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13/03/2019 às 09h37min - Atualizada em 13/03/2019 às 09h37min

Círculos de confiança

FERNANDO CUNHA | JORNALISTA E PALESTRANTE
Confiar nas pessoas talvez seja um dos maiores desafios de qualquer profissional ou líder na atualidade. Confiar exige conhecimento profundo das habilidades técnicas e, principalmente, do grau de comprometimento de cada colega ou membro da equipe. Quando delegamos responsabilidades a alguém estamos comunicando de maneira subliminar que confiamos naquela pessoa. Quanto mais desafiadora é a tarefa delegada, mais confiança o líder deposita no liderado. Da mesma forma, quanto mais responsabilidade é exigida, mais o liderado se sente importante para o líder e para a empresa. É uma via de mão dupla, mas para chegar ao ponto de confiar piamente em alguém pouco conhecido, devemos nos comprometer com o crescimento profissional dessa pessoa e potencializar de maneira explícita suas ações e conquistas.

Muitos passam pela situação de não contratar um profissional porque ele não possui experiência. Talvez até já tenhamos nos indagado: “como este profissional adquirirá experiência se não tiver uma oportunidade”, mas preferimos não arriscar. Da mesma forma, talvez já devamos ter evitado delegar alguma função ou responsabilidade, ou negado uma oportunidade a um liderado inexperiente por falta de confiança nele e pensamos que, talvez, se déssemos uma chance a essa pessoa, ela até poderia se sair bem, mas, novamente, preferimos não arriscar. Sabemos que confiar uma tarefa a um desconhecido ou a alguém inexperiente é um risco, mas também sabemos que se não arriscarmos em determinado momento nunca descobriremos novas potencialidades e talentos.

Normalmente, criamos espécies de círculos de confiança. Imagine uma roda de bicicleta, por exemplo. O aro é o círculo externo, onde ficam as pessoas menos “confiáveis”, digamos assim. No centro, onde fica a coroa e a catraca, é o círculo interno, onde estão os colaboradores mais confiáveis. Tendemos a considerar dignos de entrar no círculo interno somente os colaboradores que demonstram resultados expressivos, ignorando a possibilidade de oferecer novas oportunidades aos que estão nos pontos periféricos. Acontece que ninguém pode mostrar do que é capaz se não surgirem oportunidades para tal. Limitando os nossos círculos de confiança, nunca permitiremos que novas pessoas cheguem ao centro, pois a tendência é sempre contar com os mesmos colaboradores que já estão num nível elevado de confiança.

Uma alta dose de autoconfiança talvez seja uma solução para o impasse. Como podemos correr riscos se não confiarmos em nossas próprias habilidades para delegar tarefas e responsabilidades? Criar o hábito de apoiar as pessoas é uma forma de ganhar o comprometimento delas. Quando trocamos o conceito de “ganhe a minha confiança” pelo “você tem a minha confiança” a chance de obtermos sucesso é infinitamente maior. Quando ampliamos o raio de nossos círculos de confiança podemos gerar novas oportunidades a outros membros da equipe. E isso motiva as pessoas. É a mesma situação de um treinador de futebol que não coloca os reservas para jogar. Se não tirarmos alguns jogadores do banco para jogar, eles perdem a motivação e vão buscar oportunidades em outros times.

Por isso, a maneira como nos comunicamos ao delegar uma tarefa a quem não confiamos plenamente é de extrema importância. Quando dizemos: “veja se você consegue fazer isso”, já demonstramos falta de fé naquilo que o indivíduo é capaz de fazer. Agora, quando dizemos: “eu sei que você é capaz”, desperta no outro toda a sua vontade de acertar e obter sucesso, justamente para fazer jus àquele voto de confiança que demos a ele. Acreditar em alguém e verbalizar isso para essa pessoa aumenta a sua capacidade de execução, pois alimenta a autoconfiança dela. Criar um clima positivo e de sucesso é responsabilidade do líder e para isso acontecer efetivamente ele deve ampliar o raio de seus círculos de confiança.

E como podemos fazer isso? O sucesso de nossos liderados se resume em adotarmos três comportamentos: proteção, permissão e potência. Proteção é quando nos preocupamos com as pessoas e dizemos a elas que, independentemente dos resultados, temos a certeza de que elas farão o melhor, pois sempre poderão contar com nosso apoio. Permissão é quando nos responsabilizamos pelo crescimento profissional delas, oferecendo oportunidades para que se destaquem. Potência é quando damos importância às ações. É como jogar fogo na gasolina. É aflorar o máximo de comprometimento e responsabilidade da outra pessoa com a palavra de ordem: “vá lá e arrasa”!
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