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29/05/2019 às 07h43min - Atualizada em 29/05/2019 às 07h43min

O sonho deixou saudade

Saiba como foi a passagem da turnê de Slash e Myles Kennedy & The Conspiratos por Uberlândia

ADREANA OLIVEIRA
Slash veio a Uberlândia pela primeira vez em sua carreira (Adreana Oliveira/Diário de Uberlândia/Exclusivo)
“Essa é a nossa primeira vez neste lugar, nunca estivemos na sua cidade e não sabíamos o que esperar... e vocês estão sendo legais pra...”, bem, vocês podem imaginar o final desta frase, a primeira do guitarrista Slash no microfone da Arena Sabiazinho na noite da última segunda-feira (27). Ao contrário dele, os fãs que compareceram em peso para conferir a passagem da “Living the dream tour” por Uberlândia, junto com Myles Kennedy & The Conspirators, sabiam bem o que esperar e não saíram decepcionados.

Slash falou pouco antes da penúltima música, “World on fire”, na hora de apresentar o carismático e talentoso vocalista que deixaria Axl Rose até um pouco embaraçado após ouvi-lo cantando “Nightrain”, única música do Guns n´Roses, banda que projetou Slash, no repertório.

E desde a primeira música, “The call of the wind”, Myles parecia sentir-se em casa, assim como o baixista Todd Kerns, o guitarrista Frank Sidoris – trio que arrancou suspiros da plateia feminina – e o baterista Brent Fritz. Essa parceria deles com Slash tem mesmo a vibração que o guitarrista comentou em sua entrevista exclusiva ao Diário de Uberlândia, algumas semanas antes da viagem para cá: uma banda que entrega ao vivo mais do que entregou em estúdio.

“E ele é o responsável por estarmos todos juntos aqui hoje”, disse Myles na hora de chamar os holofotes para Slash. O vocalista alternava seus agradecimentos em inglês e português em alguns momentos, porém, as pouco mais de duas horas de performance foram de muita música e pouco papo, como um bom show de rock deve ser.

As 21 canções apresentadas seguiram praticamente o setlist de outro show brasileiro, em São Paulo. Destaques, claro, para a aguardada “Nightrain”, “Boulevard of broken hearts”, “We´re all gonna die” e a balada “The one you love is gone”, na qual Slash empunhava sua guitarra de dois braços fazendo muita gente fechar os olhos e se perder no momento enquanto as lanternas dos celulares simulavam as estrelas.

Logo depois, em “Wicked Stone”, aquele solo que todo mundo sabia que ia rolar, mas não imaginou que ultrapassaria os 10 minutos! Os três discos junto com Myles e os Conspiratos deram ainda mais frescor à obra de Slash, ao seu rock urgente que apesar dos quase 40 anos de carreira segue desafiador e chega pela primeira vez ao interior mineiro.

A jornalista destaca “Driving rain” como outro ponto alto do show, que só não superou “Starlight” com os balões dos fãs dando sua contribuição para o cenário. E ali estavam fãs de todas as idades, de muitos lugares.

Todd, Frank e Slash contemplavam os fãs de todos os lados, Myles distribuiu sorrisos, acenos e reverências, parecia fazer questão de demonstrar o quanto estava animado com a plateia que, por ser uma segunda-feira, também contou com um grande número de músicos de Uberlândia que geralmente não conseguem acompanhar algumas turnês como essa por conta das próprias agendas.

REPUBLICA

Myles Kennedy fez questão de pedir aplausos para a banda brasileira Republica (SP), que tem aberto os shows de “Living the dream” no Brasil e em Uberlândia aproveitou bem seus 30 minutos e apresentou sete músicas muito bem recebidas pelo público que, em sua maioria, ainda não conhecia a banda.

“Black Wings” abriu a noite seguida por “Death for life” e “Take it”. Eles apresentaram ainda uma versão de “Head like a hole”, do Nine Inch Nails e fecharam com “Broken”.

Formada por Leo Beling (vocal), LF Vieira (guitarra solo), Jorge Marinhas (guitarra base), Marco Vieira (baixo) e Mike Maeda (bateria), a banda que já se apresentou no Rock in Rio e gravou seu mais recente disco, “Brutal & Beautifull” no lendário Sound City, em Los Angeles, a banda tem sua base no hard rock.

Leo agradeceu ao público mais de uma vez e claro, deixou claro a admiração pela banda que viria na sequência. Simpáticos e sem estrelismo, os músicos saíram dos bastidores e ficaram no meio do público enquanto Slash se apresentava. Com certeza devem ter saído de Uberlândia com uma nova base de admiradores.

EM FRENTE

As últimas notas de “Anastasia” e um entusiasmado “thank you” de Myles Kennedy indicavam o fim do show. O baterista Brent finalmente foi à frente do palco com muitas baquetas para distribuir. Depois da reverência a banda toda saiu a jogar souvenirs disputados para a plateia como setlists e palhetas, além das baquetas de Brent.

Nos rostos espalhados pela plateia um misto de euforia, alegria e nostalgia. A espera foi tanta que tempo nenhum de show parecia satisfazer a vontade por uma infinidade de músicas que poderiam ainda ser tocadas.

Muitos encontros e reencontros aconteceram ali sob a melhor das trilhas sonoras: o bom, velho e revigorante rock and roll, que para muitos ali, como para esta que vos escreve, configura-se em um estilo de vida e ter um show desse porte “na nossa casa”, ah, isso é “bão dimais”.

Cada um sai com uma história que de certa forma, por pouco mais de duas horas, foi a história de todos ali, juntos. A gente espera venham cada vez mais shows desse porte para a cidade, mas vale lembrar que é preciso envolvimento de todos além de público e artista, investimentos são primordiais das iniciativas públicas e privadas, afinal, é o nome da cidade que chega mais longe e o mundo que chega cada vez mais perto da gente.
É preciso pensar no entorno da arena, na mobilidade, nos serviços. Em 2013, em Nova Orleans, fiquei surpresa com a facilidade para se deixar a grande área de shows do tradicional Jazz & Heritage Festival. Era muita gente trabalhando. Algumas pessoas perguntavam o destino do passageiro do táxi e o encaminhava para perto de outro grupo que ia para o mesmo destino. Nada de sair com lugar vazio. Enquanto isso, o motorista do aplicativo usado pela repórter na noite do show do Slash não sabia nem que havia show na cidade... entendo que essas são pautas estruturais para outro dia, mas vale a pena pensar sobre isso.

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