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25/08/2019 às 07h50min - Atualizada em 25/08/2019 às 07h50min

Verdão torce pelo sucesso de Bruno Henrique

Jogador que desponta no Flamengo passou pelo Uberlândia e pode render lucros caso vá para o exterior

EDER SOARES
Atualmente no Flamengo, Bruno Henrique passou pelo Uberlândia Esporte entre 2012 e 2014 | Foto: UEC/Divulgação

Comprado neste ano pelo Flamengo junto ao Santos por R$ 23 milhões, o atacante Bruno Henrique, hoje com 28 anos, vive um momento mágico na carreira. O jogador já assinalou 18 gols na temporada, fez os dois gols da vitória do Rubro Negro por 2 a 0 sobre o Internacional, na última quarta-feira (21), pela ida das quartas de final da Copa Libertadores, e de quebra foi chamado pelo técnico Tite para a Seleção Brasileira, sendo esta a sua primeira convocação.

Antes do sucesso e de ter defendido clubes como Santos, Wolfsburg da Alemanha, e Goiás, Bruno vestiu por três anos a camisa do Uberlândia Esporte Clube, entre 2012 e 2014, quando, depois de ser revelado no futebol amador de Belo Horizonte, acabou sendo repassado ao Verdão pelo Cruzeiro, nunca tendo a oportunidade de jogar no time da Toca. Um dos fatos curiosos é que antes da negociação entre Santos e Flamengo, neste ano, o Cruzeiro era um dos clubes que tentou investir pesado para levar o atacante à Toca da Raposa.

O Uberlândia Esporte fica de olho no sucesso de Bruno Henrique. Isto porque o Verdão, por ter sido o clube formador do atleta, entra no mecanismo de Solidariedade da FIFA, que determina um repasse de um certo percentual relativo a cada transação entre clubes.

Bruno Henrique chegou ao UEC, por empréstimo, vindo do Cruzeiro em 2012, e os dois anos em que ficou no CT Ninho do Periquito, na contagem 2012 e 2013, rendem ao Verdão o percentual de 1,25% das transações que envolvem o atacante. Lembrando que, no caso do Uberlândia, só valem transações internacionais, já que o jogador passou pelo clube entre 21 e 23 anos de idade. Para entrar no mecanismo naciona, é preciso ter jogado pelo clube entre os 14 e 19 anos.

TRAJETÓRIA
Depois do Campeonato Mineiro – Módulo II de 2014, quando o Verdão acabou perdendo o acesso para a primeira divisão em um jogo catastrófico contra o Montes Claros, no norte de Minas, Bruno foi emprestado ao Itumbiara, onde disputou a segunda divisão do Campeonato Goiano. Já em final de contrato, em 2015, ele foi para o Goiás.

Do clube goiano, Bruno foi negociado com o Wolfsburg, da Alemanha, por 5,5 milhões de euros, cerca de R$ 19 milhões. Com o mecanismo de Solidariedade da FIFA, o Uberlândia recebeu 45,9 mil euros, cerca de R$ 156 mil. Com a volta do jogador para o Brasil, dessa vez para o Santos, por R$ 14 milhões, o UEC está em processo de receber 33 mil euros, equivalente a R$ 108 mil.

Como Bruno Henrique vive a melhor fase da carreira e vem sendo observado por clubes de todo o mundo, fica a expectativa do Uberlândia Esporte para que uma grande negociação possa acontecer em breve, e quem sabe o clube do Triângulo Mineiro possa então aliviar o caixa com um bom montante.

A reportagem do Diário de Uberlândia entrou em contato com Bruno, que mandou um recado para a cidade e para o Furacão Verde da Mogiana. “Muito obrigado a todos de Uberlândia, a cidade e o time do Uberlândia Esporte, que tenho grande admiração e carinho. Se estou aqui, hoje, é porque eles fizeram parte da minha trajetória. Só tenho agradecer. Abraço para todos”, disse Bruno Henrique.

QUASE PAROU
Entre os anos de 2013 e 2014, quando o Uberlândia começava o seu planejamento para o Módulo II do Mineiro, o então vice-presidente João Gilberto e o supervisor Ângelo Márcio, hoje no Manaus (AM), precisaram convencer Bruno Henrique a não desistir da carreira. Com poucas chances de atuar, já que no próprio Verdão estava sendo pouco utilizado, o jogador queria voltar a disputar o Campeonato Amador de Belo Horizonte, sua cidade, e onde foi descoberto depois de ser campeão da Copa Itatiaia, organizada pela empresa de rádio da capital.

João e Ângelo viajaram até Belo Horizonte para convencer o jogador a retornar para Uberlândia e continuar o sonho no futebol. “Ele queria voltar para o terrão, o amador. Me lembro que ele morava em um local muito simples, próximo aos campos de terra que ele jogava. Nós sentamos com os seus familiares, em BH, jantamos na casa dele, com o seu avô e tias, se eu não estiver enganado. Aí convencemos ele a voltar para Uberlândia. O Ângelo teve grande participação neste convencimento, assim como o Zécão, que quando assumiu o comando do time, depois da saída do Wellington Fajardo, deu toda a moral para ele, que se destacou naquele Módulo II fazendo gols”, afirmou João Gilberto.

Segundo Flávio Gomide, atual presidente do Uberlândia, o potencial do jogador já era muito latente na época do Verdão. “O Bruno Henrique é um atleta diferenciado. Ele tem as pernas longas, é muito veloz, biótipo que favorece o futebol moderno, além de cabecear e finalizar muito bem. Temos ótimas lembranças dele. Conversamos sempre, ele não mudou. Ficou muito feliz com nosso acesso”, disse Gomide, que relembrou 2014.

“Lembro quando ele estava aqui, não estava sendo aproveitado, e o Zecão praticamente lançou ele, dando a titularidade absoluta. A partir daí, nunca mais ele foi reserva em nenhum clube que passou. Ele é grato ao UEC e também somos gratos a ele. Essa parceria e gratidão vão até o fim”, afirmou o presidente.

BASE
Formação de atletas é meio para ajudar cofres
 
Vice-presidente do Uberlândia, Gilmar Pereira é também um dos coordenadores das categorias de base. Segundo ele, o clube tem focado na revelação de jogadores e já tem colhido bons frutos, incluindo o título do interior do Campeonato Mineiro – Sub-20, no ano passado. Neste ano, a equipe está na disputa das quartas de final, do torneio tendo liderado a maior parte da competição.

Em meio a este trabalho, novos nomes também têm sido revelados. No mês passado, por exemplo, o lateral esquerdo Alan Bardeli foi negociado com o Santos, onde assinou contrato de três anos. Mais um atleta que poderá render bons dividendos ao clube futuramente.

“Eu vejo que a formação é a saída para times pequenos. Hoje o UEC já tem alguns atletas jogando que podem render algum dinheiro através do mecanismo de solidariedade. A base é importante porque ajuda a formar atletas para o próprio clube e também a fazer parcerias com clubes grandes. Uma hora, um atleta desse desponta e pode trazer um bom retorno financeiro ao clube”, disse Pereira.
 
FICHA
Bruno Henrique Pinto
28 anos
Altura: 1,84m
Peso: 77kg
Nascimento: Belo Horizonte
 
CLUBES
Cruzeiro (2012)
Uberlândia (2012/2013 e 2014)
Itumbiara (2014)
Goiás (2015)
Wolfsburg (2015/2016 e 2017)
Santos (2017/2018 e 2019)
Flamengo (2019)


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