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13/08/2019 às 08h00min - Atualizada em 13/08/2019 às 08h00min

Talk show de Gilberto Gil retorna em setembro

Atração do Canal Brasil inicia nova temporada com Arnaldo Antunes

TONY GOES | FOLHAPRESS
O cantor e compositor Gilberto Gil é o anfitrião do talk show “Amigos, Sons e Palavras” | Foto: Canal Brasil/Divulgação
"A morte é uma coisa balsâmica", diz Gilberto Gil a Arnaldo Antunes. "Ela coloca a finitude em perspectiva. Atenua os efeitos da continuidade".

Os dois artistas estão acomodados em cadeiras de aparência desconfortável, em frente a um fundo neutro. O cenário espartano realça o tom intimista de "Amigos, Sons e Palavras", o talk show comandado por Gil, cuja segunda temporada estreia no dia 9 de setembro, no Canal Brasil.

Terminada a gravação do episódio, Gil conversa com a reportagem. Avisa que não quer falar de política. Está cansado da polarização, não quer dar opinião sobre o novo governo. Mas não se furta a responder sobre sua saúde. "Ela está bem. Em conformidade com a idade", afirma. Gil completou 77 anos em junho. Há cerca de dois anos, atravessou um período delicado, com insuficiências renal e cardíaca.

"O tratamento me deixou como herança uma medicação, que eu tomo todo dia. E não exatamente uma dieta, mas uma recomendação para evitar a proteína animal. Ela sobrecarrega muito os rins."

Depois de um período no estaleiro, Gil voltou à ativa com o álbum "OK OK OK", lançado em agosto de 2018, além do programa na TV e da rotina de shows. "Na época dos discos 'Refavela' e 'Refazenda' [no fim da década de 1970], eu fazia de cem a 120 shows por ano. Agora são só 50 ou 60. Ainda é muito, mas é bem menos."

Mas não foi a doença que o fez adotar uma atitude filosófica quanto à morte. "Essa conclusão vem de muito tempo. Vem da época em que eu convivia com o Smetak."

Walter Smetak, morto em 1984, foi um músico, pesquisador e inventor de instrumentos suíço radicado na Bahia, adepto do esoterismo. "Ele me dizia: 'Gil, medite sobre a morte todo dia'." Não é a primeira vez que Gil tem presença fixa em um programa de TV. Na verdade, ele começou a carreira em frente às câmeras. No início da década de 1960, era ele quem selecionava os calouros que se apresentavam no programa "J e J Comandam o Espetáculo", atração das tardes de sábado da TV Itapoan, de Salvador. O próprio Gil acompanhava ao violão os candidatos.

"Apresentar o programa não é algo pelo qual eu anseie. Mas eu acabo gostando quando faço", ri Gil. "Não fico com a obrigação do crivo analítico, jornalístico. Fico com a conversa, o contexto, as vivências que eu tive com o convidado. Deixo fluir."

O papel que Gil tem nas mãos durante a gravação não é um roteiro. "É só um apanhado sobre o convidado. Eu fujo das perguntas sobre a vida pessoal. Prefiro saber como cada um se debruça sobre a existência, o trabalho, as questões da vida. Faço a eles as perguntas que eu faço a mim mesmo."

O tom sóbrio do programa com Arnaldo Antunes se desanuvia no segundo episódio acompanhado pelo repórter, com Patricia Pillar. Ela e Gil têm uma ligação de longa data: um dos sobrenomes da atriz é Gadelha, o mesmo de Sandra, a primeira mulher do cantor, de quem Patricia é sobrinha.

A lista de convidados da segunda temporada inclui ainda o diretor teatral José Celso Martinez Corrêa, a jornalista Andréia Sadi, o apresentador Pedro Bial e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Para cada um, Gil canta uma música cuidadosamente escolhida de seu repertório, abrindo o programa.
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