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27/07/2018 às 10h10min - Atualizada em 27/07/2018 às 10h10min

Minas Music proporciona encontro de diferentes gerações

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
O cantor Lô Borges faz o encerramento do festival, às 20h30 | Foto: Divulgação
Acontece neste sábado (28) o encerramento da 10ª edição do Festival Minas Music, que pela primeira vez incluiu outros estilos além do pop rock no concurso que consagrou quatro bandas mineiras para participar da grande festa. Com início a partir das 12h no estacionamento do Uberlândia Shopping, com entrada franca, se apresentarão as vencedoras do concurso: Daparte, Duda in the Sky, Sala 14 e Zevinipim, outros sete cantores uberlandenses e para fechar, um ícone da música brasileira: Lô Borges.

A estrutura contará com food trucks e banquinhas de artesanato. DJs animarão a tarde a partir das 14h15. Os shows com as vencedoras começa às 17h15 e cada banda terá cerca de 40 minutos para mostrar por que se destacou entre aproximadamente 50 inscritas. Além de composições autorais, o show deve contar também com músicas que inspiram os jovens artistas mineiros.

Com mais de quatro décadas de carreira Lô Borges, um dos criadores do Clube da Esquina, afirma que sempre recebe com muita satisfação convites para um festival como este, voltado para novos talentos. Ele chega a Uberlândia nesta sexta-feira (27) com expectativa de um belo espetáculo, não só o seu, como também daqueles que estão começando a abrir espaço no meio musical.

“Um dos verbos que resumem muito a minha carreira é circular. Eu sempre trafeguei entre várias frentes, com artistas de diferentes épocas e sou grato cada vez que me chamam para participar de festivais onde estão se apresentando artistas da nova geração. Eles chegam com fôlego, novas propostas de trabalho e eu sou um cara que se alimenta um pouco disso porque estou sempre fazendo música nova, escuto coisas novas e sempre que possível vou a shows também”, disse o músico, em entrevista por telefone ao Diário de Uberlândia na manhã de quarta-feira (25).

Para Lô, ser lembrado nesses festivais é gratificante porque permite uma “troca de figurinhas” entre eles e os outros músicos. E se vale um conselho, o experiente artista comenta que apesar de toda a visibilidade que a internet pode trazer, não é algo que funciona para todos. “Teoricamente a internet abre muitos espaços, tem mais portas para que os novos artistas procurem seu público mas essas portas continuam muito estreitas. O grande desafio é tirar o seu público da frente da tela e levar para os shows e fazer com que comprem seus discos”, afirmou.
 
O show que Lô Borges apresenta no Minas Music é o “Paisagem da Janela: Uma retrospectiva da carreira”. Em formato duo, o músico contará com o competente guitarrista Henrique Matheus ao seu lado. “Ele é incrível. Por mais que sejamos somente dois no palco em alguns momentos a impressão que a audiência tem é de ser uma banda completa”, comenta Lô que nesta turnê celebra um repertório de 45 anos de estrada.

O artista já lançou 15 discos e dois DVDs desde 1972. No início dos anos 70 fundou, ao lado de nomes como Milton Nascimento, Beto Guedes, Toninho Horta e Flávio Venturini o Clube da Esquina, que colocou a música mineira no mapa mundial. Músicas como “Clube da Esquina nº 2”, “O trem azul”, “Paisagem da janela”, “Nuvem cigana”, “Para Lennon e McCartney” e “Um Girassol da cor do seu cabelo, entre outras, têm lugar certo no setlist.
Mas o Clube da Esquina não resume a carreira de Lô Borges, que faz questão de continuar a circular em diferentes vertentes. “Falo por mim, não por todos da minha geração. Tenho uma carreira muito bem organizada e bem gerida. As coisas acontecem porque trabalho o ano todo, estou sempre muito ativo e gravando novos discos que são importantes para gerações futuras. Só neste século são mais de 70 composições gravadas. É isso que mantém a chama acesa. Eu não poderia viver só por conta do que produzi na época do Clube”, afirmou.

Lô conta ainda que essa organização só se efetivou nos últimos 20 anos, quando se associou com pessoas confiáveis e profissionais que fazem com que as coisas aconteçam. “Nos anos 70 o mundo e a classe artística não eram tão profissionais. Eu não tinha uma banda, um produtor, era difícil fazer shows, me sentia como um barco à deriva. Não sabia o que iria acontecer. Felizmente esse cenário mudou”, recorda.

