Arte leva cor para a vida de crianças em tratamento

Pacientes, acompanhantes e voluntários no espaço Alegrarte, na Brinquedoteca

Durante a manhã de ontem pacientes da pediatria do Hospital do Câncer de Uberlândia e seus acompanhantes tiveram uma manhã especial na Brinquedoteca da instituição, que está mais completa. O grupo Luta Pela Vida lançou ontem o Alegrarte, este é o nome pelo qual o projeto de manutenção do Espaço de Apoio Pedagógico Artístico e Cultural do Grupo Luta Pela Vida passará a ser conhecido. Agora, em uma mesma área, além de acesso aos livros, brinquedos e videogames eles terão as oficinas de Fotografia, Pintura, Artesanato e Bijuteria. “Dessa forma as crianças transitam melhor com tudo em um só lugar, sem precisarem se deslocar. Terminam uma atividade já partem para a outra, o que melhora também a dinâmica. As crianças gostam disso e em muitas delas surgem o desejo de serem artistas ou fotógrafos”, afirma o coordenador pedagógico Leonardo Augusto de Almeida, do grupo Luta Pela Vida.

O espaço é preenchido por tanta alegria, tanta cor, tantos sorrisos que é fácil se esquecer que estamos dentro de um hospital. Ageu Pereira Bastos, de 9 anos, há quatro meses em tratamento, era um dos mais animados com as câmeras fotográficas adquiridas para a nova edição da oficina de fotografia. A intimidade com o equipamento era tanta que parecia que ele já o usava há tempos, mas não. “Peguei pela primeira vez hoje”, disse.

Para a mãe de Ageu, Rute Pereira dos Santos, as atividades da brinquedoteca são um atrativo a mais para ajudar no tratamento do câncer. “Se viéssemos aqui só para consultas, medicação, o tratamento em si, não seria a mesma coisa. Aqui ele se distrai, aprende e fica feliz em compartilhar isso com os colegas”, disse.

Pelo terceiro ano seguido, as oficinas de fotografia ficam por conta de Cíntia Guimarães e Sandra Freitas. “Eles levam o projeto a sério aqui dentro mas gostam ainda mais quando saímos para fotografar outros pontos da cidade. Agora, com os novos equipamentos esse trabalho vai ficar ainda melhor”, comenta Cíntia Guimarães. Neste ano, o tema das oficinas será o Rio Uberabinha, por isso o evento de lançamento foi ontem, no Dia Mundial da Água.

Sandra Freitas lembra aos aspirantes a fotógrafo o quanto é importante ter zelo e cuidado com o material adquirido. A compra das 16 câmeras profissionais Nikon foi possível porque a empresa que apoia a Brinquedoteca desde 2003, Guaraná Mineiro, teve o Alegrarte contemplado na Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais. “É a primeira vez que visito esse espaço e fico surpreso. É muito interessante a forma como as crianças ficam imersas nas oficinas, brincadeiras. Estão muito felizes e para nós é uma honra ajudar a proporcionar isso”, disse José Arnaldo da Silva, gerente de Vendas do Guaraná Mineiro.

A produção de telas e fotografias irão compor uma mostra fotográfica e a produção de 500 livros que serão entregues às crianças em tratamento oncológico e nas bibliotecas das escolas municipais de Uberlândia. 

CELEBRIDADES

Anjos da Alegria são cercados pelos jovens fotógrafos

ADREANA OLIVEIRA

Jacques Pierre Atchim posa para a lente de Ageu Pereira Bastos

Quando os palhaços PaliPali e Jacques Pierre Atchim, do grupo Anjos da Alegria, entraram no Alegrarte sentiram-se como se estivessem no tapete vermelho de uma estreia em Hollywood. Eram tantos flashes, tantos pedidos de fotos e eles se derreteram para as lentes das crianças. Ana Júlia, que chegou tímida, não se preocupava em pedir novas poses para os palhaços. Ela tem nove anos, está há quase dois meses em tratamento e mostra com orgulho as fotos já registradas durante a manhã. “Quero fazer mais”, diz ela logo que vê algo interessante na sala. Para a mãe de Ana Júlia, Renata Silva, as atividades ajudam a menina a manter a alegria e a positividade durante o difícil período do tratamento do câncer.

As oficinas de Pintura dadas por Maria Clara Ferraz também terão como fonte de inspiração principal o Rio Uberabinha. Durante o semestre várias atividades acontecerão no espaço Alegrarte e também às margens do rio. “Eles são muito dedicados, por isso produzem trabalhos maravilhosos”, afirma Maria Clara.

A voluntária Maria Letícia Rocha de Souza abre o sorriso quando vê o espaço dedicado às crianças em tratamento. Ela está no Luta Pela Vida há 17 anos e lembra de quando isso era apenas um sonho. “A gente ficava em uma casa alugada e só tinha um corredor para as crianças. Hoje elas têm esse lindo espaço onde aprendem e brincam. Isso levou a uma mudança de atitude porque o que era um suplício, a vinda para o tratamento, tornou-se uma alegria por conta das atividades lúdicas. Já vi criança chorando nos corredores do hospital por ter terminado o tratamento e não participar mais das atividades”, recorda.

Isabela está praticamente curada. Agora precisa ir ao hospital uma vez por ano para acompanhamento, mas faz questão de continuar nas oficinas. “Desde os seis anos eu já fazia as oficinas de pintura e gosto muito, agora vou fotografar também”, disse a jovem pisciana que completou 12 anos na semana passada.