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30/09/2020 às 08h00min - Atualizada em 30/09/2020 às 08h00min

Flávio Gomide faz balanço do mandato no Verdão

Diário traz entrevista exclusiva com o atual presidente do clube, que não tentou reeleição

IGOR MARTINS
Gomide estava à frente do clube desde 2018 e não quis tentar reeleição | Foto: Arquivo Pessoal

O Uberlândia Esporte Clube terá novo comando nos bastidores a partir de 2021. Isso porque o atual presidente do clube, Flávio Gomide, optou por não tentar a reeleição para o triênio 2021/23.

Em entrevista ao Diário, Gomide falou sobre a sua passagem pelo clube, que começou em 2018, e deu mais detalhes sobre a vida do time fora das quatro linhas, bem como títulos, problemas financeiros, pandemia e sobre como ele deixa o Verdão para a próxima gestão, que assumirá o Uberlândia Esporte Clube em janeiro.

Seu mandato começou com uma queda para o Módulo II, sendo o time com pior campanha no estadual de 2018. O que deu errado no início?
Deu errado porque eu assumi em janeiro um time milionário, onde não assinei um contrato sequer e peguei, do dia para a noite, o time mais caro da história do Uberlândia, com a tabela mais difícil da história do Campeonato Mineiro. Cinco jogos em casa, seis fora e ainda pegando o Atlético-MG com um super time de libertadores em casa e o América-MG campeão brasileiro da Série B em casa. Naquele ano, jogamos três partidas em casa. Infelizmente lutamos com todas as forças, mas não conseguimos.

Ao assumir o mandato, você disse que um dos objetivos era profissionalizar o departamento jurídico. Este objetivo foi cumprido?
Sim, foi cumprido. O departamento jurídico evoluiu muito. Agora não são mais colaboradores. Antes da minha gestão, tinha apenas uma advogada e alguns colaboradores. Um diretor jurídico me mostrou o monte de processos perdidos, inclusive com decisões à revelia. Ou seja, o UEC nem representante legal para defender a instituição no ano passado mandava para proteger o Verdão. Nesta gestão, eram três advogados na área trabalhista, três na civil, dois para situações políticas mais importantes e dois para processos pessoais. Tivemos dezenas de penhoras retiradas, diminuição nos processos trabalhistas em geral, vitórias nos tribunais contra danos morais de diretores e danos ao patrimônio. Temos a curva de crescimento no departamento jurídico nítida e de forma mais profissional. O UEC deixou de ser ajudado por advogados amigos do clube que faziam sem cobrar, mas sem pressão de resultados também.

E o departamento de marketing?
O departamento de marketing pegou o Verdão em 2018 com 13 mil seguidores no Instagram e 21 mil no Facebook. Hoje, temos 22,9 mil seguidores no Instagram e 36,3 mil no Facebook. O departamento tirou o Cruzeiro e o Atlético-MG da arquibancada azul e jogou eles lá para a arquibancada geral, colocando o estádio verde e branco novamente na TV. Fizemos novas campanhas, novas promoções, novos designs de uniformes e fomos elogiados pela CBF como o melhor marketing no interior de Minas. O Verdão conseguiu no triênio o maior número de patrocínios da sua história de 98 anos. O marketing foi a grande goleada do Verdão no triênio.

A temporada de 2020 começou conturbada, mas se recuperando com a chegada de Luizinho Lopes. O que você pode falar sobre o impacto que ele teve no time assim que assumiu o cargo?
O Luizinho pegou o mesmo time que tinha jogado quatro partidas sem ter feito nenhum gol. O elenco era excelente. Fui pressionado a mandar vários jogadores embora, e esse não era o problema. Me reuni de madrugada com os diretores e chegamos até o Luizinho Lopes. Estavam na mesa nomes como Rodrigo Santana, Moacir Júnior, Catanoce e Guilherme (ex-atacante do Galo). De todos, o Luizinho era o que tinha sangue no olho na entrevista. O Luizinho foi o primeiro treinador do nordeste a ter a licença FIFA Pro. Ele não vai demorar muito e vai ser um dos melhores do Brasil. O impacto da sua chegada foi tremendo e a partir daí, nos unimos e tudo mudou.

