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20/05/2017 às 10h22min - Atualizada em 20/05/2017 às 10h22min

Minas Gerais tem safra recorde de azeitonas

Estado colheu 365 toneladas e extraiu 42 mil litros de azeite

Agência Minas
Belo Horizonte
Foto: Samantha Mapa

A produção de azeite mineiro registrou safra recorde neste ano. Após o término da safra na Mantiqueira, na primeira semana de abril, foram contabilizadas 365 toneladas de azeitona colhidas e 42 mil litros de azeite extraídos, volumes que superaram a expectativa dos produtores para 2017. Os dados foram divulgados na última semana.

O número da extração de azeite é 420% maior em relação a 2016 - ano em que a safra foi prejudicada devido à condições climáticas -, e representa quase o dobro da safra 2015, em que foram extraídos 25 mil litros.

Minas Gerais entrou na rota de produção e processamento de azeite há nove anos - a primeira extração experimental, feita pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) no Campo Experimental em Maria da Fé, no Território Sul, aconteceu em 2008. Quase dez anos depois, o Estado atesta o potencial para a cultura, com mais de 180 olivicultores e cerca de 50 municípios da região da Serra Mantiqueira investindo na produção do fruto.

“Para este ano, queríamos extrair 40 mil litros, mas superamos o número. Isto se deve, principalmente, à nossa condição climática favorável, à maturidade das nossas oliveiras e ao aumento das áreas plantadas”, explica o presidente da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive), Nilton Caetano. Hoje, a Assoolive tem 50 associados.

O principal polo produtor de oliveira no país está localizado na Serra da Mantiqueira, que inclui os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, além de Minas Gerais - onde está a maior parte da produção. A serra, que fica a 1,3 mil metros de altitude, é o ambiente ideal para o desenvolvimento das árvores, que precisam do frio para dar a flor. “Temos hoje 1,8 mil hectares plantados, com cerca de 700 mil árvores em produção”, pontua Caetano.

DESAFIOS

Com a expansão da atividade no Estado, aumentam também os desafios. Segundo Nilton Caetano, como a cultura é nova no país, a produtividade ainda é pequena em relação a outros países, como a Espanha, maior produtor de azeite do mundo. Enquanto lá uma árvore madura (que tem em média 10 anos) produz 35 quilos de azeitona, aqui, colhem-se dez quilos do fruto.

“Nosso azeite tem qualidade excelente, e, quanto mais novo o azeite é, melhor. Como temos condições de comercializá-lo até 20 dias depois da sua extração, ele é muito mais saboroso do que os importados, que chegam para nós com um ano já de produção”, afirma o presidente da Assoolive. “Temos que melhorar cada vez mais o produto. Pretendemos, inclusive, lançar em 2018 um selo de origem em parceria com a Epamig, para atestar a qualidade do azeite produzido aqui, que está dentro dos padrões estipulados pela lei”, diz.

Olivicultoras há sete anos, Isabel Carneiro e sua sócia, Ângela Duvivier, já chegaram a colher 13 toneladas de azeitona na propriedade em Aiuruoca, Território Sul. “Estamos em uma reserva natural, então o nosso produto é todo orgânico. Em 2015, tivemos nossa maior safra, o que consumiu muitos nutrientes do solo. Entramos com adubação, um processo mais lento, pois não queremos perder a qualidade do nosso azeite e nem a sustentabilidade”, afirma Isabel.

No terreno, as sócias mantêm 5.150 pés de oliveira, e se orgulham de produzir o que chamam de “azeite 100% azeite”, isto é, puro. “Começamos a consumir azeite de verdade, e a saber diferenciar. O produto brasileiro é maravilhoso, tem um sabor diferente. Não consigo mais utilizar outro azeite”, disse Isabel Carneiro. No ano passado, o azeite produzido por elas ganhou um concurso internacional de azeite de oliva extravirgem na Itália. Entre 400 rótulos, foram sete vencedores.

MERCADO

Estado é pioneiro na produção de azeite

Epamig fez a primeira extração de azeite no Brasil / Foto: Epamig/Divulgação

Além de pesquisar a cultura da oliveira na Serra da Mantiqueira há 40 anos e de ter realizado a primeira extração de azeite de oliva no Brasil, a Epamig faz a extração do azeite de oliva na região, produzindo com tecnologia da empresa para outros olivicultores. A unidade extratora tem capacidade de processamento de 100 kg/hora.

De um total de 66 variedades de oliveira registradas no Ministério da Agricultura, oito foram desenvolvidas pela Epamig. No banco de germoplasma mantido no Campo Experimental em Maria da Fé estão disponíveis 68 cultivares, sendo 35 delas fruto de pesquisas e melhoramento genético pela empresa.

“Temos a tecnologia desenvolvida. Então, essas mudas que disponibilizamos hoje aos produtores já estão bem adaptadas ao nosso clima”, destaca o coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Epamig, Luiz Fernando de Oliveira.

Entre as cultivares desenvolvidas pela Epamig e muito bem adaptadas no Estado estão a Maria da Fé, a Ascolano 315, a Grappolo 541 e a Grappolo 575. Destas, só a Grappolo 575 não tem, ainda, registro no Ministério da Agricultura.

“Não havia nenhuma base para a cultura no Brasil, fomos pioneiros. Já temos azeite em outros Estados brasileiros, e tudo começou em Minas Gerais. Mas, ainda temos muitos caminhos a percorrer e coisas a melhorar”, disse Luiz Fernando de Oliveira.

 


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