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31/03/2019 às 08h00min - Atualizada em 31/03/2019 às 08h00min

Verdão comemora 35 anos de sua maior glória no futebol

Título aconteceu em Belém do Pará, contra o Clube do Remo, em um jogo considerado uma verdadeira batalha campal

EDER SOARES
Em pé: Vicente Lage; Batista, Moacir, Chiquinho, Luizinho, Zécão e Batata; agachados: Geraldo Touro, Eduardo, Vivinho, Carlos Roberto e Zé Carlos (Divulgação)
Nesta segunda-feira (1º), se completam 35 anos que o Uberlândia Esporte Clube (UEC) conquistou o maior título de sua história, conquista esta que nunca foi esquecida pela torcida alviverde, que entra ano e saí ano, não perde as esperanças de um dia rever o Verdão em grandes disputas nacionais. Em comemoração a este 1º de abril histórico do clube, mas que não foi o dia da mentira, o Diário de Uberlândia decidiu resgatar um pedacinho desta história para “adoçar” um pouco o paladar do torcedor do Uberlândia.

“É o maior título do Uberlândia Esporte e o que nos trouxe mais alegrias. Nessa época, quando tinha as "peladas" na rua ou nos campinhos, o goleiro fazia uma defezaça e gritava "Espalma Moacir!" Os dribles eram reconstituídos como os de Geraldo Touro "passando um, dois.." e os gols a gente saía comemorando falando e fingindo que éramos o Vivinho. Esse time influenciou uma geração que colabora e sustenta o U.E.C. até hoje”, disse o atual presidente do Verdão, Flávio Gomide.

O final da história todos já sabem, no dia 1º de abril, em Belém do Pará, a página final de uma grande campanha foi finalizada contra o Clube do Remo, dentro do lendário estádio Mangueirão, depois de vencer o primeiro jogo no Parque do Sabiá, por 1 a 0, com um gol do saudoso Vivinho já no final da partida. Mais tarde, a pressão foi gigante da equipe paraense e de sua fanática torcida que lotou o estádio da capital paraense, mas bravamente o time comando por Vicente Lage, o Cento e Nove, conseguiu resistir, também atacou, acertou uma bola no travessão com o meia Eduardo, e levantou a Taça.

Enquanto Vivinho foi o herói no Sabiá, marcando o gol no primeiro confronto, o xerifão Zecão foi o herói em Belém, salvando uma bola em cima da linha, quando até mesmo a torcida do Remo já comemorava o gol. Coincidentemente, Vivinho e Zecão são os dois únicos ex-atletas do título de 1984 que faleceram. “A jogada foi muito rápida. Na hora, no reflexo puro, eu me atirei na bola e consegui evitar o gol. Era o nosso dia mesmo, e depois de tanta pressão, antes e durante o jogo, estávamos muito confiantes que conquistaríamos aquele título”, disse Zecão em entrevista para a Rádio Cultura no ano de 2012.

Zaire Rezende era o prefeito da cidade em 1984. Ele conta sobre o apoio dado ao Verdão na época e garante que Uberlândia precisa voltar a ser grande no cenário do futebol nacional. “Eu estava no caminhão do Corpo de Bombeiros, quando eles chegaram vindos de Belém do Pará. A cidade parou, e raras vezes vimos algo parecido por aqui. Quando a população via que o time tinha condições de conquistar o título brasileiro, a cidade passou a se mobilizar. O centro da cidade parou, todos queriam ver os jogadores e foi muito bonito. Tomara que o nosso Verdão volte a estes tempos. Precisamos disso”, disse.

NÃO IRIA DISPUTAR

A Taça CBF, ou Taça de Prata como também era conhecida, é equivalente a Série B do Campeonato Brasileiro. No mesmo ano, depois do título, o clube ganhou o direito de entrar diretamente na fase final da Série A, na qual o Verdão caiu em um grupo que tinha ainda Vasco, Fortaleza e Coritiba. No final, a equipe acabou ficando em terceiro lugar e não conseguiu se classificar para a fase de quartas de final. Mas o que poucos sabem é que a ideia do então presidente Pietro Paladine era a de não participar naquele ano, mas ao chegar no conselho técnico, em Belo Horizonte, o Uberaba que tinha afirmado que não iria participar, mudou de ideia.

“Fui a reunião somente para confirma que não iríamos, mas como o Uberaba confirmou participação, aí eu confirmei também, mesmo não tendo time pronto. Imediatamente eu já fui no América, pedi o Zé Carlos, fui no Villa Nova e peguei o Geraldo Touro. O Cento e Nove, que chegou para ser diretor colocamos ele para ser treinador, o que inicialmente ele não queria”, disse o empresário Pedro Naves e ex-presidente do Verdão, que na época era diretor de futebol.

