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12/07/2017 às 05h14min - Atualizada em 12/07/2017 às 05h14min

Protesto cobra retomada de obras

Trecho da Lidormira Borges do Nascimento com rodovia já causou vários acidentes com vítimas

WALACE TORRES | EDITOR
Leonardo Oliveira voltou ontem ao local onde sofreu acidente há quase dois meses e falou de sua revolta / Foto: Walace Torres

 

As obras paralisadas na avenida Lidormira Borges do Nascimento no trecho de confluência com o contorno Sul do Anel Viário Ayrton Senna, no bairro Shopping Park, foram alvo de manifestação, ontem pela manhã, de moradores, usuários da via e sindicalistas. O protesto aconteceu uma semana depois do último acidente registrado no local e que deixou cinco pessoas feridas. Pedaços de faróis, para-choque e até uma placa de veículo ainda estão visíveis na cratera aberta no meio da rotatória inacabada.

Balanço do Corpo de Bombeiros aponta 16 acidentes na avenida Lidormira Borges do Nascimento desde o ano passado – oito somente este ano. A corporação não detalhou quantos aconteceram no trecho em obras, no entanto, sete acidentes constam como endereço a informação s/n (sem número), e um no cruzamento da rodovia com a avenida. Todos os acidentes atendidos pelos Bombeiros havia vítimas com ferimentos. Ano passado, um motociclista de 47 anos morreu ao cair na barreira.

Desde a última ocorrência, foram colocadas manilhas para impedir que veículos cortem caminho no meio da rotatória, mas, segundo moradores, o local continua sem segurança aos usuários devido à sinalização precária e falta de visibilidade. “À noite, não enxerga nada e fica difícil até para fazer o contorno [da rotatória]”, diz a vice-diretora de um colégio na região, Marilda Rodrigues, que passa diariamente pelo trecho e conta que quase caiu na vala. “Os pais de alunos estão muito contrariados, pois colocam em risco a vida dos filhos”, completa a vice-diretora. Ela disse que a escola aderiu a uma ação judicial coletiva pedindo a retomada das obras.

A situação é ainda mais preocupante porque o bloqueio feito com terra no quarteirão que antecede o acesso ao anel viário já não segura mais o trânsito. Carros, motos, ônibus e até caminhões passam diariamente pelo trecho até chegar a rodovia. E como há um buraco na pista da direita, para quem vem do Shopping Park em direção ao Centro, os veículos utilizam a mesma pista para transpor o trecho.

Ontem, o advogado Leonardo Oliveira Rodrigues retornou ao local do acidente sofrido há quase dois meses e que lhe causou sequelas visíveis até hoje. Ele precisou passar por uma cirurgia para fixar cinco vértebras. Outras duas amigas também tiveram lesões graves e foram submetidas a cirurgias. “Voltar aqui me faz ficar ainda mais revoltado, porque as manilhas e a sinalização não estavam aqui quando me acidentei”, disse.

A amiga que conduzia o carro em que Leandro estava usava um aparelho GPS para localizar o endereço de uma festa onde o grupo iria. Ele conta que o GPS não identificou a rotatória na avenida Lidormira, o que também foi constatado por outras pessoas que trafegam pela região. “O GPS não mostra a rotatória. É como se a avenida estivesse concluída”, diz o controlador de voo Arthur Barreto, que mora nas proximidades. “Se reforçasse a sinalização no local já resolveria o problema dos acidentes”, disse.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Uberlândia (Sindtrans), Célio Moreira, disse que a entidade já enviou ofícios ao Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG) cobrando a conclusão das obras. Questionado sobre o fato de a manifestação acontecer depois de vários acidentes registrados no local, uma vez que as obras estão paralisadas desde o ano passado, o sindicalista disse que “poderia ter feito há mais tempo, mas haverá outros protestos”.

Enquanto acontecia a manifestação de ontem, um caminhão que transportava tijolos teve parte da carga derrubada na rodovia ao fazer a conversão na rotatória.

 

ROTATÓRIA

DEER dá previsão até o fim de setembro para concluir trecho

Em nova enviada pela assessoria de comunicação, o DEER-MG informou que as obras do Anel Viário Sul de Uberlândia, compreendidas entre a BR-050 e a MGC-497, receberam ordem de reinício no dia 03/07, com previsão da retomada dos serviços em dez dias.

A nota cita ainda que já existe uma equipe trabalhando no trevo com a MGC-455 e, nos próximos dias, mais dois locais devem ter os serviços reiniciados: no cruzamento da avenida Lidormira e na Passagem Inferior do Douradinho.

A previsão de entrega destes serviços é até o final de setembro. A conclusão da obra do Anel depende das desapropriações, a cargo da Prefeitura, para que o DEER/MG retome os trabalhos para execução da ponte sobre o rio Uberabinha.

A Prefeitura de Uberlândia informou que o processo de desapropriações está em andamento, o que não impede que o DEER-MG retome as obras do anel viário Sul no trecho próximo à avenida Lidormira Borges do Nascimento. Reforçou também que notificou o DEER e solicitou que o departamento tome providências imediatas e efetivas para evitar outros acidentes no local e para a retomada das obras no trecho.

 

HISTÓRICO

As obras do contorno sul do Anel Viário Ayrton Senna começaram em 1995, com um investimento inicial orçado em R$ 35,6 milhões. A obra passou vários anos paralisada e foi retomada em julho de 2015. Desde então, houve duas mobilizações seguidas de novas interrupções no serviço, sendo a última em dezembro do ano passado. Na época, o Ministério Público Estadual questionou a alteração no projeto original, que previa uma trincheira no lugar onde hoje está a rotatória inacabada.

“As condições do terreno demonstram que o local é favorável a uma trincheira. A rotatória vai continuar causando problemas no trânsito”, avalia o fretador Rogério José de Souza, que mora no bairro Shopping Park há 20 anos e passa diariamente pelo trecho. “As autoridades fazem obras sem consultar a população”, conclui.


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