Pela primeira vez em 64 anos, Uberlândia não terá o tradicional desfile das escolas de samba e blocos carnavalescos durante o período de Momo. Com o Município tendo deflagrado calamidade financeira no início de janeiro, e sem o pagamento das parcelas da subvenção que deveriam ter sido repassadas ainda na gestão anterior, as agremiações ficaram sem dinheiro para contratar mão de obra e adquirir o material necessário para a confecção das fantasias e carros alegóricos.
A notícia deixou muito folião decepcionado, especialmente quem já vinha preparando o espírito e a roupa para desfilar na avenida . Mesmo sem dinheiro, as escolas ainda tinham em estoque um pouco de material que sobrou do carnaval passado. “Quando termina um carnaval, a gente já começa a pensar no próximo. Mas sem recursos, a ideia ficou só no papel”, diz o presidente da Tabajara, atual campeã do carnaval uberlandense, Leocídio da Silva. Ele conta que a escola já estava pronta para gravar o CD com o samba-enredo, mas recuou depois da confirmação de que não haverá o desfile.
A Associação das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Uberlândia (Assosamba) ainda negocia junto a um grupo de empresários ajuda para a realização de um evento provavelmente no dia 27 de fevereiro, com apresentação das baterias e dos integrantes de todas as escolas e blocos da cidade. A intenção é fazer um grito de carnaval. Entre os locais estudados estão o Parque de Exposições do Camaru e uma avenida na região Central. O evento, no entanto, não terá recursos públicos. A Prefeitura faria apenas a análise da documentação para o fornecimento de alvarás e fechamento de ruas, caso se confirme a realização em espaço público.
Apesar do decreto municipal, publicado no início de janeiro, que coloca o Município em estado de calamidade financeira, a Assosamba chegou a fazer uma última tentativa para viabilizar o carnaval na avenida Monsenhor Eduardo. “Chegamos a protocolar um ofício na Prefeitura pedindo a contratação de seguranças, som, palco e banheiros químicos, mas o pedido foi respondido negativamente”, diz Willian Couto, presidente da Assosamba.
Sem o tradicional desfile, a Assosamba fechou uma programação com as escolas para não deixar o carnaval morrer, literalmente, durante os quatro dias. Cada escola fará um grito de carnaval em sua quadra ou local de ensaio entre os dias 24 a 27 de fevereiro. Também está previsto a realização de um baile para apresentação do Reinado de Momo, provavelmente no dia 17 de fevereiro. Ao contrário dos anos anteriores, os integrantes da Corte carnavalesca não serão eleitos. A intenção é que a Corte de 2016 faça as honras no baile.
Subvenção
Ao longo dos anos, a realização do carnaval de rua em Uberlândia depende, basicamente, de recursos públicos. A verba é repassada às agremiações na forma de subvenção, dividida em três parcelas. Tradicionalmente, as duas primeiras parcelas, que representam cerca de 50% dos recursos, são repassadas nos meses de outubro e novembro e a terceira, no começo do ano.
Segundo as escolas, a gestão passada não fez os repasses. A alegação era que a prestação de contas das escolas na época não havia sido apresentada. Com o Município em dificuldade financeira neste ano, os repasses para qualquer evento de cunho festivo ou comemorativo estão suspensos por seis meses.
Nos anos anteriores, o Município é que se responsabilizava pela contratação de estrutura necessária para a realização do desfile e shows, como montagem de palco, arquibancadas, camarotes, artistas, iluminação, som e seguranças.
Nos últimos três anos o desfile aconteceu na avenida José Roberto Migliorini, em frente ao Parque do Sabiá.