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09/12/2018 às 07h00min - Atualizada em 09/12/2018 às 07h00min

Planos para voltar ao futebol

Fernando Mariano vive desde 2009 em Uberlândia, onde cuida dos negócios da família

Éder Soares
Fernando Mariano foi vice-campeão da Libertadores jogando pelo Palmeiras (Éder Soares)
 
Fernando Henrique Mariano, ou simplesmente Fernando, como era conhecido no futebol brasileiro, encerrou a carreira de jogador aos 42 anos de idade, em 2009, jogando pelo Santo André (SP), quando a equipe ainda disputava o Brasileirão da Série A. Um dos fatos curiosos na carreira deste uberlandense tranquilo e de fala serena é que ele atuou em 55 das 58 partidas que a equipe do ABC Paulista disputou no ano de sua aposentadoria. Mesmo com uma idade considerada avançada para o futebol até então, ele terminou o ano sem uma lesão sequer.

Fernando, que é um dos irmãos mais novos de Maurinho, meia que foi campeão do Campeonato Brasileiro Série B com o Uberlândia Esporte em 1984, vive em Uberlândia, onde cuida de alguns negócios da família. Ele aguarda uma proposta para retornar ao futebol profissional na área da gestão de futebol. O ex-volante, hoje com 51 anos, começou sua carreira profissional no Uberlândia, em 1985, quando ingressou nas categorias de base do Verdão.
Mais tarde, em 1990, foi vendido para o Mogi-Mirim (SP), clube pelo qual se destacou e chamou atenção de clubes importantes do futebol brasileiro. Depois, ele passou com destaque pela Portuguesa de Desportos (SP) e pelo Guarani de Campinas (SP), antes de vestir a camisa do Internacional de Porto Alegre (RS), Fukouka (Japão) e o Palmeiras (SP), onde foi vice-campeão da Libertadores em 2000. O jogador ainda se destacou pelo Botafogo (RJ) e Santo André.  
Suas principais conquistas foram a Copa Mercosul, pelo Internacional, em 1996; o Campeonato Gaúcho de 1997, também pelo Inter; o Torneio Rio-São Paulo e a Copa dos Campeões, em 2000, ambos pelo Palmeiras. Em campeonatos brasileiros, disputou 249 jogos em 1994. A melhor fase na carreira foi defendendo Palmeiras e o Botafogo. No Palmeiras, ajudou o clube em campanhas na Copa Libertadores da América. No Botafogo, jogou no clube na campanha da segunda divisão que culminou na volta à elite do futebol brasileiro.

Em 2010, Fernando aceitou o convite do treinador Fahel Junior para ser auxiliar no Brasil de Pelotas (RS), onde permaneceu por cerca de quatro meses. Depois foi confirmado novamente como auxiliar de Fahel, dessa vez no América de São José do Rio Preto (SP). Já em 2011, assumiu cargo como treinador do Marília (SP) na A2 do Paulista.
Nesta entrevista, Fernando fala ao Diário de Uberlândia sobre os clubes em que mais se destacou, os planos para o futuro e a amizade com o técnico Luiz Felipe Scolari. O ex-jogador comenta também os rumos do Uberlândia Esporte Clube, que terá sua torcida na luta para o retorno à elite do Campeonato Mineiro.
 
Diário de Uberlândia: Dos clubes que você passou ao longo da carreira, qual acabou te marcando mais?
Fernando: Olha, o Palmeiras marcou pela quantidade de títulos, pela oportunidade de disputar campeonatos importantes e chegar em várias finais, coisa que até então eu não tive tanta oportunidade. Agora, em termos de rendimento e de destaque, o ano em que eu passei pelo Internacional, em 1997, foi muito importante também. Foi um ano que fui até cogitado pela imprensa do Rio Grande do Sul para ser convocado para a Seleção Brasileira e que ganhei a Bola de Prata, da Revista Placar, como melhor volante do Brasileiro. Então, profissionalmente, minha passagem no Inter foi de muitas glórias. Foi um ano que marcou, mas em termos de visibilidade foi o Palmeiras o mais importante, até porque nos dois anos e meio que fiquei por lá, nós disputamos final de Libertadores e conquistamos vários títulos importantes.
 
Em termos de Seleção, ficou uma frustração por nunca ter sido convocado?
Olha, a Seleção é o ápice para o atleta, mas na época em que eu jogava o Brasil tinha muitos grandes jogadores na minha posição. É claro que um pouco de frustração ficou por não ter tido uma oportunidade nem que fosse para amistosos. Não ter essa glória e essa honra de defender a Seleção acaba frustrando um pouco, sim. Mas são coisas que acontecem, fui muito feliz como atleta profissional, tive uma boa carreira e fui cogitado algumas vezes para a Seleção. Sou feliz por ter realizado um sonho de garoto, que era o de se tornar jogador profissional. Tenho o orgulho de ter disputado várias edições do Brasileiro Série A, o que era impensável e que eu nunca imaginei desde quando comecei a jogar no juniores do Uberlândia.
 
O que você traz de mais positivo em relação ao futebol?
Foram muitas coisas boas, muitas amizades, a oportunidade de conhecer vários continentes e culturas, tudo através do esporte, e sou muito grato por isso. O mundo do futebol é imenso. Desde garoto eu tinha esse pensamento de ser atleta, mas esse pensamento era o de um mundo muito pequeno. Hoje, pela quantidade de jogos que tem na TV, o jovem atleta já tem uma dimensão muito grande do que é o futebol. Na minha época, eu nem imaginava que conheceria tanta coisa e um universo tão grande como o que eu acabei encontrando.

