais constituídos no país. São mais de 6,8 milhões de empresas nessa categoria. Somadas aos Microempreendedores Individuais (MEI), o universo dos pequenos negócios ultrapassa 12,4 milhões de empreendimentos. Dezesseis por cento desse contingente está em Minas Gerais.

A pesquisa Empresas Familiares foi feita com uma amostra de 6.617 entrevistados em todo o país. Minas Gerais é o segundo estado com o maior número de empresas pesquisadas, 382, atrás apenas de São Paulo, com 385.

 

EVOLUÇÃO

Restaurante cresceu com apoio da família

Quando abriu o restaurante, em 2007, com o esposo e a ajuda de três filhos, a empresária Maria Aparecida Silva Junqueira conta que atendia diariamente cerca de 15 clientes. Dez anos depois, de acordo com ela, são cerca de 800 pessoas que passam pelo restaurante, no bairro Santa Mônica, na zona leste da cidade, todos os dias.

“No início, quando erámos pequenos, todo mundo fazia de tudo. Mas, a partir do momento que começamos a melhorar, notamos que era necessária uma divisão de tarefas, e foi o que aconteceu e vem dando certo”, diz Maria Aparecida Junqueira, que hoje comanda o negócio com cerca de 35 funcionários, entre eles seis familiares.

Sobre o fato de trabalhar com a família, a empresária afirma que é importante saber diferenciar as relações, principalmente na hora do trabalho. “Claro que às vezes podem aparecer alguns problemas pessoais, mas aqui sabemos lidar muito bem com isso e sempre deixamos para resolver esse tipo de questão em casa”, ressalta Maria Aparecida Junqueira.

 

ORIENTAÇÃO

Profissionalizar negócio é fundamental, diz consultor

Segundo o assistente de projetos do Sebrae, Alex Paulo Teixeira, buscar o aprimoramento profissional é fundamental para gerir uma empresa, principalmente quando há familiares envolvidos.

“Já atendi um caso em que a pessoa abriu a empresa e colocou familiares como funcionários. O negócio começou, mas não foi dando certo, e ele, tocando um negócio novo, levou três anos em um processo de desligamento desses familiares”, afirmou Teixeira.

Ainda de acordo com ele, é importante que haja sintonia entre o empregador e o empregado. “Não importa se é esposa e esposo, pai e filho ou tio e sobrinho. Dentro da empresa, o mais importante é ter uma relação profissional, assim, as coisas fluem e esse é o objetivo de todo empreendedor. Se não estiver dando certo e a pessoa não estiver dando lucro para a empresa, esse funcionário deve ser desligado”, disse Teixeira.

E é nesse momento que o aprimoramento profissional é fundamental no negócio, ressalta Teixeira. “Quando você começa pequeno, tem um ou dois funcionários, é mais fácil de lidar. Mas, se você pretende expandir seu empreendimento, cursos na área de recursos humanos são muito importantes”, afirmou Teixeira.

Nessa questão, serve como exemplo o restaurante de Maria Aparecida Junqueira, que, de acordo com ela, no início não havia muita organização, mas, a partir do momento em que as tarefas começaram a ser delegadas para os funcionários específicos, o negócio melhorou.

“Isso é o mais importante: se profissionalizar”, ressalta Teixeira. Ainda segundo ele, o Sebrae oferece consultorias gratuitas para quem estiver interessado em abrir um negócio ou se profissionalizar. Em Uberlândia, o Sebrae fica na avenida João Naves de Ávila, 2.627, no bairro Santa Mônica. Para mais informações ligue 3237-2270.


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