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18/08/2019 às 08h15min - Atualizada em 18/08/2019 às 08h15min

Multiplicidade de olhares sobre Uberlândia

Exposição coletiva no mercado municipal traz obras do coletivo Professor Artista

ADREANA OLIVEIRA
Exposição reúne trabalhos de Lea Zumpano, Iris Avelar, Lionizia Goya, Manuel Rocha Neto e Marilane Melo | Foto: Adreana Oliveira

O visitante que adentrar pelo Espaço Cultural do Mercado nos próximos dias será recebido por uma bela imagem estampada em tecido com uma foto panorâmica noturna de Uberlândia, enquanto a luz do sol dá lugar às luzes artificiais, obra de Maristela Bigulin, “Minha Cidade do Coração”. Ela dá as boas-vindas aos visitantes, uberlandenses ou uberlandinos como ela, que escolheram esta cidade para viver. A partir dalí, o espectador estará diante de diferentes obras, diferentes olhares sobre a nossa cidade que completa 131 anos no próximo dia 31.

A exposição “Olhares Poéticos Sobre a Cidade” reúne instalações, pintura, fotografia e escultura em um só espaço que traz a pluralidade de vivências. Voltamos a lembrar, enquanto contemplamos as obras, que Uberlândia não é uma, Uberlândia são muitas, inclusive aquela para a qual muitos evitam olhar, ou olham, mas não enxergam.

Manuel Alves da Rocha decidiu partir da fotografia pura e simples para uma escultura um pouco mais pesada, não só no sentido do cimento que emoldura a imagem, como na temática do abandono. “Previsão do Tempo” é fruto da sua tese de mestrado na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). “Ao escrever para o mestrado precisei ir além das imagens contemporânea, da tristeza, da dor daqueles que muitos não enxergam, que vivem nas ruas muitas vezes reféns de doses e pesos... que representam o álcool e as drogas. É uma temática que incomoda e me levou ao século 16. Não foi um processo fácil, mas precisamos falar sobre isso”, disse o professor que Leciona na zona rural de Uberlândia.

Da nebulosa e inquietante imagem de Rocha, passamos para as pinturas em acrílica sobre tela cheias e cores de Íris Avelar, com a caixa d´água do Dmae no Aparecida, bairro em que ela foi criada e a primeira da cidade e o Teatro Municipal de Uberlândia. “Eu prefiro trabalhar com peças grandes e muitas cores, tons pasteis eu nunca uso. Assim eu transmito a vibração de algo que nunca poderia ser pequeno”, avisa ela, que trabalha também com esculturas em cimento e amianto.

Maria Guilhermina apresenta quatro imagens do Centro de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa) e de como vê a movimentação por lá. Além das fotos, o chão traz algo que possibilita ao visitante sentir-se naquele espaço.

As peças de Marilane Melo compõem “Fecundo”, uma série de fotografias do pôr do sol a partir de sua janela em diferentes estações, o céu do cerrado em suas diferentes nuances e belezas, mas só isso parecia pouco para o que ela queria fazer. “Conversei com algumas pessoas, refleti sobre o significado do nome da cidade, Uberlândia, terra fértil. A partir daí usei plantas do meu jardim e coloquei dentro de cascas de ovos. Ali elas estão crescendo, como as pessoas que diariamente fecundam essa terra e geram riqueza para nossa cidade”, comentou a artista. Outro ponto interessante da obra de Marilane é que não precisamos de muito para viver.

Lionizia Goya fez um belo retrato de Luiz Duarte Ulhôa Rocha, escritor uberlandense das famílias mais tradicionais da cidade, que recentemente completou 82 anos. Os detalhes na pintura impressionam. Quem conhecesse rocha o reconhece naquele quadro. “É um texto poético visual, os detalhes, São Cristóvão ao fundo, nada é aleatório aqui, você sente toda a verdade da tela”, explicou.
Vale a pena visitar o espaço e perceber a riqueza de detalhes nas obras como o painel “Padroeira”, de Soraia Lelis, o “Olhar sobro o parque” de Eliane Tinoco. Marileusa Reducino usou papel artesanal para ilustrar lugares históricos da cidade e a “Pulsão neural do corpo humano em trânsito é uma obra para se ouvir, de Mara Rúbia Colli.

Elenice Jeronima da Silva levou corações em veludo para a história de prédios icônicos da cidade. Silvana Rocha fez uma bela série sobre Ipês.

No centro de tudo, “Lembranças”, de Alexandra Cardoso, em espiral, são um convite à reflexão.
 
O COLETIVO
Lea Zumpano, curadora da exposição e fundadora do coletivo Professor Artista, que já fez cerca de 30 exposições desde sua criação, em 2011, também participa da mostra. E mudou seu objeto no meio do caminho. “Arte é isso, é ruptura, e saí de um viaduto para trabalhar com linhas em espaços da avenida Rondon Pacheco. Tudo começa com uma linha, que gera a forma, que gera o mundo”, diz ela mostrando uma imagem da nova sede do Dmae, o prédio do Center Shopping e uma imagem de uma bicicleta vermelha presa a um poste diante do Municipal, obra de Oscar Niemeyer. “Eu estava no carro com minha filha e ao ver aquela imagem pedi para ela parar. Me veio uma história inteira na cabeça e quero que isso chegue a todos que passarem por aqui”, disse.
Para ela, o coletivo dá ao professor que exerce a arte em sala de aula essa possibilidade de sair dos bastidores. De se sentir realmente artista. A exposição no Espaço Cultural do Mercado também está aberta para visitas monitoradas para as escolas ou grupos.
 
SERVIÇO
O QUE: Exposição coletiva “Olhares poéticos sobre a cidade”
QUEM: Coletivo Professora Artista
LOCAL: Espaço Cultural do Mercado Municipal (R. Olegário Maciel, 255, Centro)
QUANDO: até 5 de setembro – Visitação de segunda a sexta-feira das 12h às 18h – é possível agendar visita monitorada para grupos
ENTRADA FRANCA
CLASSIFICAÇÃO: livre
INFORMAÇÕES: 3235-7790

PROFESSORES ARTISTAS
Alexandra Cardoso
Elenice Jeronimo
Eliane Tinoco
Íris Avelar
Léa Zumpano
Lionizia Goya
Manuel Rocha Neto
Mara Rúbia Colli
Maria Guilhermina
Marilane Melo
Marileusa Reducino
Maristela Bigulin
Silvana Rocha
Soraia Lelis


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