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08/02/2019 às 10h52min - Atualizada em 08/02/2019 às 10h52min

Televisão precisa se reinventar

Flávio Ricco conversa com o Diário sobre décadas de trabalho dedicadas à TV Brasileira

ADREANA OLIVEIRA
Flávio Ricco durante participação recente no programa “Altas Horas” | Foto: Ramón Vasconcelos/Divulgação
O leitor do Diário de Uberlândia e os apreciadores da televisão brasileira devem estar bem familiarizados com esse nome: Flávio Ricco. Às terças e quartas-feiras no impresso e de segunda a domingo em nosso site, o jornalista traz informações sobre os bastidores da TV, novas produções, implicações publicitárias e muito mais.

“Eu acho que já nasci repórter, mas entrei mesmo na área como repórter de campo para transmissões esportivas para o rádio, em uma emissora de São Paulo, em 1971. O narrador era ninguém menos que Hermano Henning, na época”, disse Flávio, em entrevista ao Diário de Uberlândia.

Do rádio ele partiu para trabalhos na TV com Ferreira Neto (1938-2002) e um detalhe: Flávio era estudante de Engenharia na época. “Ele era muito conhecido por sua atuação na TV, foi o último diretor da TV Excelsior. Depois passou a se dedicar a colunas de TV para o jornal ‘Folha da Tarde’, de São Paulo, e para a revista ‘Amiga’. Na época, ele me contratou para ser assessor do Marcos Lázaro Mergulie (1918-2003), que na época gerenciava carreiras de grandes nomes da música brasileira como Maysa, Roberto Carlos, Elis Regina, Simonal, Chico Buarque, Ronnie Von, entre outros”, contou o jornalista que chegou a dirigir o “Programa Ferreira Neto”.

E foi por acaso que Flávio Ricco começou a escrever colunas sobre TV. Certo dia, preso em um compromisso, Ferreira Neto ligou para o assistente porque não conseguiria entregar seu texto e precisava que Flávio o redigisse. “Era bem parecido com o que faço até hoje”, disse Flávio. O jornalista e engenheiro passou por algumas das mais importantes empresas de comunicação do País, como Tupi, TVE, Globo, Band, Record e SBT. Despediu-se da TV no “SBT Repórter”, em 2003. “A partir daí criei a coluna que chamei de ‘Canal 1’”.

O tempo de convivência trouxe, além do conhecimento, muitas amizades ao longo dos desafios que surgiam com o passar dos anos. Ainda com Ferreira Neto, Flávio Ricco dirigiu o primeiro debate político em rede nacional, que foi transmitido pela TVE. “O meu olhar para a TV é de fora para dentro e de dentro para fora. Fiz parte desse mundo por muito tempo e sei como as coisas funcionam. Costumo dizer que as amizades que fiz por onde passei são meu banco de dados”, comentou.

LIVRO


José Armando Vannucci e Flávio Ricco recebem Idalina de Oliveira, primeira garota-propaganda da TV brasileira, durante lançamento do livro | Foto: Divulgação


Além de compartilhar diariamente notícias da TV com seus leitores, Flávio Ricco, junto com José Armando Vannucci, presta um grande serviço de memória para aqueles que querem conhecer um pouco mais da televisão brasileira no livro “Biografia da Televisão Brasileira”. O livro tem dois volumes com publicados em 2017 pele editora Matrix.

A ideia surgiu em 2014 quando Flávio e Vannucci foram convidados para um almoço com o amigo Fausto Silva. “Ele sugeriu a ideia de fazermos uma enciclopédia da TV brasileira. A ideia era boa mas praticamente impossível de viabilizar. Para fazermos uma enciclopédia, por exemplo, teríamos que colocar todas as edições de programas como ‘Big Brother Brasil’, que está em sua 18ª edição, com os respectivos participantes. Seria papel que não acaba mais”, recorda.

Mas a ideia de passar a limpo a história da TV brasileira era interessante e desafiadora e Flávio e Vannucci começaram a estudar como poderiam fazer isso, principalmente com a ausência de memória dos primeiros desses 70 anos de história. “Muita coisa se perdeu. O que possibilitou que escrevêssemos esse livro foram os testemunhos de pessoas como a atriz Laura Cardoso, o ator Lima Duarte, a Idalina de Oliveira, que foi a primeira garota-propaganda da TV brasileira”, disse Flávio.

DESAFIOS

Com toda a experiência acumulada em décadas dedicadas à televisão, Flávio Ricco alerta que atualmente as emissoras têm desafios diários a serem vencidos, assim como todos nós. “Muitas emissoras já tiveram problemas sérios no passado e conseguiram se recuperar, por isso a TV não vai acabar, porém, é grande o desafio. Mas o maior desafio de todos é se reinventar”, disse.

Para ele, Globo, SBT e Record hoje em dia não têm que se preocupar só com a concorrência entre elas, como no passado. É grande o impacto da concorrência de outros meios como a internet e o streaming. “Falemos novamente de BBB, que está no início de uma nova edição. Pode parecer que não mexeu com muita gente, mas foi o assunto mais comentado no Twitter no dia da estreia. Isso acontece com outros realities e com as novelas. Ou seja: a televisão ainda mexe com o público. Veja, por exemplo, o ‘Verdades Secretas’, do Walcyr Carrasco. Mexeu com a internet de uma maneira fantástica”, disse Flávio.

Ele explica que a TV movimenta outras mídias e precisa estar atenta à forma como as pessoas consomem seu conteúdo. “A Globo se especializou em fazer novelas a perder de vista e sabe que, nesses tempos atuais, isso não cabe mais. Porém, a emissora investe em séries mais curtas e conteúdo para sua plataforma de streaming. Já o SBT tem outra realidade, critico muito a emissora por não olhar para o futuro, e só olhar para trás. Ao invés de produzir algo novo se prende a reprises de coisas antigas”, explicou.

Flávio Ricco aposta ainda na presença cada vez mais constante do jornalismo nas programações e em uma longa vida da televisão brasileira.
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