05/04/2019 às 08h13min - Atualizada em 05/04/2019 às 08h13min
"Gingados" reverencia a brasilidade
Antônio Meira chega a Uberlândia com seu segundo espetáculo solo e também dará oficina a preços populares
ADREANA OLIVEIRA
Antônio Meira apresenta o espetáculo e ministra a oficina no espaço da Trupe de Truões (Yuri Kiddo/Divulgação) O brasileiro é um povo batalhador, acostumado a se virar para viver e sobreviver no seu dia a dia imprevisível. É preciso ter ginga para seguir em frente e nesse ponto artes como a dança são revigorantes. Quem entende do riscado ajuda ao exibir e compartilhar o que sabe. É o caso do pesquisador mineiro Antônio Meira, também ator, dançarino, contador de história e educador. Nascido em Itamarandiba, ingressou na carreira artística ainda criança por meio de sua família, que carrega a tradição da Folia de Reis. Radicado em São Paulo, ele estará em Uberlândia neste final de semana para apresentará o espetáculo “Gingados” e ministrar uma oficina de danças populares.
Em entrevista ao Diário de Uberlândia ele explica que “Gingados” pode ser considerado uma homenagem à nossa dança. Trata-se de um recorte para as manifestações populares brasileiras, mais específicas do Nordeste. Entre as suas impressões como pesquisador, o que sempre ressaltou aos olhos foi a inteligência de uma organização coletiva entorno da brincadeira, do movimento.
“Os Brincantes - como os artistas populares se auto-denominam - nos mostram a capacidade de exercitar a inteireza nas organizações lúdicas, práticas e nas relações humanas. A arte e a cultura popular propõem um chão de desafios para nos tornarmos indivíduos melhores. Na medida em que você toca, dança ou canta, você se realiza em estruturas que se refletem em todos os aspectos de sua vida”, disse Meira.
Ele ilustra comentando que o cantar coloca o indivíduo diante de palavras que proporcionam um discurso melhor, orientando o seu falar. O dançar o coloca de maneira orgânica de encontro com o outro e o território ocupado. “E quando você menos percebe, você está brincando, dançando”, afirmou Meira, que também é professor de Danças Brasileiras e Formação de Novos Brincantes, no Instituto Brincante.
Hoje, na oficina de Danças Brasileiras “Nosso Gingado” ele refletirá essas estruturas e os participantes vivenciarão um pouco disso também. Para participar não é preciso ter experiência em dança. O espetáculo “Gingado”, que será exibido amanhã, estreou em 2014 e tem classificação livre. A direção é de Marina Abib e produção executiva de Maria Carolina Ito Rodrigues. Todas as atividades serão realizadas no espaço da Trupe de Truões, parceiros do evento, assim como o Instituto de Artes da Universidade Federal de Uberlândia (Iarte/UFU).
SONS
“Gingados” também traz uma rica produção sonora. A trilha traz, além de canções de domínio popular, recriações dançadas ao som de Maestro Spok, Grupo Sagrama e Antônio Nóbrega, consultor artístico-musical do trabalho, também responsável pelas projeções audiovisuais que complementam o espetáculo.
ARTE DEMOCRÁTICA
E o espetáculo não termina quando acaba. Após apresentar solos-demonstrações das danças que utiliza como ferramentas para (re)criar, Antônio Meira convida voluntários para uma aula aberta a fim de proporcionar uma breve vivência com estas danças, seus passos, gestos, ritmos e procedimentos na arte da movimentação e do improviso.
“É a parte que mais gosto no espetáculo! Sou um artista solista trazendo em pauta e reflexão, diversas manifestações populares que se brincam no coletivo, são criadas, dançadas, tocadas e cantadas no coletivo. Esse momento serve para vivenciarmos juntos e potencializar nossa compreensão entorno de uma organização lúdica e criativa que os artistas populares nos ensinam”, explicou.
Para o artista mineiro, a dança é uma arte democrática. “Dança é sensorial, dança é liberdade de expressão. Qualquer pessoa pode senti-la. Isso faz da dança uma linguagem muito especial. Se por um lado é difícil de descodificar por outro lado ela é tão autêntica, é quase um sexto sentido. Ela comunica-se de corpo a corpo. É democrática com forma de cultura”.
O ARTISTA
Antônio Reis deu início a sua pesquisa sobre as Manifestações Populares no Vale do Jequitinhonha. Estudou, em 2004 e 2005, as Máscaras da Comédia Dell´Arte em Diamantina, com Mariana Medeiros e Gil Fernandes. Em 2006. Se formou como Contador de História e Mediador de Leitura pela Fundação Abrink e estudou o Teatro e Manifestações Mineiras na Fundação Clóvis Salgado no Palácio das Artes em Belo Horizonte. Já em São Paulo, participou da Formação em Teatro Adulto pelo Centro Cultural Diadema, com Sérgio Pupo e se formou no Curso “Formação de Jovens Brincantes” no Instituto Brincante. Foi professor de Teatro na Associação de Apoio a Criança em Risco (Acer), de 2007 a 2009. Estreou, em 2011 o primeiro espetáculo solo, “Mané Romão Perdeu a Rima”. Em 2014 fundou o Grupo Tuia com a sua parceira profissional Ariã Santana. Integra a Companhia Antonio Nóbrega de Dança desde 2010.
SERVIÇO
O QUE: Oficina de Danças Brasileiras “Nosso Gingado”
QUEM: Antônio Meira
QUANDO: hoje, às 14h
INSCRIÇÃO: R$ 20
DURAÇÃO: 2 horas
PÚBLICO ALVO: Dançarinos, artistas, e interessados em geral a partir de 15 anos. Não é necessário ter experiência em dança.
O QUE: Espetáculo “Gingados”
QUEM: Antônio Meira
QUANDO: Amanhã (6), ás 20h
INGRESSOS: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
DURAÇÃO: 50 min
CLASSIFICAÇÃO: Livre
LOCAL DAS ATIVIDADES: Ponto dos Truões (Av. Ana Godói de Souza, 381, Santa Mônica)
INF.: 3237-9440