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30/07/2018 às 08h06min - Atualizada em 30/07/2018 às 08h06min

Preso prefeito suspeito elo com facção criminosa

FOLHAPRESS
O prefeito de Japeri, Carlos Moraes Costa, xingou e ameaçou jornalistas na delegacia | Foto: Prefeitura de Japeri/Divulgação
O prefeito de Japeri, Carlos Moraes Costa, foi preso na última sexta-feira (27) por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas, em operação do Ministério Público e da Polícia Civil. O município fica na região metropolitana do Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense. Também são alvos da ação o presidente da Câmara Municipal da cidade, Wesley George de Oliveira, que está foragido, e o vereador Claudio José da Silva, também preso. Os três políticos, todos do Partido Progressista (PP), tiveram o exercício de suas funções públicas suspensas pelo Tribunal de Justiça do estado.

Além deles, foi presa Jenifer Aparecida Kaizer de Matos - apontada como elo entre os políticos e os traficantes - e há mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra outros 37 denunciados por integrarem a facção criminosa que controla a venda de drogas em diversas favelas de Japeri, a Amigos dos Amigos. Quatro deles já estavam presos. A reportagem não conseguiu encontrar a defesa do prefeito Carlos Moraes Costa. Segundo a denúncia do Ministério Público, o prefeito e os vereadores faziam parte do núcleo político da organização, que domina o complexo de favelas do Guandu. O órgão diz que eles se aproveitavam do peso e prestígio de seus cargos para atuar em favor dos interesses criminosos, em especial do líder Breno de Souza, o BR, preso no último dia 20 depois de ter forjado a própria morte.

Além de repassar informações privilegiadas e articular ações integradas que permitissem ao bando praticar atividades ilícitas, os três políticos também são suspeitos de fraudes em licitações e desvios de dinheiro público para ajudar a facção. A denúncia diz que, em troca, eles se beneficiavam politicamente ao construírem um "curral eleitoral". O esquema foi descoberto, ainda segundo o Ministério Público, a partir de telefonemas gravados com autorização da Justiça. Em uma das escutas, Breno de Souza liga para o prefeito e para outras pessoas influentes na cidade para interromper uma operação policial que impediria um baile funk organizado pelos traficantes.

O vereador Claudio José, o Cacau, se prontifica a ajudar a encontrar uma solução, e o prefeito diz que está empenhado em atender a demanda e em passar informações privilegiadas sobre outra operação policial na comunidade. Ele fala ainda que, junto ao presidente da Câmara Wesley George, o Miga, iria "alinhar" com o comando do 24º Batalhão da PM. As investigações foram conduzidas pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense e por dois grupos do Ministério Público do Rio (Grupo de Atribuição Originária em Matéria Criminal e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). A ação contou com apoio da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar.
Segundo o G1, ao chegar à Cidade da Polícia, na zona norte da capital, e ser questionado pela prisão, o prefeito xingou e ameaçou jornalistas: "Vai pra puta que pariu. Vai pra puta que pariu. Depois a gente acerta na Baixada", gritou Moraes em vídeo.

Ainda de acordo com o portal, a polícia encontrou na casa do político uma arma, munição, R$ 34 mil em espécie e US$ 850 (R$ 3.100). Parte do dinheiro estava em duas bolsas azuis com logotipo da Prefeitura de Japeri.
Carlos Moraes Costa tem 73 anos e é advogado. Foi eleito no primeiro turno das eleições de 2016 com apenas 611 votos de diferença para o segundo colocado (1,13 ponto percentual). Ele já havia sido prefeito da cidade duas vezes, de 1993 a 1996 e de 2001 a 2004.
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