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08/06/2019 às 18h00min - Atualizada em 08/06/2019 às 18h00min

Brasileiro fuma menos e se mexe mais, mas ainda abusa do álcool

Obesidade também avança, mostra relatório que monitora a evolução de fatores de risco para doenças crônicas

FOLHAPRESS
O brasileiro fuma cada vez menos, se movimenta mais e consome mais frutas e hortaliças. Mas ainda abusa do álcool e está perdendo a batalha contra a obesidade.

Essas são algumas das conclusões do relatório da sociedade civil sobre a evolução no país dos fatores de risco e proteção das DCNTs (Doenças Crônicas Não Transmissíveis).

Publicado em abril, o documento se baseou em dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, do Ministério da Saúde, de 2011 a 2017.

Também foram analisadas as ações governamentais de prevenção e combate aos quatro grupos de doenças de maior magnitude -doenças circulatórias e respiratórias crônicas, câncer e diabetes-, que são as principais causas de mortes no mundo. O Brasil tem metas predefinidas para combatê-las até 2022.

A redução no total de adultos fumantes é um dos destaques do estudo. Em 2011, 14,8% deles fumavam. Em 2017, eram 10,1%. A meta para 2022 é 9,1%.

"O Brasil tem de que se orgulhar nas políticas de controle do tabagismo, como a lei antifumo, a restrição à publicidade e a política tributária adotada entre 2011 e 2016", diz Mônica Andreis, diretora da ACT Promoção da Saúde, ONG responsável pelo estudo.

Apesar dos avanços, entre os jovens de 18 a 24 anos nas capitais, a prevalência subiu de 7,4% para 8,5%.

Mônica diz que é preciso que o Brasil não afrouxe a questão tributária. Em março, o Ministério da Justiça anunciou que irá avaliar uma possível redução de impostos sobre cigarros para coibir o contrabando, medida criticada pelas organizações ligadas à saúde. "O cigarro ainda é muito barato no Brasil", afirma.

Na área de alimentação, a proporção de adultos que consomem regularmente frutas e hortaliças passou de 30,9% em 2011 para 34,6% em 2017 -alta de 11,9%. E o consumo regular de refrigerantes (ao menos cinco vezes na semana) caiu de 29,8% para 14,6%.

Ainda em relação a hábitos saudáveis, o percentual de brasileiros que praticam atividade física nas horas de lazer passou de 30,3% em 2011 para 37% em 2017 -aumento de 22,1%. Mas 46% da população não praticou atividade física suficiente em 2017, e 13,9% da população é inativa.

Mesmo com a discreta melhoria nos indicadores de alimentação e de atividade física, esses fatores não têm sido suficientes para aplacar o crescente ganho de peso dos brasileiros. A proporção de adultos com sobrepeso cresceu 11,3%, e a de obesos, 19,6%, o que deixa o Brasil longe da meta, que é deter o crescimento da obesidade, tanto na população adulta como na infantil.

Segundo o relatório, o combate à obesidade é uma questão complexa, mas deverá passar por ações como rotulagem de alimentos ultraprocessados ricos em açúcar, sódio e gorduras, restrições à publicidade desses itens, especialmente em canais voltados ao público infantil, e eliminação de subsídios na cadeia de bebidas açucaradas, como ocorre na Zona Franca de Manaus.
Em relação ao álcool, houve aumento da proporção de adultos que informaram consumo excessivo nos últimos 30 dias (de 17% em 2011 para 19,1% em 2017).

De modo geral, o Brasil caminha para cumprir as metas relacionadas a saúde e ao bem-estar dos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) da ONU.

"Os resultados estão alinhados com a projeção publicada pela revista científica The Lancet, no final de 2018, de que o Brasil será um dos poucos países que conseguirão atingir a meta 3.4 estabelecida na Agenda 2030 da ONU de reduzir em um terço as mortes precoces relacionadas a DCNTs", diz Mark Barone, diretor do Instituto de Saúde Pública do Brasil (PHI-Brazil).

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que ações como a expansão do acesso a serviços de saúde, diagnóstico precoce e tratamento, além de promoção da saúde, já impactam na queda no número de óbitos precoces por DCNTs.

Dados do SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade) mostram redução anual de 2,6% da mortalidade prematura (entre 30 e 69 anos) por doenças crônicas.

Em relação ao combate à obesidade, o governo destaca o acordo assinado com a indústria alimentícia que visa retirar 144 mil toneladas de açúcar nos alimentos industrializados. "O acordo segue aquele da redução do sódio, que retirou mais de 17 mil toneladas de sódio dos alimentos processados em quatro anos", informa a nota do Ministério da Saúde.
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