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28/06/2017 às 05h25min - Atualizada em 28/06/2017 às 05h25min

Artistas paulistas são destaque no MUnA

Felipe Góes e Thaís Galbiati fazem suas primeiras exposições individuais em Uberlândia

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
O pintor Felipe Góes diante de duas de suas telas, 274 e 275, acrílica e guache sobre tela, ambas produzidas em 2015 / Foto: Adreana Oliveira

 

As paredes do Museu Universitário de Arte (MUnA) recebem pela primeira vez obras de dois artistas paulistas, Felipe Goés e Thaís Galbiati, ambos selecionados por edital. Ele se aventura pelas pinturas que o fizeram deixar a arquitetura de lado. Ela segue pelos desenhos em papel vegetal em duas séries distintas que se complementam. As obras podem ser vistas, em Uberlândia, até o dia 19 de agosto, de segunda a sábado, com entrada franca. Ambos estiveram em Uberlândia na semana passada e participaram da vernissage na sexta-feira (23).

Felipe Goés graduou-se em Arquitetura & Urbanismo em 2006. Logo depois fez um curso de História da Arte para complementar sua formação. Até então, acreditava que seria mesmo um arquiteto. Porém, uma viagem, em 2007, no esquema mochilão pela Europa ao lado da namorada, atual esposa, mudou para sempre o caminho do jovem paulista. 

“Ver aqueles museus e todas aquelas pinturas pela Europa mexeu muito comigo. Mas o que transformou mesmo a minha vida foram as obras de Mark Rothko que estavam em uma única sala. Quando entrei lá, senti algo diferente. Isso era 2007. A partir de então me dei conta que não estava estudando para ser um arquiteto e sim para ser um pintor”, disse o artista plástico.

Mark Rothko (1903-1970) é considerado um dos melhores pintores norte-americanos do pós-guerra e apesar de não concordar, o artista está listado entre os pintores expressionistas e abstratos. “As pinturas dele ficaram na minha cabeça. Comecei a estudar para uma formação mais sólida em pintura, estudei como Paulo Pasta, em São Paulo, e iniciei uma série de trabalhos a partir de 2008”, conta Felipe.

Além de ser a primeira exposição dele m Uberlândia é também sua primeira exposição individual em Minas Gerais. “Essa exposição particularmente é muito especial para mim. É a maior até o momento e contempla 19 telas produzidas entre 2012 e 2017”, conta o artista. Para ele, é interessante ver esses trabalhos e compará-los e também observar a forma como acabam se complementando.

 

SEM TÍTULO

As pinturas de Felipe Goés não têm título, levam números. Algumas paisagens têm uma inspiração mais latente, como algumas feitas durante residências artísticas em Itaparica (BA) e no Deserto do Arizona, nos Estados Unidos. As camadas das pinturas fazem com que o espectador faça suas próprias leituras. Algumas com mais outras com menos profundidade, dão um pouco da visão intimista do artista para paisagens globais. “É como se fosse uma grande série. Um trabalho acaba sendo um mote para o outro. São as visões que tenho dessas paisagens, mas às vezes elas se misturam, não sei mais de onde são por isso não me sinto à vontade para dar um título a elas. É um trabalho que não termina nunca”, explica.

Para o artista, que também deixou no MUnA uma instalação em vídeo gravada em 2014 na qual fala mais sobre o seu trabalho, a paisagem oferece ao pintor um repertório infinito. “Outro aspecto importante é que quando integramos uma paisagem ela não é apenas uma coisa visual para desfrutarmos. Ela tem uma carga histórica de ocupação humana, tem seu tempo geológico e como ele agiu ali. Dependendo do seu momento, pode conter questões espirituais que só você percebe”, comenta.

Felipe Goés deixa paisagens com várias camadas de compreensão. Alguns de seus quadros quadros parecem ultrapassar a parede. Tem algo mais adiante. “A paisagem não é só aquilo que a gente vê. Representa muita coisa que sentimos e está aberta para ser o que você quiser que ela seja”, explica. Saiba mais sobre o artista.

 

THAÍS GALBIATI

Diálogo entre séries feitas em momentos diferentes

Thaís Galbiati diante de desenhos de sua série “Eu queria ser”, expostas no MUnA / Foto: Adreana Oliveira

Thaís Galbiati apresenta no MUnA duas séries de seus desenhos: “Eu queria ser” (2012-2014) e “Pela minha revolta” (2013-2017). Também faz sua primeira exposição em Uberlândia. “Esses trabalhos fizeram parte de um projeto de mestrado da Unicamp que eu terminei recentemente”, explica a artista que tem suas pesquisas direcionadas para a área bidimensional do desenho.

Thaís começou a trabalhar com o papel vegetal e a criar uma narrativa de personagens contando histórias. “Às vezes cria-se uma tensão no desenho até mesmo pelo título”, comenta. A artista paulista trouxe para o MUnA esse jogo entre as duas séries e disse estar muito satisfeita com o resultado.

No processo de produção, ela passou por diferentes momentos. “Eu queria ser” traz personagens com algum tipo de deficiência, alguns problemas, numa forma de artista trabalhar algo mais poético. “Tem aquela frustração de quando queremos ser algo que não conseguimos alcançar, fica nesse jogo de interpretações”, explica.

“Pela minha revolta” foi um trabalho um pouco mais relacionado a questões sobre as quais ainda é preciso mais reflexão. Em alguns dos desenhos há personagens LGBTS e questões políticas que acabaram ganhando mais significado por esse momento particular que o país atravessa.

Thaís sempre dedica tempo às pesquisas para que o trabalho, mesmo com uma pegada mais urbana, ganhe contornos mais sérios. Geralmente ela parte dos títulos para os desenhos, que são feitos por etapas. “Alguns desenhos faço primeiro com o grafite e depois passo a pena com nanquim e por último eu jogo a cor. Aplico também o giz pastel luminoso e na sequência passo o óleo de linhaça para der um pouco mais de brilho”, explica. 

As imagens dialogam com o espectador. Thaís tem o pensamento mais gráfico e sempre deixa a cor por último. Muitas vezes um desenho demora dias para ficar pronto. “Gosto de usar nanquim com bico de pena. Crio um, coloco na parede, espero secar, depois passo pro outro, para dar a unidade no desenho”, finaliza. Saiba mais sobre a artista.


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