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09/05/2020 às 08h00min - Atualizada em 22/05/2020 às 12h35min

Músicos de Uberlândia se reúnem para live no dia 24

'Festival In Casa' reúne artistas locais em cinco horas de shows; objetivo é arrecadar recursos para a classe artística

IGOR MARTINS
Mari Simões é a idealizadora do evento que contará com 15 músicos da cidade | Foto: Arquivo Pessoal

Desde que a pandemia do novo coronavírus se intensificou no Brasil, vários artistas aderiram aos já famosos shows em formatos de lives nas redes sociais. A ideia, que tem como objetivos arrecadar recursos para a população mais necessitada e levar entretenimento ao público, já teve apresentações de artistas como Bruno & Marrone, Jorge & Mateus, Gusttavo Lima, Sandy & Júnior, Marília Mendonça, Ivete Sangalo, Roberto Carlos e o uberlandense Alexandre Pires.

Com o impacto da Covid-19 no setor cultural, as lives têm se mostrado uma alternativa para a classe artística que ficou impossibilitada de subir aos palcos para seguir mostrando seu trabalho às pessoas. Os eventos remotos dos cantores mais famosos batem recordes de engajamento nas redes e colecionam milhões de visualizações nas plataformas online, dia após dia.

Em Uberlândia o cenário não é diferente. Com todas as casas de shows fechadas por tempo indeterminado e o cancelamento de apresentações nacionais e internacionais, os profissionais que vivem diretamente da música têm passado por dificuldades desde o decreto de restrição e fechamento de comércios e isolamento social.

Pensando em ajudar estes artistas, a cantora Mari Simões resolveu aproveitar o momento para fazer um festival no formato de live que acontece no próximo dia 24, a partir das 13h. O “Festival In Casa” será um evento para arrecadar recursos para os músicos de Uberlândia por meio de doações que poderão ser feitas pelas pessoas que assistirem às apresentações.

Segundo a organizadora, o evento contemplará todos os gostos musicais em mais de cinco horas de show. Estão confirmados no festival a própria idealizadora, com o melhor das baianidades, Lucas & Guilherme (sertanejo), Anísia Uchôa, vocalista do Barato Total (tropicália e MPB), Naldo, do Trio Façuá (forró), Ariane, vocalista da Dama de Espadas (rock), Kassio Silva, da banda Sociedade Livre (samba), Juliana Gomes, integrante do trio Divas (flashback e pop internacional), Arthur Xará (reggae), Priscila Gatti (pop nacional), Pablo Vieira (cover Frejat), Lucas Merêncio (pagode) e participações de Cristina Goulart, Hugo Barata, Maurício Ricardo e Renato Quase Russo.

De acordo com Mari, a ideia de fazer uma live para ajudar os músicos surgiu devido à falta de apoio à classe na cidade. Segundo ela, não existe em Uberlândia uma associação ou uma Organização Não Governamental (ONG) que contribua diretamente com estes artistas. “Os músicos trabalham muito na informalidade. O nosso diferencial é justamente esse, ajudá-los diretamente com recursos financeiros. É um momento muito difícil para todos, sobretudo para a cultura”, afirmou.

Os músicos que desejarem ser contemplados com as doações devem se cadastrar diretamente nas redes sociais do evento, seja no Facebook ou Instagram. A partir daí, a organização do festival fará a validação do cadastro através de um formulário respondido pelos artistas.
 
GERAÇÕES CONECTADAS
O baterista Cícerus de Oliveira Resende, o Cajuzinho, será um dos participantes do Festival In Casa. Ele se junta a Edson Júnior (violão e guitarra), Charles Rocha (teclado) e Gringo (contrabaixo) para darem o ritmo nas apresentações de todos os artistas e bandas que passarão pelo festival. Os quatro músicos serão fixos durante as cinco horas de shows. O que troca são os cantores de acordo com suas apresentações.

Há 34 anos na música, Cajuzinho afirmou que nunca presenciou nada parecido em toda a sua vida em relação ao momento atual. Com uma agenda repleta de apresentações, ele teve que cancelar todos os shows e ainda não se sabe quando a situação vai normalizar. De qualquer maneira, o baterista acredita que a conjuntura é importante para todas as pessoas do mundo fazerem uma reflexão e serem otimistas com o futuro.

“[A Covid-19] é uma coisa muito séria. A gente não pode fingir que não tem nada acontecendo. O mundo inteiro está sendo impactado, então cabe a nós ter consciência e ver o que vai acontecer. Nós, músicos, temos que começar a pensar em novos projetos, até porque a nossa função é levar alegria para as pessoas”, disse Cajuzinho.

Cumprindo as regras de isolamento social, Cícerus já vem se preparando para as apresentações do dia 24. De acordo com ele, com a quarentena, ele passou a estudar ainda mais o instrumento e brinca: “não aguento mais olhar para a minha bateria”.

Ainda segundo o músico, o evento idealizado por Mari Simões permite que as pessoas possam se divertir e se aproximarem dos artistas locais mesmo dentro de suas casas. O repertório, de acordo com ele, traz muitas canções que falam sobre esperança e alegria, tão importante no momento atual. “Me sinto muito honrado de poder fazer parte do evento. Estarei com grandes músicos e artistas locais de diferentes gerações. Tenho certeza de que todo mundo vai curtir a nossa live”, finalizou Cajuzinho.
 
ROCK’N ROLL


Ariane Torga promete energia e grandes clássicos do gênero | Foto: Edmilson Batista

“Todo artista tem de ir aonde o povo está”. A música composta por Milton Nascimento no início dos anos 80 nunca fez tanto sentido para boa parte da classe artística e representa bem o momento das lives. A letra reflete o pensamento da cantora Ariane Torga, que levará grandes clássicos do rock para o Festival In Casa.

Convidada por Mari Simões, a vocalista do Dama de Espadas relatou à reportagem que os dias não têm sido fáceis para a maioria dos músicos com os quais ela tem contato. No caso dela, além de todas as dificuldades vividas por conta da pandemia, o fato de não poder fazer o que mais ama é o que mais a entristece.

Desde o decreto restritivo de isolamento social, a vida, segundo Ariane, tem sido bastante cansativa, já que sua rotina mudou completamente. “Nós, músicos, temos uma vida muito dinâmica. Estamos sempre em contato com muitas pessoas, isso faz parte da nossa profissão. Eu tenho sentido muito essa questão do isolamento, de não estar fisicamente com essas pessoas. Nós seremos os últimos a voltar, mas estamos procurando alternativas para seguirmos em frente”, disse.

No ramo da música há oito anos, Ariane falou que se sentiu honrada por ter sido chamada para o Festival In Casa e que quer voltar a levar alegria para toda a população, além de poder ajudar os colegas de profissão exercendo sua paixão. “As pessoas precisam de arte para se manterem sãs. Nessa pandemia descobrimos muitas coisas. A gente pode viver sem o melhor carro e sem a melhor roupa, mas não conseguimos viver sem música, sem filme e sem dança. Espero que a gente consiga manter a alegria das pessoas durante esse momento”, disse Ariane.

*No dia 12 de maio, a organização do evento anunciou uma nova data para a realização do festival. Ao contrário do que foi publicado na edição impressa, o Festival In Casa acontecerá no dia 24/5, a partir das 13h.



















 


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