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27/06/2017 às 05h55min - Atualizada em 27/06/2017 às 05h55min

Autoridades cobram volta de convênio hospitalar

Servidores estaduais pagam convênio mas não têm hospital de referência

WALACE TORRES | EDITOR
Leonídio Bouças requisitou audiência pública em Uberlândia / Foto: Willian Dias/ALMG

 

A situação dos servidores públicos estaduais em Uberlândia que estão há quase um ano sem um hospital conveniado de referência para os casos de urgência e emergência deve gerar novos desdobramentos nas próximas semanas na esfera política e também judicial. A presidente da Comissão de Saúde na Câmara Municipal de Uberlândia, vereadora Dra. Jussara (PSB), protocolou na semana passada uma representação no Ministério Público Estadual pedindo providências contra o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg). O principal argumento é que, mesmo sem os serviços hospitalares no município, os servidores continuam sendo cobrados mensalmente pelo convênio.

Também na semana passada, durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), os deputados aprovaram um requerimento criando uma comissão para visitar os hospitais de Uberlândia e tentar um acordo no sentido de adequar valores de procedimentos para restabelecer o atendimento hospitalar. O assunto ainda poderá ser novamente debatido em outra audiência pública, desta vez na Câmara Municipal, solicitada pelo deputado estadual Leonídio Bouças (PMDB). “Será uma audiência mais próxima da realidade, onde esperamos contar os diretores de todos os hospitais de Uberlândia. Esperamos que isso possa ajudar numa negociação com o Ipsemg”, disse o deputado.

Em Uberlândia, os cerca de 17 mil servidores do Estado estão sem um hospital credenciado desde agosto do ano passado, quando o Hospital Santa Catarina foi fechado. Considerando os dependentes dos servidores, o universo de pessoas sem a cobertura hospitalar chega a 35 mil usuários. Na audiência da semana passada na ALMG, o diretor-presidente do Hospital Santa Catarina, Placidino Stábile de Oliveira, disse que a unidade irá retomar suas atividades dentro de 60 dias, restabelecendo o atendimento aos conveniados do Ipsemg. “Sabemos que não cumpriremos plenamente a grande demanda dos servidores, mas atenderemos na medida do possível”, disse na ocasião, se referindo aos valores pagos pelo Ipsemg, que seriam abaixo do que é praticado pelos hospitais no município.

Apenas as cirurgias eletivas estão sendo pagas pelo Ipsemg, graças a uma liminar obtida em ação do Ministério Público em 2015. Mas, para conseguir a marcação, o servidor precisa apresentar três orçamentos ao Ipsemg, que libera o procedimento do menor valor. Já os procedimentos ambulatoriais estão sem cobertura, o que tem feito com que muitos servidores procurem a rede pública municipal.

“Não é justo que isso ocorra. Apesar do assunto atingir servidores estaduais, dando a ideia de que envolve mais os deputados estaduais, entrei de cabeça nessa história para que os conveniados não sejam obrigados a usar a rede pública de saúde local, sobrecarregando-a ainda mais, como tem ocorrido nos últimos meses”, disse a vereadora Dra. Jussara. Ela conta que recebeu nos últimos três meses denúncias de beneficiários apontando as dificuldades com a falta de atendimento médico de maior complexidade em Uberlândia, tendo que, muitas vezes, ir até outras cidades da região para ter o serviço. “Em outros casos, eles têm de buscar a rede pública de saúde municipal, sobrecarregando-a ainda mais. Esses beneficiários não deveriam estar pagando pelo convênio ou poderiam ter um desconto na mensalidade, já que parte do serviço que deveria ser oferecido pelo convênio não está à disposição na cidade”, afirmou a vereadora.

 

TETO EXTRAPOLADO

Além da falta de atendimento hospitalar, os servidores do Estado também têm enfrentado dificuldades para conseguir exames e consultas com especialistas. É que para cada convênio há um teto determinado e que muitas vezes não contempla todos os necessitados. “Tem cotas de exames que acabam no começo do mês e a pessoa tem que ficar esperando até o outro mês para conseguir atendimento”, diz a presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), Elaine Ribeiro. Segundo aponta, algumas clínicas e prestadores de serviço têm priorizado os procedimentos mais caros, o que faz com que menos gente seja atendida dentro da cota mensal. “Esgotam-se os procedimentos mais caros e os de menor valor ficam esperando”.

A reportagem tentou falar com a direção do Ipsemg em Uberlândia, mas a informação é de que a diretora regional está de licença médica.


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