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13/06/2017 às 05h23min - Atualizada em 13/06/2017 às 05h23min

Gilmar Machado nega participação em definição de fundos

Ex-prefeito prestou depoimento na CPI que investiga investimentos

VINÍCIUS ROMARIO | REPÓRTER
Participação do ex-prefeito Gilmar Machado na CPI teve momentos de tensão / Foto: Vinícius Romario

 

Em uma sessão tensa, o ex-prefeito Gilmar Machado foi ouvido ontem durante a última reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar supostas irregularidades nas contas do Instituto de Previdência Municipal de Uberlândia (Ipremu) entre os anos de 2013 e 2016. Por uma vez, o presidente da CPI, vereador Wilson Pinheiro (PP), chegou a pedir que cortassem o áudio do microfone de Machado, alegando que o mesmo estava nervoso e alterado.

Essa foi a sexta e última reunião, que ouviu também o superintendente da Caixa Econômica Federal, Gilmar Passos. O banco é responsável pelas contas do Ipremu. Nas reuniões anteriores foram ouvidos também o atual diretor do Ipremu, André Goulart, o ex-diretor, Marcos Botelho, ex-membros do comitê de investimentos do instituto e o responsável por uma empresa que realizou uma auditoria no instituto a pedido da atual gestão.

Questionado se interferia em investimentos ou na administração do Ipremu, o ex-prefeito Gilmar Machado negou e disse que dava total autonomia para o gestor do instituto na época, Marcos Botelho. Quando foi ouvido na CPI, Botelho afirmou que antes de assumir a direção do Ipremu não tinha experiência com questões previdenciárias. “Chamei o Marcos Botelho por saber que ele tinha experiência na área administrativa e era professor universitário de economia”, afirmou Machado durante o depoimento.

Sobre os investimentos feitos por Botelho enquanto esteve à frente do Ipremu, Machado disse que acompanhava as ações por meio de relatórios, mas que Botelho também tinha total autonomia sobre isso. “Inclusive só tivemos resultados ruins no primeiro ano, devido a investimentos feitos pela gestão anterior, e, nos três anos seguintes, tivemos superávit”, disse Machado.

Gilmar Machado negou-se a responder sobre o recolhimento da cota patronal do Ipremu no segundo semestre do ano passado. A prefeitura teria descontado o valor na folha dos servidores, mas não teria feito o repasse, na casa de R$ 13 milhões, para o instituto.  

Sobre isso, Machado e o ex-secretário de Finanças, Carlos Diniz, respondem a um processo criminal por apropriação indébita.

No depoimento de ontem, Machado disse que essa questão não era alvo da CPI. Em entrevista após o depoimento, Machado afirmou que não tinha conhecimento sobre esse recolhimento, já que ainda não recebeu o balanço do segundo semestre do ano passado e que essas questões eram tratadas diretamente pela Secretaria de Finanças e o Ipremu.

 

CAIXA

Superintendente diz que orientou Ipremu sobre fundos

Durante depoimento ontem, o superintendente da Caixa Econômica Federal, Gilmar Passos, afirmou que na gestão passada de Odelmo Leão, encerrada em 2012, 79% dos investimentos do Ipremu eram feitos em fundos da Caixa. Ainda conforme Passos, ao assumir, o ex-diretor do Ipremu, Marcos Botelho, retirou 25% desses investimentos, transferindo-os para bancos de segunda linha, que não são conhecidos pela população.

Passos contou que tentou orientar Gilmar Machado e Marcos Botelho que mantivessem os investimentos na Caixa, que trabalha com cerca de 80% dos institutos de previdência do Brasil.

Sobre essa questão, Machado disse que realmente houve contato com o superintende e com gerentes da Caixa, mas afirmou que por dar autonomia ao diretor do Ipremu não iria se envolver. Em entrevista, Machado disse não ter feito isso para que não fosse acusado de tráfico de influência.

 

LEGISLATIVO

Presidente da CPI e ex-prefeito trocam farpas

O presidente da CPI, vereador Wilson Pinheiro (PP), classificou o depoimento de Gilmar Machado como lamentável. “O ex-prefeito agiu aqui como o ex-presidente Lula: disse que não sabia de nada e colocou a culpa na dona Marisa, que esta morta”, afirmou Pinheiro.

No momento em que teve o áudio do microfone cortado, Machado disse que estava sendo intimidado pelo vereador, mas que não sentiria medo. Inclusive, disse que não sentia medo do legislador nem mesmo quando Pinheiro “andava armado”.

Sobre isso, Pinheiro afirmou que são outros tempos e que tem porte de arma, mas que não anda com ela mais. “Realmente precisamos de arma para lidar com bandido”, afirmou Pinheiro.

Para finalizar, Pinheiro disse que todos os depoimentos colhidos serão organizados pelo relator, vereador Juliano Modesto (SD). “Esperamos que ele finalize esse processo até o prazo final, que é 9 de julho, e depois os documentos devem ser enviados para os Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MPE) para dar continuidade”, disse Pinheiro.

 

CPI

A CPI foi instaurada a partir do resultado da auditoria realizada pela atual gestão municipal, que apontou um montante de R$ 340 milhões alocados em fundos de risco, sem garantias e sem liquidez. Ainda de acordo com o levantamento, no período de 2013 a 2016, o déficit atuarial do instituto aumentou em R$ 1,3 bilhão, passando de R$ 890 milhões para R$ 2,2 bilhões. O déficit atuarial é o registro da diferença entre os bens e direitos, e as obrigações apuradas no final de um registro contábil.

Ao divulgar o resultado na época, o prefeito Odelmo Leão disse que o prejuízo com as aplicações feitas na gestão passada chegava próximo de R$ 95 milhões. O ex-prefeito Gilmar Machado rebateu as indagações.

Cerca de 12 mil servidores contribuem com o Ipremu, que tem hoje aproximadamente 3,5 mil aposentados e pensionistas.


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