Kátya Teixeira tem 21 anos de carreira e também é gestora do Dandô (Ney Couteiro/Divulgação)
A cultura brasileira é fonte infinita de inspiração e conta com pessoas apaixonadas e dedicadas a honrá-la por onde passam. A paulistana Kátya Teixeira é uma dessas figuras que não mede esforços em nome dessa arte. Além de cantora, instrumentista e compositora, ela também resolveu enveredar pela pesquisa da cultura popular brasileira e traz em seu trabalho musical o resultado de suas andanças pelo Brasil.
Kátya Teixeira faz show hoje em Uberlândia dentro do Dandô - Circuito de Música Dércio Marques, projeto surgido em 2013 e que terá cinco edições neste ano em Uberlândia – uma a cada dois meses. A proposta sempre contempla os anfitriões, artistas locais que se dedicam também a divulgar o projeto. Na noite de hoje eles são o pianista Fábio Leite e a cantora Adriana Francisco. A performance deles será de três músicas e uma com a convidada.
Com preço de ingresso popular, a democratização da cultura é um dos objetivos do projeto. Estudiosa também da cultura oral, Kátya Teixeira conta que a manutenção de um projeto como este conta muito com o apoio das comunidades por onde passa. “Temos que cobrar dos poderes públicos e das instituições a reversão dos nossos impostos nos investimentos em cultura, educação, mas não podemos depender só disso. Se fosse esperar por editais parava tudo”, afirmou.
Segundo a artista, a forma de circulação que sempre contempla cidades da região – o projeto passou por Uberaba, na sexta, e Araguari, ontem – faz com que as pessoas se aproximem e até colaborem. “Tem cidades em que temos apoio até do pipoqueiro, tem gente que faz licor das frutas da estação para servir aos espectadores. Então, mesmo que a pessoa não trabalhe com arte em si, é impactada pelo projeto. Se fossemos cobrar o custo total de tudo o projeto não seria viável, como é por conta dessas parcerias com as comunidades. É algo muito acolhedor. O Dandô é pra todo mundo”, explicou ela que reforça a necessidade de todos conviverem, se conhecerem e principalmente, se reconhecerem na arte. “Chega a ser até engraçado mas a música brasileira parece ter virado coisa da elite, mas deveria ser o contrário”.
SANGUE MINEIRO
Em abril Kátya Teixeira celebra 25 anos de carreira. O show desta noite vai contemplar várias passagens desse período. Nascida em São Paulo, capital, é filha de uma mineira com um alagoano e sempre teve uma ligação muito forte com Minas Gerais. Entre seus projetos tem um disco gravado com o cantautor mineiro Luiz Salgado, de Araguari.
Com seis álbuns lançados, ela chega a Uberlândia animada com a receptividade que já conhece da audiência local. “Venho à cidade há bastante tempo, mesmo antes de Dandô e gosto muito de lembrar que quando começamos, há cinco anos, Uberlândia foi a segunda cidade a receber o projeto depois de São Paulo.
INSPIRAÇÃO
Kátya Teixeira conviveu desde a infância com Dércio Marques e sua irmã, Doroty Marques, cantora, compositora e arte educadora. “Ela está nos acompanhando e comemoramos o aniversário dela nesta semana”, contou Kátya. Dércio nasceu em Uberaba e Doroty em Araguari e por isso fizeram muitos trabalhos em Uberlândia.
Segundo ela, o legado deixado por Dércio é o principal motivo pelo circuito ter ganhado seu nome. “Ele era uma pessoa que retratava o Brasil, conectava as pessoas e tanto ele como a Doroty ainda inspiram muita gente até hoje”, ressaltou Kátya.
CONHEÇA O PROJETO
“Dandô” – Circuito de Música Dércio Marques - Reune músicos de lugares diferentes do Brasil, e que de forma coletiva e colaborativa promove encontros, trocas e reflexões acerca da música. Projeto premiado pelo "Prêmio Brasil Criativo" e "Prêmio Profissionais da Música", teve seu início em 2013, com shows em cidades de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Minas Gerais. Atualmente, está em mais de 40 cidades brasileiras, e expandindo para países da América Latina e Europa. O nome do projeto faz homenagem a Dércio Marques, um dos artistas que mais fez pela arte nos “Brasis”.
Idealizado por Katya Teixeira, o circuito é desenvolvido e realizado por uma rede de diversos coletivos, mobilizadores locais, artistas, instituições, produtores culturais, entre outros colaboradores.
Décio Marques (1947-2012) era considerado um mestre do ofício de cantar. O artista ultrapassou a delimitação de categorias musicais reconhecidas pela riqueza de estilos e temáticas somada à criatividade e liberdade de expressão em suas obras. Em seus repertórios apresenta de uma maneira original e criativa a integração e algumas novas sínteses das manifestações da cultura popular brasileira, em diálogo com outras culturas, especialmente a luso-espanhola.
SERVIÇO
O QUE: Circuito de Música Dércio Marques QUEM: Kátya Teixeira, Adriana Francisco e Fábio Leite QUANDO: hoje, às 20h LOCAL: Espaço Porta 84 (Rua Marechal Deodoro, 84, Fundinho) INGRESSOS: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada) INF.: circuitodando.com