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07/02/2019 às 09h59min - Atualizada em 07/02/2019 às 09h59min

União Europeia diz que não renegociará acordo

Theresa May desembarca em Bruxelas, hoje, para se reunir com a cúpula da União Européia | Foto: Reprodução Twitter
Um dia antes da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, ir a Bruxelas para pedir mudanças no acordo de saída do país da União Europeia (UE), a cúpula do bloco enviou, ontem, um duro recado aos britânicos, negando a possibilidade de novas negociações. Em uma frase que exemplificou o nível das desavenças políticas na Europa, o presidente do Conselho Europeu (que reúne os chefes de governo e de Estado do bloco), Donald Tusk, afirmou que os defensores do brexit merecem o inferno.

"Eu tenho pensando como deve ser esse lugar especial no inferno para as pessoas que promoveram o brexit sem ter nem mesmo um esboço de um plano de como realizá-lo de modo ordenado", disse Tusk a jornalistas, ontem, também em Bruxelas, sede da UE. A frase foi bombardeada pelos parlamentares britânicos a favor da saída do país do bloco. A líder da casa, a conservadora Andrea Leadsom, chamou Tusk de "sem educação" e exigiu que ele pedisse desculpas. O ex-líder do partido de direita radical Ukip, Nigel Farage, também respondeu ao europeu. "Depois do brexit, estaremos livres de provocadores arrogantes e não eleitos como você - e isso soa como o paraíso para mim", disse ele.

Já grupos a favor da permanência na UE aplaudiram a declaração e o Partido Nacional Escocês disse que a fala do europeu "acertou em cheio" o brexit.  A declaração de Tusk foi complementada, pouco depois, por Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia (o braço executivo da UE), que foi pelo mesmo caminho. "Sou menos católico do que meu bom amigo Donald. Ele acredita no céu e, por consequência, no inferno. Já eu acredito no céu e não no inferno, com exceção ao que estou fazendo agora, que é o inferno", disse ele, se referindo também as negociações para o brexit. 

No final de 2018, Bruxelas e Londres fecharam um pacto para organizar como o brexit deveria ocorrer - a saída está marcada para 29 de março -, mas ele foi derrubado pelo Parlamento britânico. No lugar, a Casa aprovou um novo esboço apresentado por May, que agora quer renegociar este plano com a UE. Juckner disse, ontem, que não há possibilidade de isso acontecer. No centro do impasse está a questão da fronteira entre a República da Irlanda (país independente que faz parte da UE) e a Irlanda do Norte (parte do Reino Unido).

Segundo o acordo de paz que pôs fim ao conflito na região em 1998, os cidadãos das duas Irlandas são livres para se movimentarem entre elas, não podendo assim existir uma barreira física na fronteira - o que não era um problema quando todos estavam dentro da UE, mas passou a ser com o brexit. Segundo a proposta inicial de Bruxelas e de Londres, seria criada uma união alfandegária temporária entre as duas Irlandas (chamada de "backstop"), que possibilitaria que a fronteira permanecesse aberta até que UE e Reino Unido conseguissem negociar um acordo comercial definitivo.  

Para os defensores do brexit, porém, a proposta é intragável, porque significa que parte do território britânico deve permanecer sob as regras europeias. Essa ala defende que, no mínimo, o Reino Unido tenha o direito de deixar unilateralmente o "backstop". É exatamente esta posição que May deve defender no seu tour por Bruxelas na quinta (7) - mas que Juncker já classificou como inaceitável.
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