Após a eliminação do Santos da Copa Libertadores, o técnico Cuca não conseguiu esconder sua frustração com a diretoria santista pelo episódio da escalação irregular do uruguaio Carlos Sánchez, que mudou os rumos do duelo contra o Independiente pelas oitavas de final da competição.
Em razão da participação de Sánchez no jogo de ida, a Conmebol julgou que o clube paulista foi culpado pela escalação do volante e, por isso, o resultado da partida em Avellaneda, que havia sido 0 a 0, mudou para 3 a 0 a favor dos argentinos.
"Amanhã podem me mandar embora, mas vou falar. O Santos tem de melhorar muito profissionalmente. Tem de melhorar muito internamente. Isso que ocorreu é um erro muito grande e muito grave. É o beabá. Junto disso vêm outras ações", disse Cuca em entrevista coletiva após a queda na Libertadores.
O Santos tem cinco dias para recorrer à corte de apelações da Conmebol. O clube sabe que não vai conseguir reverter o resultado nesta instância, mas precisa passar por ela antes de ir à Fifa apelar. Em caso de nova derrota, a última solução seria ir ao CAS (Corte Arbitral do Esporte), na Suíça.
Contudo, mesmo com a possibilidade de recorrer, Cuca não acredita em um desfecho favorável ao clube.
"Não tem esperança. O prejuízo ainda aumentou porque o Santos vai ser punido. Eu acreditava [na classificação, mesmo com os 3 a 0]. Por isso que saí com quatro jogadores na frente", afirmou.
Durante a confusão entre torcedores do Santos e policiais no Pacaembu, um dos santistas que conseguiu invadir o gramado foi contido rapidamente pelos policiais. Cuca, que estava próximo ao torcedor, tentou defendê-lo da truculência da polícia e se envolveu em um empurra-empurra com os guardas.
"Faria isso por qualquer pessoa. Fui tentar tirar a mão do policial. Não precisava de tantas pessoas. Foi uma força exagerada, que não era necessária", explicou o treinador. "Não levei porrada. Só fui acalmar uma situação. Respeito muito o trabalho da polícia", completou.
Prejuízo
A Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de São Paulo emitiu uma nota oficial lamentando o ocorrido durante a partida entre Santos e Independiente, na última terça-feira (28). Inconformados com a punição da Conmebol ao time paulista, torcedores santistas lançaram bombas e quebraram cadeiras do Pacaembu, palco do jogo.
De acordo com a Secretaria, mais de 60 cadeiras do setor laranja da arquibancada foram destruídas. "Parte dos alambrados foram amassados, os banheiros tiveram as torneiras quebradas, bem como alguns banheiros químicos, que são locados, foram vandalizados", prosseguiu.
A partida foi encerrada aos 36 minutos do segundo tempo por falta de segurança. O Independiente se classificou para as quartas de final da Libertadores."Hoje (quarta-feira) será feito um levantamento mais apurado e contabilidade de todos os prejuízos será enviada a diretoria do Santos Futebol Clube", completou a nota.
O Santos foi punido pela escalação irregular de Carlos Sánchez na partida de ida do duelo. Por causa disso, o placar foi alterado para vitória do Independiente por 3 a 0. No jogo de volta, no Pacaembu, o resultado de 0 a 0 eliminou o time brasileiro.
Confira a nota completa:
"A Secretaria Municipal de Esportes e Lazer lamenta profundamente o que aconteceu na noite de ontem nas arquibancadas do estádio do Pacaembu durante a realização da partida entre as equipes do Santos e Independiente, da Argentina e informa que fez um levantamento parcial sobre as depredações ocorridas durante a partida válida pela Copa Libertadores da América.
Foram destruídas mais de 60 cadeiras do setor laranja da arquibancada, parte dos alambrados foram amassados, os banheiros tiveram as torneiras quebradas, bem como alguns banheiros químicos, que são locados, foram vandalizados. Também foi constatado que parte do gramado sofreu avarias devido aos artefatos jogados antes de a partida ser interrompida. Hoje será feito um levantamento mais apurado e contabilidade de todos os prejuízos será enviada a diretoria do Santos Futebol Clube."