Você foi comandado no Palmeiras pelo Felipão. Como foi vê-lo dar a volta por cima e se sagrar campeão brasileiro neste ano, aos 70 anos de idade, depois de ser estigmatizado pelos 7 a 1 para a Alemanha?
Eu sou até um pouco suspeito para falar do Felipão. É um treinador e um homem que eu respeito muito, uma pessoa que me levou para o Palmeiras, quando eu estava voltando do Japão. Ele tinha sido treinador do Grêmio, quando eu era jogador do Inter. Ele me indicou para o Palmeiras em função de ter visto a minha performance pelo Inter. Tenho muita amizade por ele, que é um treinador muito competente e demonstrou isso novamente. Entendo como profissional dentro do futebol que aquele 7 a 1 para a Alemanha foi uma situação totalmente inusitada e rara de acontecer no futebol, ainda mais em uma Copa do Mundo e entre duas grandes seleções. Nunca mais vai se repetir isso, pode ter certeza. Foi uma coisa que aconteceu com ele, mas nessa volta ao futebol brasileiro ele conseguiu, não somente resgatar o nome, mas amenizar um pouco este estigma com o título. Fiquei muito feliz.
 
Quais os planos para o futuro?
Voltei para Uberlândia em 2009, quando encerrei a carreira de jogador. Voltei e neste caminho de nove anos trabalhei no futebol como auxiliar e treinador pelo Marília, mesmo que de forma rápida. Hoje, estou um pouco afastado do futebol, mas com uma grande vontade de retornar, até por causa daquela imagem que construí e tantos contatos que tive em 22 anos como jogador. Acho que é um ponto positivo para que eu possa voltar a trabalhar com esporte, em especial no futebol.
 
Qual área dentro do futebol você gostaria de encarar?
Me vejo hoje muito mais como diretor, até mesmo para utilizar este networking, essa rede de contatos. Se você for analisar a maioria dos executivos que estão nos clubes é de ex-atletas ou pessoas que já têm certa idade e uma grande vivência dentro do futebol.  A gente sabe que futebol é relacionamento, você tem que ter esta visão de observar questões dentro do campo também. Eu tenho isso, pois fui atleta. Quem sabe uma hora aparece uma oportunidade, sempre estamos em contato no meio.
 
Como cria do Uberlândia Esporte Clube, como você vê este momento da instituição, com mais um rebaixamento para o Módulo II?
Realmente me entristeceu muito. Uma por eu ter começado no Uberlândia, e outra pela própria cidade, pois o uberlandense é apaixonado por esporte, em especial o futebol. O futebol, hoje, perdeu um pouco o espaço na cidade, pois o mais conhecido aqui é o voleibol, que tem o Praia como campeão da Superliga. Não podemos confrontar as duas realidades financeiras locais, que são completamente diferentes, pois no vôlei se tem um investimento muito alto e no futebol, não. Mas a gente torce para que o Uberlândia possa fazer um planejamento não só para o Módulo II, mas para futuras competições. Que possa retornar à primeira divisão e galgar as divisões do Campeonato Brasileiro. O caminho é muito longo, ainda mais com essa queda para a segunda divisão, mas é preciso erguer a cabeça e seguir em frente.
 
O que acha que irá acontecer no Módulo II, já que o UEC jamais conseguiu subir no ano seguinte ao rebaixamento?
Acho que será um ano difícil, pois o Módulo II mudou a fórmula de disputa neste ano, hoje é sub-24 e o nível ficou muito igual. Antigamente você montava uma equipe mais experiente, pegava jogadores que estavam acostumados com acesso e se tivesse um investimento maior você tinha maior chances de subir. Agora com essa modalidade de disputa, o campeonato se equilibra mais e você precisa ter um trabalho maior na observação de jogadores mais jovens. Acho que ficou muito mais difícil, pois é preciso ter um trabalho muito mais criterioso do que anos anteriores. Mas estamos torcendo para que consigam acertar nestes atletas e a equipe volta à elite.
 
O Uberlândia contratou o técnico Ademir Fonseca, o que achou?
Ele é meu amigo, e o conheço bem desde a época em que joguei no Mogi Mirim. É um treinador muito competente e que em 2016 fez um grande trabalho na URT de Patos de Minas, bem como também em várias equipes do futebol brasileiro. Fiquei feliz por ser um treinador muito capacitado, com visão e mercado muito grande em São Paulo e outros estados. Ele pode estar indicando jogadores competitivos para essa luta que o Verdão terá pela frente. Acho que foi uma decisão mais o que acertada do Uberlândia Esporte em trazer este profissional.
 
Títulos na carreira
Uberlândia: Campeonato Mineiro do Interior e Campeonato Brasileiro Módulo Azul (vice) 1987
Mogi Mirim: Copa 90 Anos do Futebol de São Paulo 1992
Internacional: Torneio Mercosul de 1996 e Campeonato Gaúcho de 1997
Palmeiras: Torneio Rio-São Paulo, Copa dos Campeões, e Copa Libertadores da América (vice) 2000
Botafogo: Campeonato Brasileiro Série B de 2003 (vice)
Santo André: Campeonato Paulista A2 de 2008 e Campeonato Brasileiro Série B de 2008 (vice)
 
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