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18/09/2024 às 08h00min - Atualizada em 18/09/2024 às 08h00min

Cenário Global: decisões cruciais, volatilidade política e o futuro econômico

ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA
Como o cenário internacional e nacional moldam o futuro dos juros e da inflação
A “Super Quarta-feira”, marcada para 18 de setembro de 2024, representa um momento decisivo tanto para a economia brasileira quanto para o cenário global, com expectativas voltadas para as decisões do Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos e do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil. Esses eventos ganham ainda mais relevância diante de um contexto econômico desafiador, onde as pressões inflacionárias, o crescimento econômico chinês, as eleições americanas e o cenário político mexicano desempenham papéis importantes.

Relatório Focus e Perspectivas da Selic no Brasil
O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (16), trouxe revisões nas expectativas inflacionárias e na taxa básica de juros do Brasil. A projeção para a Selic em 2025 foi elevada para 10,50%, enquanto a estimativa para 2024 permaneceu em 11,25%. Essa revisão reflete o aumento das expectativas de inflação, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024 subindo para 4,35%, e para 2025, para 3,95%. Diante desse cenário, espera-se que o Copom adote uma postura mais conservadora, elevando a Selic em 0,25 ponto percentual, alcançando 10,75%.

Essa postura é motivada pela necessidade de conter pressões inflacionárias e pela recente divulgação do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que apresentou uma desaceleração menor do que a esperada, reforçando a ideia de que o Banco Central manterá sua política monetária rígida por mais tempo. Além disso, o resultado das decisões do Fed poderá impactar significativamente os mercados emergentes, incluindo o Brasil.

Expectativa Global e Decisão do Federal Reserve
Enquanto no Brasil a Selic segue como foco central, nos Estados Unidos, a expectativa está em torno da possível flexibilização da política monetária pelo Federal Reserve. Após um ciclo de elevações nas taxas de juros, o Fed poderá anunciar um corte de até 50 pontos-base, o que sinalizaria o início de um movimento de afrouxamento. Esse cenário é visto como uma resposta às pressões sobre a economia americana, que começa a desacelerar após anos de crescimento.

No entanto, a coletiva de imprensa de Jerome Powell será crucial para determinar os próximos passos do Fed. O mercado espera orientações mais claras sobre o rumo da política monetária americana, especialmente em um contexto em que a volatilidade no mercado de ações dos EUA ainda é alta, com setores defensivos, como imóveis e serviços públicos, liderando os ganhos. A redução nas taxas de juros poderá aliviar a pressão sobre o dólar, beneficiando moedas de mercados emergentes como o real.

Pressão sobre a Economia Chinesa
A economia chinesa também figura como um ponto de atenção. Com a meta de crescimento anual de 5% ameaçada, as autoridades estão sob forte pressão para intensificar os estímulos fiscais e monetários. No entanto, os sinais de desaceleração, evidenciados pelo fraco crescimento da produção industrial em agosto, sugerem que o atual nível de intervenção pode não ser suficiente para sustentar o ritmo de crescimento. Esse cenário tem implicações diretas no comércio global, afetando principalmente países que dependem da demanda chinesa por commodities, como o Brasil.

Volatilidade nas Eleições Americanas e Impacto nos Mercados
Outro fator que aumenta a incerteza global são as eleições presidenciais nos Estados Unidos, previstas para novembro de 2024. O ambiente eleitoral, já marcado por tensões políticas, ganhou ainda mais complexidade após uma nova tentativa de assassinato contra o ex-presidente Donald Trump. Essa volatilidade política gera impactos significativos nos mercados americanos, tradicionalmente sensíveis a eventos eleitorais. Historicamente, os mercados tendem a reagir negativamente nos dois meses que antecedem as eleições, o que pode amplificar as incertezas globais.

México: Reforma Judicial e Perspectiva Volátil
Além dos EUA, o México também contribui para a volatilidade global com a aprovação de uma controversa reforma judicial pelo novo congresso. As mudanças já começaram a influenciar o comportamento dos mercados locais, aumentando a incerteza política e econômica. A volatilidade no México pode gerar reflexos em outras economias da América Latina, amplificando os desafios para investidores na região.

Principais Índices e Commodities Globais
Na Europa, os mercados refletem otimismo, com o índice Stoxx 600 e o FTSE 100 registrando altas na terça-feira (17). Nos Estados Unidos, os futuros do S&P 500 e Dow Jones também avançaram, impulsionados pelas expectativas sobre o Fed. Já o mercado asiático, liderado pela bolsa japonesa Nikkei 225, apresentou queda, refletindo a desaceleração na China e o feriado em importantes economias da região. No setor de commodities, o petróleo segue em alta, enquanto o Bitcoin também registrou valorização, operando acima de US$ 59 mil.

Conclusão: Expectativas sobre a Super Quarta
A "Super Quarta" de 18 de setembro de 2024 será decisiva para o futuro da política monetária global e seus impactos nos mercados. As decisões do Copom e do Fed moldarão o cenário para as economias emergentes, como o Brasil, ao mesmo tempo em que as incertezas na China e as eleições americanas mantêm os mercados em estado de alerta. Com pressões inflacionárias elevadas e sinais de desaceleração global, o ambiente continua desafiador, exigindo cautela por parte dos investidores e atenção redobrada às ações dos bancos centrais.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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