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30/07/2018 às 08h09min - Atualizada em 30/07/2018 às 08h09min

Lisboa limitará oferta de alugueis turísticos

FOLHAPRESS
Diante da alta generalizada do valor dos aluguéis e da consequente saída de moradores dos bairros mais tradicionais e valorizados, Lisboa vai restringir a localização dos apartamentos e a atuação das empresas de aluguel por temporadas, como Airbnb. A ideia da Câmara Municipal (equivalente da Prefeitura) é travar a autorização para novos empreendimentos em regiões com indício de saturação, como Alfama, Mouraria e Castelo, alguns dos preferidos dos visitantes.
A instituição ainda avalia a situação e não definiu os bairros afetados, mas a ideia é defendida há mais de um ano pelo presidente da Câmara, Fernando Medina, que levantou a possibilidade de ampliar o raio de ação da moratória em entrevista ao jornal português Diário de Notícias.

Desde 2010, houve aumento de 3.000% na quantidade de apartamentos alugados em regime de temporada na capital portuguesa, segundo levantamento feito por professores da Universidade de Coimbra e de Rutgers (EUA). A proliferação deste tipo de empreendimento, que em Portugal recebe o nome de alojamento local, é citada como um dos motivos para alta dos alugueis no país. Nas duas maiores cidades portuguesas, Lisboa e Porto, houve aumento de 20% dos preços de alugueis residenciais no primeiro trimestre de 2018 em comparação com o mesmo período de 2017. O encarecimento se dá pela escassez na oferta. Muitos proprietários preferem alugar seus imóveis por períodos curtos para os turistas em plataformas como o Airbnb e o Booking, uma vez que essas transações escapam do imposto de 27% cobrado sobre os contratos de longa duração. As mudanças em Lisboa serão possíveis devido a uma alteração recente na legislação portuguesa para dar aos municípios maior controle sobre o assunto, como a possibilidade de estabelecer "zonas de contenção" em áreas que considerem sobrecarregadas pelo aluguel por temporada.

As autarquias também poderão fechar estabelecimentos que descumpram normas ou ameacem a saúde pública. Airbnbs em prédios com apartamentos de residentes também passam a ter regras mais rígidas, como a obrigação de seguro para as áreas comuns do edifício e, em alguns casos, condomínio até 30% acima dos demais. Torna-se obrigatório, ainda, um livro com as regras de convivência do prédio, traduzido para inglês e mais duas línguas. As novas regras ainda precisam ser sancionadas pelo presidente e só entram em vigor 60 dias após essa data, mas já provocam reações no setor.

Enquanto associações de inquilinos e de combate à gentrificação festejam, entidades ligadas ao turismo protestam a decisão dos deputados.
"O Airbnb ajuda a diversificar o turismo em Portugal ao democratizar os benefícios do setor para além dos hotéis, envolvendo as famílias e comunidades locais", afirma a empresa em nota.
"As novas regras propostas são um passo na direção errada e irão prejudicar famílias e aumentar custos, burocracia e exigências para todos. Queremos tornar mais fácil que as famílias sigam as regras e compartilhem seus lares. Continuaremos trabalhando com as autoridades em defesa de regras benéficas para todos."

A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e a Associação do Alojamento Local em Portugal afirmaram que a mudança pode prejudicar o turismo, um importante motor de recuperação econômica no país. Com as novas regras, Portugal é o mais recente destino europeu a impor limites à atuação do Airbnb e plataformas similares. As cidades do velho continente têm tentado estratégias distintas nesse sentido. Em 2016, Berlim aprovou um dos regulamentos mais severos: só se pode alugar um quarto por andar, sob pena de multa de EUR 100 mil (R$ 430 mil). Em Paris, propriedades inteiras em diversas regiões passaram a ter um limite máximo de aluguel nas plataformas online: 120 dias por ano. E, na Holanda, autoridades assinaram acordo com o Airbnb, em dezembro de 2016, que estabelece um teto ainda mais restritivos para os imóveis de Amsterdã: 60 dias por ano.
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