As parcerias são outra característica do artista. Além das música com os companheiros do Clube da Esquina tem músicas com Samuel Rosa, Nando Reis, Arnaldo Antunes e Tom Zé. “Milton é 10 anos mais velho que eu, Samuel Rosa é 15 anos mais novo e uma pessoa como Tom Zé é uma dádiva para a música mundial. São esses diferentes perfis que me agradam, que tornam o trabalho mais rico por terem estéticas diferentes, isso traz longevidade às suas obras”, relatou.
Para Lô, fazer só o que fazia na época do Clube da Esquina seria limitador e isso é algo que ele jamais quis. Em 2003, ele fez uma música e só enxergava uma pessoa para fazer a letra: Tom Zé. “Não o conhecia pessoalmente, consegui o telefone, liguei e ele foi super carinhoso comigo. Alguns dias depois eu estava em Porto Alegre para um show e recebi um fax com a letra de ‘Açúcar sugar’. No cabeçalho veio escrito ‘De Lô Borges e do orgulhoso Tom Zé’, me senti prestigiado, acarinhado por uma figura tão ilustre”, disse Lô.

Para o artista a música toca o coração das pessoas e assim deve ser. “Nossa matéria prima é a emoção e lidar com a sensibilidade das pessoas é o que fazemos de mais importante”, finalizou.

O ARTISTA
Lô Borges nasceu em Belo Horizonte, em 1952. Membro do Clube da Esquina, é compositor de grandes hits gravados por Tom Jobim, Milton Nascimento, Elis Regina, Nana Caymmi, entre outros. Em 1972, aos 19 anos foi convidado por Milton para gravar “Clube da Esquina”, dividindo as composições do álbum. Tem 16 discos lançados e passagens de sucesso por Estados Unidos e Japão.

SERVIÇO
O QUE: Festival Minas Music 2018
QUANDO: amanhã (28), das 12h às 22h
ONDE: Estacionamento do Uberlândia Shopping – o espaço contará com food trucks e banquinhas de artesanato
SHOWS: 17h15 – Abertura com DJ Ávner (14h30) e Born to be Uai (16h). Em seguida shows de Duda In The Sky (17h15), Zé Vinipim (18h), Sala 14 (18h45) e Daparte (19h30) e ainda os uberlandenses Arthur Xará, André Lopez, Juliana Gomes, Laura Rogalli, Edson Denizard, Élcio Andriani e Renes Valentini. Encerramento com show de Lô Borges, programado para às 20h15.
ENTRADA FRANCA
CLASSIFICAÇÃO: livre
INFORMAÇÕES: festivalminasmusic.com.br
 
BANDAS SELECIONADAS

DUDA IN THE SKY (Uberlândia)
Escolhida pelo voto popular, a uberlandense Duda In The Sky recebeu mais de 1,3 mil votos. A única representante solo e feminina do festival tem 18 anos, e se apresentará pela primeira vez em um grande show. Ela decidiu participar do Festival por influência dos amigos. O vídeo que rendeu sua participação foi gravado no próprio quarto, com um telefone celular.

DAPARTE (Nova Lima)
A banda Daparte é formada por Juliano Alvarenga e João Ferreira (guitarras e voz), Túlio Cebola (baixo e voz), Bê Cipriano (teclado e voz) e Daniel Crase (Bateria). O grupo, formado em 2015, já participou de grandes eventos na capital mineira, como o Festival de Inverno. Para a banda, o festival é uma oportunidade de expandir seu som para além do território de BH.

ZEVINIPIM (Belo Horizonte)
A banda Zevinipim foi formada em2014. Atualmente conta com os membros fundadores Zé Mauro e Vinícius e bateristas convidados, algo que surgiu depois da saída do baterista Felipe Bastos. Os meninos apostam no groove e o fato de não ter um baterista fixo abre os horizontes para novos experimentos.

SALA 14 (Uberaba)
A Sala 14 (ex Stand-UP) traz no nome o número da sala em que se conheceram em uma escola. Em sua cidade natal já é bem conhecida no circuito de bares e festas desde 2010. A banda de pop rock é formada por Isadora Lyrio (voz), Matheus Vaz (baixo), PV (guitarra), Rafael Castro (teclado), Bernardo Araújo (bateria) e mostrará sons autorais no festival.
 
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