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27/08/2018 às 10h28min - Atualizada em 27/08/2018 às 10h28min

Veteranos resgatam memória do esporte

Ex-basqueteiros se reúnem todos os anos para confraternizar e relembrar títulos

ÉDER SOARES
Que a cidade de Uberlândia tem tradição no basquete todo mundo sabe, especialmente pelos títulos conquistados mais recentes pelo Unitri, como o Brasileiro de 2004 e o Sul-Americano de 2005. Mas a história do esporte da bola laranja no Triângulo Mineiro começou ainda na década de 1940, com a extinta Associação Atlética Uberlândia. Mais tarde, entre as décadas de 1960 e 1970, foi escrita outra página de sucesso com um grupo de jogadores que vestiram as camisas do Uberlândia Tênis Clube (UTC) e do Praia Clube, sempre com muito amor e dedicação ao esporte. Foram inúmeros títulos do Campeonato Mineiro e Jogos Estudantis, além de torneios e amistosos por todo o Brasil.

Todos os anos, uma turma de amigos ex-basqueteiros se reúne para confraternizar e relembrar anos de glórias, quando o basquete ainda era amador na cidade, mas despertava muitas paixões. Neste mês, parte dos amigos se reuniu na residência do ex-pivô da equipe Edson Cézar Zanatta, que já foi vereador e secretário municipal em Uberlândia e exerceu atividade de empresário. Fizeram parte do célebre time: Cícero, Ricardo Bambu, Aloísio, Zanatta, Rubens, Branco, Tubal, Celio, Calil, Ataulfo, Roosevelt, Reny e Lione.

O início do aprendizado aconteceu com o professor Tales Martins. “Por sermos amigos mesmos, formamos esse grupo coeso até hoje. Mesmo sendo amadores, treinávamos muito, então começamos a defender as cores do UTC e o Praia Clube em jogos amistosos, Campeonato Mineiro, Jogos Alta Mogiana, entre Minas Gerais e estado de São Paulo”, disse Zanatta, que está com 71 anos, destacando outras competições disputadas.

“Também participamos de Jogos Universitários de Uberlândia, Minas Gerais e disputas federais.  Enfrentamos na época os grandes de times de basquete do Brasil.  Tais como: Corinthians, Monte Líbano de São Paulo, Vasco, Flamengo, Palmeiras, Clube Bagre de Franca, Minas Tênis, Ginástico de BH e outros”, afirmou.

Para quem pensa que naquela época havia pouco público nos jogos, Zanatta garante que era o contrário. “O basquete era modalidade de muitos torcedores em nossa cidade. Em 1963, o Uberlândia Tênis Clube foi o primeiro campeão mineiro do interior. Só ganhavam os times da capital. Foi um feito histórico que teve muita comemoração na cidade. Continuamos amigos até hoje, uma amizade pura e verdadeira.  Nesse último encontro faltaram apenas dois amigos, o Doutor Walter Álvares (Pico), já falecido, e Sérgio Santos, com problemas de saúde”.

Zanatta destaca ainda a importância do basquete na cidade e torce para que em breve o time da Unitri possa voltar. “Foi um período fantástico de muitos títulos para a cidade de Uberlândia. Acredito que brevemente a equipe possa voltar para nos trazer aquela alegria e emoção, que somente o basquete consegue nos despertar”, afirmou.
 
CAMPEÃO MINEIRO DE 1963
Um time movido pelo amor ao esporte


A equipe do Praia Clube em 1968 | Foto: Divulgação

 
Ex-vereador de Uberlândia em 1972, Tubal Vilela Neto,  foi jogador da mesma equipe e participou da maior parte das conquistas. Ele, que é pecuarista e atualmente mora em Goiânia,  faz questão de relembrar as muitas lutas dos amigos num período em que se praticava o basquete por amor ao esporte.

“Começamos cedo no UTC. Nossa vida foi toda lá praticando todos os esportes. Não fumávamos e tínhamos vida regrada, viajamos muito de Kombi, de trem, de fusca e de Gordini, indo para cidades como Goiânia, Brasília, Franca, Batatais, Ribeirão Preto, Uberaba, Araguari, Belo Horizonte e outras”, disse Tubal, destacando ainda que cada um dos amigos seguiu um rumo de sucesso na vida fora do esporte.

“Viramos reitores, diretores de faculdade, presidente de instituições como BDMG e Sebrae. Fomos campeões mineiros e fizemos parte da construção do Ginásio do UTC, tijolo por tijolo, telha por telha. Organizávamos e participávamos das Olimpíadas estudantis: secundaristas e universitárias. Éramos bilheteiros, porteiros, juízes, mesários. Devemos muito ao Dr. Eugênio Pimentel Arantes pela construção do Ginásio a Homero Santos, que demos o nome”, destacou.

Aos 71 anos e ativo nas suas atividades da pecuária, Tubal Neto garante que era um jogador versátil na época em que jogava basquete e outros esportes. “Jogava de tudo. Não era primeira classe, mas era raçudo e atuante”.

Reny Simão, tem 74 anos. Professor aposentado da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), ele conta que o título do Campeonato Mineiro de 1963 em cima do Ginástico de Belo Horizonte foi o que mais marcou a sua estada na equipe, mas frisa que a amizade de mais de cinco décadas é o que mais valeu.

“Era uma época diferente. Uberlândia tinha um time que era puramente da cidade e que nos representava. Era só quem morava em Uberlândia. Era amador e ninguém ganhava nada. Tínhamos orgulho de representar a cidade. Raramente alguém conseguia bater os times da capital, mas em 1963 vencemos o Ginástico. Eles pensavam que tinham um time melhor e que ganhariam fácil. Deixaram a final (melhor de três jogos) ser aqui em Uberlândia e nós surpreendemos eles. A série ficou 2 a 1 para nós. Se não me engano, ganhamos o último jogo por diferença de um ou dois pontos. Foi uma emoção inesquecível”, afirmou Reny, que voltou a destacar a amizade deixada.

“Não tem data certa, mas fazemos um jantar pelo menos uma vez por ano. O esporte nos proporcionou uma amizade grande. O tempo passou, cada um com a sua atividade, mas a amizade sempre persistiu. O esporte, naquela época, era diferente e nos trazia outro sentido, além de tão somente a competitividade dentro das quadras”, disse.
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