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02/07/2017 às 05h47min - Atualizada em 02/07/2017 às 05h47min

Doenças respiratórias aumentam 50% no frio

Clima seco, baixas temperaturas e aglomeração de pessoas são fatores que influenciam na manifestação das doenças

LETÍCIA PETRUCCELLI | APRIMORAMENTO PROFISSIONAL
Julianni Lacombe diz que o tempo seco diminui a imunidade das vias aéreas / Foto: Letícia Petruccelli

 

Com a chegada do inverno muitas pessoas retiram o cobertor mais quente do armário, compram ou voltam a usar aquele casaco mais grosso, passam a temperatura do chuveiro para o quente, tudo para se manterem aquecidas. Mas e a saúde? Tem deixado de lado, ou também tem tomado cuidados especiais que a estação exige?

Por causa das baixas temperaturas, tempo seco e aglomerações de pessoas num mesmo espaço, aumentam as chances de contrair alguma doença infecciosa respiratória. De acordo com a pneumologista pediatra Julianni Bernardelli Lacombe, os atendimentos aumentam em 50% nas estações de outono e inverno. “Este é um período de maior circulação viral. Além disso, o próprio frio, o tempo seco diminui a imunidade das vias aéreas”, conta a pneumologista. 

Segundo a médica, não existe uma forma 100% segura de prevenção de doenças respiratórias. Mas tem algumas atitudes que podem ser tomadas para não facilitar a contração da doença, como beber água, tomar a vacina contra a gripe, lavar sempre as mãos. “A vacina vai prevenir apenas as formas graves da doença e não as leves. Ter álcool em gel na bolsa é importante. No ônibus, por exemplo, uma pessoa espirra e pega na barra de ferro, aí vem outra pessoa e pega no mesmo local e logo após a pessoa vai comer, ou leva a mão no nariz, no olho. Isso é uma forma de transmissão da doença”, relata. 

Ainda de acordo com a especialista, crianças abaixo de 3 anos e idosos têm mais riscos de contrair doenças respiratórias, principalmente durante o inverno. “Geralmente as crianças abaixo de 3 anos tem esse risco maior pelas peculiaridades imunológicas. Elas têm uma pré-disposição maior, principalmente as que frequentam creches”, diz a médica. “Também por uma peculiaridade imunológica é que pessoas da terceira idade estão mais pré-dispostas a doenças infecciosas respiratórias”, relata Julianni Lacombe.

 

DOENÇAS CRÔNICAS

Nesta estação, as crises em pacientes com bronquite, asma, rinite, sinusite, são mais frequentes. Segundo a pneumologista, são vários fatores que desencadeiam a crise. Dentre os motivos, estão as infecções respiratórias que pioram a situação do paciente. “Tem o fator relacionado ao tempo, pois é mais seco e junto com o próprio frio. Esses fatores podem agravar essa inflamação crônica, que já existe, quando ela não está controlada”, diz Julianni Lacombe.

De acordo com a médica, essas doenças também se manifestam no verão, porém com incidência menor. “Os casos de crises agudas no verão são menores. O outono e inverno são as duas estações mais relacionadas a doenças respiratórias. Tanto doenças infecciosas, quanto exacerbações de doenças crônicas”, diz a pneumologista. 

A vendedora Juliana Machado conta que sofre com crises de sinusites, e isso acontece apenas nesta época do ano. “No verão não acontece nada. É só chegar nesta época que fico ruim. Fui ao médico há alguns anos. Não consegui ir de novo. Tomo vários remédios por conta para melhorar”, relata Juliana. 

Doenças crônicas respiratórias não têm cura, mas têm controle. E se o paciente estiver bem tratado, não deve ter crises recorrentes, segundo afirma a pneumologista. “Com o tratamento,  a gente almeja qualidade de vida, para que o paciente possa fazer tudo o que uma pessoa saudável faz. Não tem cura, mas tem controle”.

 

OLHOS

Tempo seco facilita o contágio de conjuntivite

Durante o inverno, não são apenas doenças respiratórias que atacam com mais frequência. A conjuntivite também tem mais incidência nesta época. O tempo seco e o aumento do contato com ácaros encontrados nas roupas de frio, que ficam muito tempo guardadas, favorecem o aparecimento da conjuntivite. 

Segundo o oftalmologista Arnaldo Gesuele, no inverno as pessoas desenvolvem, na maioria dos casos, a conjuntivite viral. "Esse tipo de conjuntivite normalmente é mais branda e, portanto, tratada mais facilmente com o uso de colírios lubrificantes ou anti-inflamatórios, tendo sua cura em cerca de três dias". 

Um pouco mais delicada, a conjuntivite bacteriana é transmitida via contato e o inverno novamente se torna um facilitador do contágio. "As pessoas tendem a ficar aglomeradas e em locais fechados, e é nesse contexto que a doença se propaga com mais facilidade devido ao maior contato com a secreção viscosa, característica desse tipo de conjuntivite", acrescenta o oftalmologista.

Menos conhecida, a conjuntivite alérgica, que não é transmissível, está relacionada diretamente a fatores externos e internos. "Chamamos de fatores externos determinados alimentos como, por exemplo, chocolate ou camarão. Já o fator interno está relacionado ao estado emocional do indivíduo".

 

RESSECAMENTO

Pele também exige cuidados especiais com o frio 

Nesta estação, também é importante ter atenção com a pele. O clima mais seco e a baixa umidade do ar exige que sejam adotadas medidas de prevenção contra o ressecamento da pele. 

De acordo com a dermatologista Camila Laranjo Marques, regiões do corpo como joelhos, cotovelos e extremidades são as mais afetadas com o clima. “Essas regiões do corpo são mais propensas ao ressecamento, por isso, o recomendado é que os banhos muito quentes sejam evitados, pois eles auxiliam no ressecamento da pele e se possível, evitar também o uso de esponjas de banho, pois elas retiram toda a oleosidade natural da pele,” explica.

Além disso, a médica comenta que o uso de hidratantes é importante para evitar o ressecamento da pele. “Vale lembrar que o uso de hidratantes é de extrema importância para o corpo e rosto, e é essencial para evitar o ressecamento, não sendo aconselhável o uso de ar-condicionado, pois ele diminui ainda mais a umidade do ar e consequentemente, irá trazer prejuízos à pele,” comenta.

Camila esclarece que, para aqueles que não dispensam o ar condicionado, a dica é investir em vaporizadores ou bacias de água, que ajudam a aumentar a umidade do ar. Além disso, a ingestão de água e líquidos em grandes quantidades é recomendada, pois auxilia na manutenção da hidratação da pele.


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