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01/02/2017 às 08h23min - Atualizada em 01/02/2017 às 08h23min

Empresas a venda, oportunidade ou armadilha?

*Por Marcílio Ribeiro

Uma pesquisa realizada pelo Sebrae em 2015 revelou que 34% da população brasileira deseja ter o próprio negócio, empreender uma atividade ou deixar de ser empregado. Além de seguir a “carreira de patrão”, ainda é possível entrar em uma sociedade, adquirir a franquia de um negócio já testado ou, ainda, investir em uma empresa já existente.
É crescente o número de ofertas de empresas e negócios à venda, frases como “vendo empresa de sucesso”, “passa-se o ponto”, “ótima oportunidade” ou “seja um empresário”, estão por toda parte. É nesse momento que surge a dúvida: investir em algo novo ou adquirir uma empresa já existente?
Os dois questionamentos pedem algumas reflexões por parte do potencial empreendedor, como: tenho empatia pelo ramo de atividade da empresa à venda? Qual a experiência necessária? Possuo capacidade de liderança e gestão? Tenho capital e tempo disponível para dedicar ao empreendimento? Antes de investir em um negócio que esteja à venda, é importante avaliar o motivo real de venda da empresa, se o antigo proprietário deve investir em outra atividade, e como está a saúde financeira da empresa.
A aquisição de um negócio já existente permite trabalhar dados e informações concretas, lidar com estruturas em funcionamento e ter contato com o cliente. É possível ainda verificar a participação atual de mercado, os níveis de faturamento. São sugeridos diversos procedimentos de avaliação, dentre eles, a contratação de um contador e um advogado, além da elaboração de um contrato com cláusulas que contemplem a exclusividade na negociação por um período de tempo e formalização das informações solicitadas e fornecidas.
Ressaltam-se aspectos que necessitam de atenção do comprador:
Financeiros: custos fixos e variáveis, lucratividade, rentabilidade, prazo de retorno do investimento, índice de inadimplência e necessidade de capital de giro,
Mercadológicos: carteira e fidelização de clientes e fornecedores, nível de participação no mercado, localização do empreendimento, portfólio de produtos e serviços, preços praticados, e a atuação dos concorrentes.
Trabalhistas: qual o perfil da equipe de colaboradores, funções, responsabilidades, e desempenho, valor das custas rescisórias, registro dos funcionários e recolhimento dos encargos e eventuais processos trabalhistas em curso.
Uma vez realizada a pesquisa de informações, as visitas ao negócio e a vivência de seu dia a dia, o empreendedor precisa refletir sobre questões como a veracidade das informações e se o valor solicitado é coerente com a pesquisa realizada. Na sequência ao processo de negociação e eventual aquisição do empreendimento, devem ser considerados aspectos por parte do comprador, tais como:
Serão concedidos descontos no valor de aquisição da empresa em decorrência de problemas detectados?
Existe possibilidade de reter, mediante negociação, uma parcela do pagamento para eventuais passivos a surgir no futuro? 
O investimento na aquisição do negócio é maior ou menor do que a abertura de uma empresa nova?
Outra questão importante é a análise do contrato de compra e venda. Ele deve conter inventário dos bens, detalhamento das obrigações fiscais e trabalhistas, a relação de registro de marcas, patentes, softwares, sites, redes sociais, transferência de números telefônicos, e-mails, concessões, contratos de exclusividade e demais direitos de uso. O contrato deve conter também uma cláusula de não concorrência para os próximos cinco anos, inibindo o vendedor da empresa a abrir negócio similar neste período, podendo existir proibição de atuação geográfica, negociação com clientes e fornecedores atuais;

*Analista técnico do Sebrae Minas

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