A ótima campanha do UEC levou o time a conquistar um lugar na Série D 2021 e está próximo de garantir uma vaga na Copa do Brasil. Como você se sente com a temporada do clube?
Eu me sinto, juntamente com o grupo, um vitorioso. O respeito voltou. O Verdão era o saco de pancadas de todos os times da região. Tomava pancada da URT, do Boa Esporte e ficava sempre lá embaixo na tabela. Terminamos o campeonato batendo na URT, na frente da Patrocinense e eliminando o Boa na semifinal do Troféu Inconfidência. Terminamos campeões do Troféu Inconfidência com a melhor campanha do século 21. Sinto no meu coração que Deus viu nosso trabalho e nosso sofrimento e nos abençoou com o milagre que há décadas não acontecia no Uberlândia.

Qual é o balanço do seu mandato de três anos no clube? Está satisfeito?
Muito satisfeito. A oposição política do clube diz que eu estou deixando o clube do mesmo jeito que peguei. Mentira. Quando eu assumi a vice presidência em 2015, o Verdão estava há quatro anos no Módulo II, indo pro quinto ano. No primeiro ano que participei da executiva, o Verdão subiu. A partir daí, o Uberlândia foi subindo no ranking CBF, se firmando no Módulo I, avançou pela primeira vez na sua história para a segunda fase da Copa do Brasil e em 2019 conseguimos subir para o Módulo I novamente e esse ano fomos campeões do Troféu Inconfidência. O balanço foi positivo.

Como você deixa o clube para a próxima gestão? O Uberlândia possui algum tipo de pendência a ser resolvida para os próximos anos?
Deixo o clube com norte promissor e bem melhor do que peguei. Peguei o clube com uma dívida de R$ 500 mil e entrego com R$ 140 mil. Peguei um clube sem ônibus próprio e estou entregando com ônibus plotado e que gera economia de R$ 80 mil por ano para o Verdão. Entrego o clube com projetos de categoria de base aprovados, com dinheiro em caixa e projetos com captação aprovada, com todas as receitas mensais livres de penhoras. Estou entregando o clube com as certidões negativas, e lógico, com vários compromissos a pagar, assim como eu peguei. Passei três anos pagando dívida trabalhista, renegociações e parcelamentos da gestão anterior. Como o UEC é uma máquina administrativa que não para eu vou entregar com contas a pagar e contas a receber, mas com um clube saudável, mesmo com as dificuldades enfrentadas, especialmente com a pandemia. Entrego o Verdão com vaga na Série D, com vaga na Recopa do Interior, no Módulo I do Campeonato Mineiro, sendo campeão do Troféu Inconfidência.

Você falou sobre a pandemia. Qual foi o impacto na sustentabilidade econômica dentro do clube?
A crise da pandemia assolou o mundo inteiro e gerou um buraco enorme no futebol. No Uberlândia, trabalhamos incessantemente para amenizar a situação. Suspendemos contratos, parcelamos dívidas, reduzimos custos e renegociamos com parceiros. O prejuízo foi menor no UEC do que em outros clubes da região, pois antecipamos a crise, embora ela também foi dura no financeiro do Verdão. Até o fim do ano vamos apurar toda a situação. Agora é o momento de reestruturar a Vila Olímpica para entrega-la pronta para a próxima gestão.

Saindo dos bastidores a partir de janeiro e virando um torcedor do clube, o que você espera do Verdão para os próximos anos?
Eu espero de coração que o Verdão siga crescendo. O Uberlândia hoje tem bom relacionamento com a Federação Mineira de Futebol (FMF), Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e com os clubes do interior e da capital. O respeito voltou. Entrego um clube com respeito, que foi conquistado com uma gestão transparente, austera, sem corrupção, sem desvios. Esse respeito e boa gestão refletiu com o time campeão e conquistando um calendário extenso para o ano que vem. Espero que não façam com a próxima diretoria o que fizeram com a nossa. Tentaram nos derrubar de qualquer jeito, mas não conseguiram. Vencemos dentro e fora do campo.


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