“Quando eu mostrei para o Vicente Lage que o nosso centroavante era o Vivinho ele quase foi embora, porque o Vivinho era muito magrinho, quase raquítico. Foi aí que eu passei a levar ele na churrascaria para que pudesse comer carne e desenvolver um pouco mais. Deu certo, e ele, que era um dos atletas da casa, foi um dos grandes nomes daquele ano e depois brilhou em grandes clubes do futebol brasileiro”, afirmou Naves.

INÍCIO

A Taça CBF começou para o Uberlândia no dia 25 de fevereiro de 1984 e o sistema da competição equivalente a Série B do Brasileira era de mata-mata, com jogos de ida e volta, desde a primeira fase. Na primeira fase, o Verdão eliminou o Nacional de Itumbiara (GO), vencendo o primeiro jogo por 3 a 0 e perdendo o segundo por 2 a 1. Na segunda fase, a equipe teve pela frente o Guarani de Campinas, empatando o primeiro jogo, no Sabiá, por 0 a 0 e ganhando o segundo por 1 a 0, no Brinco de Ouro em Campinas.

Nas quartas de final, o UEC teve pela frente o Itumbiara (GO). Depois vencer por 2 a 1 na primeira partida, a equipe comandada por Zecão e Carlos Roberto empatou por 1 a 1, fora de casa, e avançou à semifinal, quando encarou o Botafogo de João Pessoa (PB), equipe que tinha até então a melhor defesa da competição. Em estado de graça, o grupo do Verdão não tomou conhecimento e atropelou os paraibanos nos dois confrontos. Formada na maior parte por jogadores formados em casa como os meias Eduardo e Marinho, além do atacante Vivinho, o time goleou o Botafogo por 4 a 0, em Campina Grande, e depois fez 2 a 0 no Sabiá, se garantindo na final contra o Clube do Remo (PA).

FINAL

O primeiro duelo da decisão contra o Remo aconteceu no Parque do Sabiá, no dia 28 de março de 1984 e diante de um público de 21.694 torcedores.  Em um jogo pegado e em que o Verdão precisou lidar com a retranca do time paraense, Vivinho fez o Sabiá tremer já no final da partida. O centroavante pegou um chute preciso, de primeira, depois um cruzamento magistral do volante Chiquinho.

O segundo, em Belém do Pará, no Estádio Mangueirão, foi um confronto ainda mais complicado, onde o Verdão fez de tudo para segurar o resultado que dava o título. A partida teve de tudo: recepção com pedradas ao chegar no estádio, atraso do relógio do estádio, torcedores invadindo o gramado depois do fim da partida, que terminou 0 a 0. O lateral esquerdo Carlos Alberto Batata e o lateral direito Luzinho foram acusados de matar um torcedor remista, que mais tarde foi comprovado que faleceu em decorrência de um infarto fulminante.

“Só nós sabemos o que passamos naquele dia, uma verdadeira guerra, uma batalha desde quando chegamos em Belém. Nosso time foi guerreiro de mais, resistiu a tudo e ainda fez um grande jogo, no qual não somente tomamos pressão, mas também tivemos chances de vencer. Olhar tudo isso e pensar que já se vão 35 anos nem dá para acreditar. Parece que foi tudo ontem e isso vem sempre na memória”, disse o meia Maurinho, que era a arma do técnico Vicente Lage principalmente no segundo tempo das partidas.

VERDÃO DAQUELE ANO
 
Titulares – Moacir; Luizinho, Zecão, Batista e Carlos Alberto Batata; Chiquinho, Eduardo e Carlos Roberto; Geraldo Touro, Vivinho e Zé Carlos.
 
Reservas - Santos, Tayrone, Clayton, Tiãozinho, Maurinho, Cristiano, Biro-Biro e Éder
 
Técnico: Vicente Lage, o 109
 
Supervisor: Odilon Lara
 
Presidente: Pietro Carlo Paladine
 
PLACARES
 
UEC 3 x 0 Nacional (GO)
Nacional (GO) 2 x 2 UEC
UEC 0 x 0 Guarani
Guarani 0 x 1 UEC
UEC 1 x 1 Itumbiara
Itumbiara 1 x 2 UEC
Botafogo (PB) 0 x 4 UEC
UEC 2 x 0 Botafogo (PB)
UEC 1 x 0 Remo (PA)
Remo (PA) 0 x 0 UEC
 
 
 
 
 
 
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