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22/06/2017 às 05h02min - Atualizada em 22/06/2017 às 05h02min

Mais uma bailarina uberlandense em NY

Keitty Sampaio Rodrigues tem 19 anos e ganhou uma bolsa de estudos para curso de verão na Big Apple

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA

"Tia" Keitty no arraial da Passo de Art, ontem, na praça Clarimundo Carneiro / Foto: Adreana Oliveira

Na manhã de ontem, a primeira do inverno deste ano, Keitty Sampaio Rodrigues usava os cabelos amarrados com fitas azuis, tipo maria chiquinha. Na Praça Clarimundo Carneiro, em Uberlândia, se ela se afastava um pouco logo vinha uma de suas alunas, na faixa dos 4 ou 5 anos de idade e dizia em tom meigo "tia, estava procurando você". A "tia" Keitty tem 19 anos, é bailarina e participava do arraial "Pipoca com Arte", uma de suas últimas atividades antes de sua primeira viagem internacional. Amanhã ela embarca para Nova York, nos Estados Unidos.

Keitty será mais um nome do ballet clássico de Uberlândia a ter uma oportunidade fora do país para aprimorar suas técnicas. Ela participará do Curso de Verão da Vassiliev Academy of Classical Ballet a partir de segunda-feira (26) até 26 de julho. A jovem bailarina ganhou a bolsa de estudos do diretor da escola, o coreógrafo e bailarino russo Andrei Vassiliev. "O convite veio em agosto do ano passado, quando participei de um workshop dele em Tremembé, interior de São Paulo", conta Keitty.

Esta será a primeira viagem internacional de Keitty, que, apesar do inglês básico, resolveu encarar a oportunidade. "Eu sou muito determinada, é uma das minhas características positivas. Porém, sou indecisa às vezes, preciso melhorar isso. Tive seis meses para decidir se aceitaria ou não a bolsa, tinha um pouco de medo do novo, do desconhecido, do idioma, mas estou mais tranquila agora com as melhores das expectativas", explica.

Keitty tem origem humilde, e tem na mãe, Gláucia Regina Rodrigues, sua maior incentivadora. "Ela sempre me disse que seu trabalhar e estudar com empenho, dedicação e amor posso conquistar tudo que quiser", conta. E a menina tem se dedicado e muito. Ela começou as aulas no Caic Guarani, bairro em que reside, aos 7 anos de idade e aos 11 já era aluna do Núcleo de Estudos de Danças. Graças ao talento e esforço, aos 15 anos a bailarina ganhou uma bolsa de estudos da escola Passo De Art, onde aprimora sua técnica com o professor e coreógrafo Jhonatan Rios e também já dá aulas. "Comecei como monitora e hoje tenho duas turminhas, uma com alunas com 4 anos e outra com 5 anos de idade. É a coisa mais linda vê-las dar os primeiros passos no ballet", conta a professora orgulhosa.

"Admiro, apoio o talento e o esforço dessa bailarina, levando em conta as dificuldades financeiras que ela enfrenta para realizar seus sonhos", disse Malu Alves, diretora artística da escola. Filha de pais separados, e com duas irmãs mais velhas já casadas, para frequentar as aulas, Keitty precisa pegar dois ônibus para ir e outros dois para voltar para casa onde mora com a mãe. "E ela nunca falta. está sempre impecavelmente vestida e penteada para suas aulas de ballet", conta Malu.

Na manhã de ontem a diretora se dividia entre os papeis de organizadora, maquiadora e até animadora no "Pipoca com Arte", o arraial da escola que realiza pela terceira vez na Clarimundo Carneiro. Ela reuniu pais, alunos, amigos e professores no evento. Quem está acostumado a passar ou passear por lá no horário aprovou a festa que teve suco, refrigerante e muita pipoca para todo mundo que quisesse integrar a atividade. "Acho muito importante aproveitar esses belos espaços públicos que temos em nossa cidade, trazer as crianças para atividades ao ar livre e o arraial já ganhou um espaço especial em nossos corações", disse a diretora artística da escola, Malu Alves.

 

INCENTIVO

Premiação de um amigo é motivo de orgulho para bailarina

Keitty produzida para o palco, onde a magia acontece / Foto: Divulgação

Keitty Sampaio Rodrigues é amiga do bailarino Victor Caixeta, de 17 anos, que nesta semana foi premiado no 13º Moscow International Ballet Competition, na Rússia. Assim como ele, Victor tem origem humilde e também começou em um projeto social que facilita o acesso de crianças de baixa renda à arte do ballet - no caso dele, o Pé de Moleque, idealizado por Guiomar Boaventura, da Vórtice.

"Fico muito orgulhosa e feliz por ver um bailarino da minha cidade ter esse reconhecimento. Ele dançou no Teatro Bolshoi, o sonho de todo bailarino e tem contato com verdadeiras lendas do ballet clássico" diz Keitty que nos Estados Unidos, além de ver em ação o russo Vassiliev, também terá aulas com outros bailarinos renomados.

Ela acredita que o ballet clássico, não só para quem está no palco como para quem prestigia, tem se tornado mais acessível e mais democrático. "Antigamente tenha aquele perfil da bailarina alta e magra. Hoje já se permitem bailarinas ou bailarinos com estatura um pouco mais baixa e com musculatura mais forte, como é o meu caso", comenta.

E a arte anda junto com a educação. Por conta de seus bons resultados no ballet, Keitty também conseguiu uma bolsa no colégio Ressurreição Nossa Senhora, onde cursou o segundo e terceiro anos do ensino médio. "As duas coisas têm que andar juntas, se complementam", diz a bailarina que neste ano ingressou no curso de Fisioterapia da Unitri.

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