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10/08/2021 às 08h10min - Atualizada em 10/08/2021 às 08h10min

Após prata na Olimpíada, busca por produtos e serviços ligados ao skate cresce 60%

Grupo de skatistas pede reforma e mais espaço para a prática do esporte na cidade

GABRIELE LEÃO
Rodrigo Oliveira conquistou o título de campeão mundial em Praga, na República Tcheca, em 2006 | Arquivo Pessoal
O fenômeno ‘fadinha’ Rayssa Leal, de 13 anos, deixou o Brasil eufórico nas Olímpiadas de Tóquio 2020, realizada neste ano. E em Uberlândia, o efeito Rayssa fez crescer em 60% as vendas do comércio local do ramo de skate e aumentar em 50% a procura por aulas da modalidade, além de animar diversos atletas da profissão.

Marcelo Araújo é dono de uma loja de produtos para skates e streetwear na cidade e há 20 anos é atleta do esporte. “Participei de diversos campeonatos e fui campeão do circuito maremoto Inter Paulista em 2008, mas parei em 2009 pela falta de incentivo. Em 2018, dei início à minha loja, após alguns anos trabalhando com produtos relacionados à modalidade, que de lá pra cá foi crescendo. Depois do sucesso nas Olimpíadas, tive aumento de 60% na procura por skates e mais itens”, comentou o empresário e skatista.

André Luiz, conhecido como Batman, é proprietário e professor de uma escola de skate e esportes radicais, e nos últimos dias já registrou crescimento de 50% na procura pela modalidade. “Um dia após a medalha da Rayssa, tivemos um retorno instantâneo na procura por aulas de skate, e isso é uma coisa muito boa, pois além de mostrar o apoio dos pais que desejam que o filho procure um esporte, também influencia na descriminalização desse esporte. Há 35 anos ando de skate e posso dizer com toda a certeza que esse esporte mudou a minha vida”, contou. O empresário comentou que em menos de 10 dias registrou mais de 19 novos alunos na modalidade.

IMPACTO EM UBERLÂNDIA
Mas não foi apenas no comércio que a medalha de prata impactou Uberlândia. Isso porque há quase 15 anos a cidade busca ter um espaço próprio para a prática do esporte. Segundo o estudante de Ciências Sociais e skatista Gustavo Henrique de Lima Ribeiro, “há um galpão na cidade que é ponto de referência para os skatistas da cidade e, nos últimos dois anos, com a pandemia e mais acessibilidade pelo esporte, que é praticado ao ar livre, houve maior número de frequentadores. Com isso, temos uma auto-organização, existente há dois anos, que através de vaquinhas e doações, ajudaram a equipar o local com rampas, blocos e obstáculos para a realização do esporte. O valor arrecadado chega a mais de R$ 30 mil e por semana recebe em média 150 pessoas”, comentou.



O vice-presidente da auto-organização e engenheiro acústico Alan Dante comentou que “essa é a sétima maravilha do skate, localizada em Uberlândia. O skate vem crescendo nos últimos 10 anos e o que aconteceu em Tóquio trouxe mais visibilidade. Hoje, a nossa luta é para haver um local onde podemos oferecer condições para que o esporte seja realizado, e principalmente que seja projetado por skatistas. Fizemos uma vaquinha e projetamos um local e enviamos para a Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel), com todas as adequações há quase dois anos, mas ainda não tivemos o retorno”, contou.

Rodrigo Oliveira Assis é um dos grandes nomes de Uberlândia. Além de ser um dos pioneiros do galpão, ele também foi campeão mundial da modalidade em Praga, na República Tcheca, em 2006. “Conheci o skate quando tinha 11 anos de idade, meu vizinho comprou um skate na época e eu automaticamente acabei conhecendo. Depois disso nunca mais parei. Comecei a competir desde muito novo, os campeonatos de skate sempre foram uma grande festa e eu queria estar em todos que estivessem ao meu alcance. Me profissionalizar foi um processo natural na época, mas, desde os primeiros eventos que participei, eu consegui ficar bem colocado, mesmo sem muito treinamento na época. Então isso acabou me motivando a treinar mais e me dedicar mais, a partir disso, busquei dar o meu melhor e correr atrás dos meus sonhos”, contou.

“O nível de skate vem evoluindo de uma forma absurda, nunca vi tanta parte de vídeo e tanta manobra como hoje. A nova geração está vindo com força total. Em relação às Olimpíadas, acredito que foi bom no sentido de termos o argumento da vez que é o skate ser um esporte olímpico agora, querendo ou não isso melhora a comunicação com o governo e facilita a construção de novas pistas, por exemplo”, comentou Rodrigo.

Marcelo ainda completou: "O nosso lema hoje é o D.I.Y. (Do it yourself - faça você mesmo). Já que não temos representantes que fazem por nós, nós mesmos fazemos. A nossa união é o que faz acontecer e promove um espaço integrado para o esporte", comentou. O empresário também é dono de uma casa da materiais para construção e hoje é o responsável financeiro do grupo. “Todo material para a construção sai da minha loja no preço de custo. O esporte só sobrevive na cidade e é tão forte graças a nossa união”, disse.  

Em Uberlândia, além do galpão utilizado para o esporte, um projeto foi desenvolvido pela Prefeitura de Uberlândia, próximo às atividades do Parque do Sabiá, além de uma pista no Poliesportivo Jardim América.

EM NOTA
Em nota, a Futel informou que: “O projeto de reforma está em andamento e aguarda retorno da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Paranaíba (AMVAP) com todos os detalhes do orçamento. Em seguida, informará sobre a execução do projeto".
 

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