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16/06/2020 às 09h34min - Atualizada em 16/06/2020 às 09h34min

O CRUZEIRO DA SAUDADE

ANTÔNIO PEREIRA
Uma das poucas propriedades rurais, na nossa região, que não saíram da família dos primeiros donos, é a Fazenda da Saudade, desmembrada das terras de João Pereira da Rocha, primeiro entrante, nas áreas do futuro município de São Pedro de Uberabinha, com intenção de permanência. Foi constituída por Francisco Pereira de Rezende, filho de Manoel Alves Pereira e Genoveva Pereira de Rezende e neto do primeiro entrante.

A sede foi construída em 1899, no campo, ao lado das matas que margeavam o rio das Velhas. Era de madeira rebocada e o chão de terra batida. Construíram um engenho de pau, um moinho, um socador e um paiol subterrâneo.

O Chico era bom construtor de moinhos. Buscava as pedras num lugar chamado Campestre às margens do Rio das Velhas. Fazia moinhos para toda a família, que era imensa.

Pouco tempo depois de instalada a fazenda, o Chico mandou construir no morro mais alto, um cruzeiro de madeira, onde as famílias das proximidades se reuniam por ocasião das festas religiosas e para as orações eventuais.

Há histórias para justificar o erguimento do cruzeiro. Uma delas diz que membros da família foram a Goiás negociar terras e, no retorno, um dos jovens veio a falecer vítima de doença desconhecida. Como era muito religioso e tinha promessa a cumprir, a família, para desobrigá-lo, construiu o cruzeiro. Outra história diz que foi em cumprimento de voto da família Pereira em pagamento da cura de um parente. E, por fim, a história sobrenatural: ergueram um monjolo sem água para tocá-lo. Planejou-se puxar água de um açude de outra fazenda ali de perto. Só que, antes de a água chegar, ele começou a socar, só de noite. Era um tormento aterrorizante. A família fez o voto de construir um cruzeiro e assim que ele foi erguido, e o monjolo parou de socar.

Depois do cruzeiro, construíram um rancho que abrigava as famílias que vinham para suas penitências e orações.

Depois, fizeram a capela, ao lado do cruzeiro. A capela passou por várias reformas sendo a última em 1954 quando foi ampliada.

Velho e estragado, o cruzeiro primitivo foi derrubado e enterrado ao lado da capela. Construiu-se em seu lugar outro de concreto.

A capela continua recebendo famílias devotadas à religião onde são rezados terços ao pé do cruzeiro e missas quinzenais e, quando a festa é mais significativa, são incrementadas com a presença de grandes artistas da área sertaneja.
 
  
Fontes: Gentil Alves Pereira, Wallace Torres



Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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