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08/01/2019 às 08h41min - Atualizada em 08/01/2019 às 08h41min

Juros vão subir para classe média

Caixa deverá segurar taxas apenas para o Minha Casa Minha Vida; Presidentes de bancos estatais foram empossados ontem

FOLHAPRESS E ABR
Os presidentes do BB, Rubem Novaes, da Caixa, Pedro Guimarães, e o ministro da Economia Paulo Guedes, durante cerimônia de posse | Foto: Marcelo Camargo/ABR
O novo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou ontem que pessoas de classe média vão pagar taxas de juros de mercado, mais altas que as do Minha Casa Minha Vida, para o financiamento habitacional.

Os presidentes dos bancos estatais foram oficializados no cargo ontem durante cerimônia no Palácio do Planalto. Após tomar posse, Guimarães explicou que as taxas para os mais pobres não serão reajustadas, mas fez a ponderação. "O juro não vai subir para o Minha Casa Minha Vida. Se hoje você tem zero de empréstimo para pessoas de classe média, não vão ser os juros de Minha Casa Minha Vida, porque juros de Minha Casa Minha Vida é para quem é pobre", disse.
"Para quem é classe média, tem que pagar mais, ou vai buscar no Santander, no Bradesco e no Itaú. Na Caixa, vai pagar juros maior do que o do Minha Casa Minha Vida, certamente, e vai ser juros de mercado", ressaltou.

Guimarães afirmou que as fontes de recursos do FGTS e da poupança, que alimentam os financiamentos habitacionais do banco, estão no limite. Para ampliar a carteira de crédito da instituição, ele anunciou um processo de securitização de parte da carteira de crédito da Caixa, ou seja, a venda no mercado de papéis lastreados a financiamentos que o banco concedeu.

De acordo com Guimarães, o objetivo é que a Caixa venda uma parte relevante do seu crédito nos próximos dez anos, podendo alcançar um total de R$ 100 bilhões. O presidente do banco explicou que pessoas que recebem hoje até 4% ao ano com aplicações feitas na Caixa poderão ganhar no futuro até 8% investindo em papéis ligados a esses créditos imobiliários.
 
MICROCRÉDITO
 
O novo presidente da Caixa acrescentou que pretende expandir a oferta de microcrédito a taxas mais baixas do que as hoje praticadas pelo mercado. “Não me conformo em ver pessoas tomando dinheiro a 15%, 20% ao mês”, afirmou. “O Brasil pode ser uma referência em microcrédito.”

Guimarães disse que deverá fazer uma revisão nas políticas de patrocínio e comunicação da Caixa, conforme orientação do governo, e que viajará pessoalmente aos estados para ouvir clientes e visitar comunidades carentes onde o banco atua. Ele informou que um dos primeiros estados a ser visitado será o Amazonas, onde estuda ampliar o acesso à Caixa ampliando o número de barcos do banco que atuam em comunidades isoladas.
 
 BANCO DO BRASIL 
“Concorrência que se cuide", diz novo presidente
 

O novo presidente do Banco do Brasil, Rubens Novaes, confirmou que pretende vender parte dos ativos da instituição e afirmou estar livre do drama que antes contrapunha o interesse dos acionistas minoritários e do governo. “A concorrência que se cuide”, afirmou.

“Entendemos que alguns ativos do banco não guardam sinergia com suas atividades principais e, nestes casos, realmente consideraremos os desinvestimentos”, disse Novaes durante a cerimônia de transmissão do cargo, ontem, na sede do banco, em Brasília. Ele não detalhou quais ativos seriam diluídos.

Novaes destacou a necessidade de a participação em determinadas atividades desempenhadas pelo banco ser diluída. “O ministro [da Economia] Paulo Guedes tem falado comigo sobre esse tema” afirmou.

“O que se pretende para algumas atividades lucrativas, que se valem da força do banco para prosperar, é a abertura para o mercado de capitais e a busca de parceiros complementares, sempre buscando destampar e evidenciar valores antes despercebidos ou desconsiderados nos registros contábeis”, disse ele.
Em uma cerimônia que contou com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão e do ministro Paulo Guedes, a quem chamou de amigo de longa data, o novo presidente do BB destacou que assume o cargo livre de interferências indevidas do mundo político. Rubem Novaes substitui no cargo a Marcelo Labuto.
“Sendo empresa de capital aberto, mas com o controle da União, nem sempre foi harmoniosa a relação dos acionistas privados com o controlador [governo]”, disse Novaes. “Estou livre deste drama, pois o mandato que recebo é plenamente compatível com o interesse dos minoritários”, afirmou.
 
SINTONIA
 
Em seguida, o ministro Paulo Guedes repetiu pontos que já havia levantado na cerimônia da posse de Novaes, mais cedo no Palácio do Planalto, afirmando que o governo deve, sim, promover distribuição de renda e programas sociais, mas sem comprometer a rentabilidade dos bancos públicos.

Guedes também condenou o aparelhamento de instituições públicas por interesses particulares que teria ocorrido no passado. “O aparelho de estado brasileiro foi ocupado, e cada um foi lá, cada grupo de interesse, cada grupo corporativo foi lá e pegou um pedaço, pegou uma teta. Sempre perguntando: ‘ que eu posso tirar do Brasil?’ Nosso grupo tem a mentalidade que é o contrário: o que nós podemos dar ao país?”, disse Guedes.

O ministro aproveitou a ocasião para negar ruídos entre os membros do governo. “Todo mundo acha que há discussão entre nós, uma briga. Somos uma equipe muito sintonizada”, afirmou.
 
 BNDES
Joaquim Levy fala em combater patrimonialismo

 
Ao tomar posse ontem na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy afirmou que a instituição precisa continuar se transformando para responder às novas condições do país, às expectativas da nação e às promessas do governo.

“Estamos na antessala de um novo ciclo de investimentos em uma economia que será mais aberta, mais vibrante, com mais espaço para o setor privado e para os mercados de capital. O papel do BNDES é contribuir nesse ambiente desenvolvendo novas ferramentas, novas formas de trabalhar, próximos e em parceria com o mercado”, disse.

Segundo Levy, o BNDES vai combater o patrimonialismo e as distorções já verificadas. “Isso tem que mudar e continuar mudando, evitando o voluntarismo. A ferramenta para isso tem que ser a ética, a transparência, a responsabilidade e a responsabilização”, acrescentou
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