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17/09/2018 às 11h54min - Atualizada em 17/09/2018 às 11h54min

Drama racial desbanca Lady Gaga em Toronto

DA REDAÇÃO
Tony (Vigo Mortensen) e Don (Mahershala Ali) em “Green Book” | Foto: Divulgação
História sobre racismo nos anos 1960, o filme "Green Book", de Peter Farrelly, derrotou Lady Gaga e seu "Nasce uma Estrela" e levou o prêmio principal do Festival de Toronto, uma das mais importantes mostras de cinema do calendário. No evento canadense, quem escolhe o melhor filme é o público, e não um júri. Neste ano, como o festival passou a permitir que os espectadores votassem pela internet, achava-se que os fãs da cantora engrossariam os votos no remake protagonizado por Gaga. Mesmo durante transmissão da cerimônia pela internet, podia-se ver manifestações de fãs no bate-papo vinculado ao vídeo da premiação ao vivo, muitos deles brasileiros, torcendo pela vitória de "Nasce uma Estrela". O filme só estreia no país em 11 de outubro.

O "star power" da cantora não foi páreo para "Green Book", primeira incursão no drama de um diretor famoso por besteiróis politicamente incorretos, como "Debi & Lóide", "Quem Vai Ficar com Mary?" e "O Amor É Cego". Farrelly, que já tinha se mostrado surpreso ao participar de um festival de cinema autoral pela primeira vez, não escondeu seu assombro com a vitória. Em "Green Book", inspirado numa história real, ele recua até o início dos anos 1960 nos Estados Unidos.
Tony (Viggo Mortensen) é um brucutu ítalo-americano que ganha a vida como leão de chácara em clubes da máfia no Bronx, em Nova York. Ele recebe uma proposta inusitada, servir de chofer a um exímio pianista negro, Don (Mahershala Ali), durante uma excursão pelo sul.

Cruzar a chamada linha Mason-Dixon, a divisão figurativa que separa o norte industrializado e a porção meridional atrasada, é atravessar a grande cisão que molda a sociedade americana. O tal livro verde a que o título do longa alude é um guia que de fato existiu, listando os estabelecimentos que aceitavam servir negros no sul, onde a segregação racial era institucionalizada. Tony tem seus próprios preconceitos e modos poucos civilizados. Don é elitizado e, apesar da consciência do racismo, não tem qualquer contato com a cultura popular afro-americana. Juntos, toparão com casarões comandados por fazendeiros onde negros são forçados a usar latrinas e clubes que só aceitam a entrada de brancos. Ao longo da trajetória, ambos os personagens reveem as próprias vidas. A mostra canadense, que terminou neste domingo (16), rivaliza com seus congêneres europeus de Cannes, Veneza e Berlim.

A vitória incrementa as chances de "Green Book" conquistar um espaço no Oscar. Isso porque Toronto costuma ser uma vitrine da escalação do ano que vem no prêmio, já que ocorre numa data do ano em que os filmes com perfil da Academia em geral são lançados. O público também elege vencedores nas categorias de melhor documentário e longas da chamada Sessão da Meia-Noite, destinada a filmes mais pop ou de gênero. Entre os documentários, o escolhido foi "Free Solo", de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi. A obra acompanha a escalada de um monte na Califórnia feita por um alpinista que não usa equipamentos de segurança. O indiano "The Man Who Feels No Pain", de Vasan Bala, venceu entre os longas da Sessão da Meia-Noite com sua história sobre um garoto que não sente dor e resolve enfrentar bandidos com suas noções de artes marciais.

Já "Skin", história sobre um jovem criado em meio a uma família de supremacistas brancos dirigida pelo israelense Guy Nattiv, levou o prêmio de melhor filme segundo a crítica.
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